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Transposição do Rio São Francisco exige modificações que podem tornar preço da água um dos mais altos do País

 

Transposição do Rio São Francisco esbarra em preço da tarifa de água

Com dificuldades para completar as obras da transposição do Rio São Francisco, cujo custo já explodiu, o governo analisa como cobrar do consumidor do semiárido nordestino o alto preço da água. Para vencer o relevo da região, as águas desviadas do rio terão de ser bombeadas até uma altura de 300 metros. O trabalho consumirá muita energia elétrica e esse custo será repassado, pelo menos em parte, à tarifa de água, que ficará entre as mais caras do País. Reportagem de Marta Salomon, de O Estado de S. Paulo.

Estimativas preliminares apontaram custo de R$ 0,13 por metro cúbico de água (mil litros) apenas para o bombeamento no eixo este, entre a tomada da água do São Francisco, no município de Floresta (PE), até a divisa com o a Paraíba. Nesse percurso, haverá cinco estações de bombeamento, para elevar as águas até uma altura maior do que o Empire State, em Nova York, ou do tamanho da Torre Eiffel, em Paris, ou ainda 96 metros menor do que o Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro. O maior arranha-céu de São Paulo nem chega perto.

A estimativa de custo do bombeamento da água no eixo leste foi feita pelo Ministério da Integração Nacional e projetava o início do funcionamento dessa parte da transposição ainda em 2010. Como a obra só deve começar a operar completamente em dezembro de 2015, conforme a última previsão do ministério, o custo deverá aumentar.

Sem revisão, o valor já representa mais de seis vezes o custo médio da água no País. Novo estudo sobre o custo foi encomendado à Fundação Getúlio Vargas.

Imbróglio. Trata-se de uma equação não resolvida. O governo federal se comprometeu a bancar o custo total da obra, estimado inicialmente em R$ 5 bilhões e que deverá alcançar R$ 6,9 bilhões, mas não definiu como financiar a operação do projeto, com a manutenção dos canais e o consumo de energia para o bombeamento.

O custo da construção já inclui a estimativa de gasto de mais R$ 1,2 bilhão para concluir um saldo de obras entregues a consórcios privados que não conseguirão entregar o trabalho, como revelou o Estado.

O Ministério da Integração Nacional, responsável pela obra, não se manifesta, por ora, sobre a concessão de subsídio à água a ser desviada do Rio São Francisco para abastecimento humano e também para projetos de irrigação e industriais, segundo informa o último Relato de situação do projeto da transposição.

EcoDebate, 30/12/2011

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2 thoughts on “Transposição do Rio São Francisco exige modificações que podem tornar preço da água um dos mais altos do País

  • Com certeza esse custo da elevação ainda será bem menor do que se fosse como agora distribuido em caminhões pipa.

    Essa distribuição da água também abrangerá muitas cidades que sofrem demais com a seca.

    Ah! Belo Monte poderá fornecer a energia elétrica para essas bombas. Não será necessário construirem termelétricas no nordeste.

  • Paulo Afonso da Mata Machado

    Rabugento, também sou entusiasta da transposição de águas do Rio São Francisco. Sem água suficiente, será impraticável o Nordeste acompanhar o progresso do restante do país.
    No entanto, o custo final da água será muito mais barato se uma única empresa fizer todo o trabalho de captação, bombeamento e venda da água ao consumidor final. O repasse aos estados para que estes façam a transferência ao consumidor final vai encarecer muito o custo da água.
    A propósito, doei ao Ministério vários exemplares de meu livro “A outra face da moeda – verdades e mitos da transposição de águas do Rio São Francisco para os estados de Pernambuco, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte. Nesse livro, faço sugestões para baratear o custo do projeto e torná-lo mais eficiente.
    Como vai haver nova licitação brevemente, ainda há tempo para se aprimorar o projeto.

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