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Notícia

Movimentos sociais criticam álcool

O argumento central do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de que o ataque aos biocombustíveis é uma espécie de complô do mundo rico, acabou sendo enfraquecido ontem mais ou menos no momento em que ele deixava a reunião da Unctad, em Acra (Gana), para retornar ao Brasil. A reportagem é de Fábio Zanini e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 22-04-2008.

Num breve trecho de um documento de 11 páginas, o Fórum para a Sociedade Civil da Unctad, dominado por entidades de países do Terceiro Mundo, aponta o cultivo de biocombustíveis no lugar de alimentos como uma das causas principais da recente inflação alimentar.

“A crise alimentar é principalmente causada por um descompasso entre oferta e demanda. Outra razão é a mudança da produção de comida para biocombustíveis, uma tendência que deveria ser revista e revertida”, diz o texto.

O fórum reúne movimentos sociais, grupos de mulheres, sindicatos e igrejas, por exemplo, e se reúne de maneira paralela nos encontros da Unctad.

Além disso, o organismo internacional que historicamente melhor simboliza o Terceiro Mundo, o G-77, soltou declaração anteontem um pouco mais amena, mas que também expressa preocupação.

“Com relação à energia, nós reconhecemos a necessidade de lidar com o tema das fontes renováveis de energia, incluindo biocombustíveis. Atenção especial deve ser prestada à manutenção de segurança alimentar enquanto se produzem biocombustíveis.”

Já o primeiro esboço da declaração final da Unctad, que deverá ser divulgada somente no próximo final de semana, também pede cautela.

Análise

“Os países devem trocar experiências e análise, de modo a melhor explorar o uso sustentável de biocombustíveis para que promovam desenvolvimento social, tecnológico, agrícola e de comércio, tendo a consciência de que se deve assegurar o equilíbrio adequado entre segurança alimentar e preocupações energéticas”, diz o texto redigido pelos países presentes por acordo.

Hoje de manhã, os biocombustíveis serão o principal tema da conferência da Unctad. Uma mesa-redonda discutirá “oportunidades e riscos para pequenos produtores em países em desenvolvimento”.

A polêmica ganhou intensidade quando o suíço Jean Ziegler, relator especial da ONU para o Direito à Alimentação, qualificou a produção de biocombustíveis como um crime contra a humanidade. O FMI e o Banco Mundial também se fizeram críticas aos biocombustíveis.

(www.ecodebate.com.br) matéria da Folha de S.Paulo, publicada pelo IHU On-line, 22/04/2008 [IHU On-line é publicado pelo Instituto Humanitas Unisinos – IHU, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos, em São Leopoldo, RS.]