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Relatório do IPCC reforça a influência humana nas mudanças climáticas

 

Relatório do IPCC reforça a influência humana nas mudanças climáticas, artigo André Frota

As proposições apresentadas pelo relatório deixam claro a contribuição humana para o aquecimento da atmosfera, a escala sem precedentes dessa alteração, e os efeitos já observados do aquecimento

A primeira parte do documento de maior repercussão científica para estabelecer os parâmetros das negociações internacionais sobre o clima global foi divulgado no dia 07 de agosto de 2021. “The physical science basis”, relatório que compõe o grupo de três documentos que formam o “Assessment Report” de número seis (AR-6), atualiza o estado da arte a respeito da condição atual, dos impactos e dos riscos futuros, associados ao aquecimento da atmosfera.

O AR-6 é um dos produtos elaborados pelo Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC). O IPCC é dividido em três grupos de trabalho: o primeiro, atua com a elaboração do relatório sobre a base física do clima, citado acima; o segundo, com os impactos, a adaptação e a vulnerabilidade dos ecossistemas; e o terceiro com as medidas necessárias a mitigação das mudanças. Cada um dos grupos de trabalho produz uma parte do AR-6, que reunirá todos os relatórios em uma versão combinada em setembro de 2022.

A primeira constatação a respeito do estudo é a composição multicontinental e multidisciplinar dos autores. São centenas de pesquisadores das principais universidades e centros de pesquisa espalhados pelo mundo. Esse esforço global e combinado de produção científica, resultará nos documentos citados, iniciando pelo recém-publicado relatório da base física do clima. O texto pode ser resumido pela elaboração de quatro cenários futuros para o aumento da temperatura média da atmosfera: 1.5ºC, 2ºC, 3ºC e 4ºC, a depender das medidas que forem tomadas, e três proposições já existentes.

A primeira das três proposições reforça a influência do ser humano diretamente nas ações que resultaram no aquecimento da Terra, dos oceanos e continentes, constatadas pelas mudanças rápidas e generalizadas na atmosfera, oceanos, criosfera e biosfera. A segunda mostra que “a escala das mudanças recentes ao longo de todo sistema climático e o estado atual do sistema climático em muitos aspectos são sem precedentes em relação aos últimos séculos e milhares de anos”. E por último “mudanças climáticas induzidas pela atividade humana já estão afetando muitos eventos climáticos e atmosféricos extremos em cada região ao longo do globo, como ondas de calor, precipitações intensas, secas, ciclones tropicais com evidências desde o último relatório AR-5.

Juntas, as proposições apresentadas pelo relatório deixam claro a contribuição humana para o aquecimento da atmosfera, a escala sem precedentes dessa alteração, e os efeitos já observados do aquecimento. São três afirmações que possuem o lastro dessa rede global de pesquisa, formada por centenas de centros e universidades espalhadas pelo mundo.

O tamanho desse esforço científico e as constatações aqui resumidas, divulgam o estado da arte sobre o assunto, bem como a força dos argumentos científicos em relação ao aquecimento da atmosfera. Os cenários mais brandos de aquecimento, dependem das emissões de carbono serem zeradas até a metade do século. Resta a nós, enquanto cidadãos, e, especialmente, a classe política compreender esses argumentos e agir em resposta a e eles.

(*) André Frota é professor de Relações internacionais e Geociências do Centro Universitário Internacional – Uninter.

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in EcoDebate, ISSN 2446-9394

 

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