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Artigo

As Boas Maneiras da Suzano no Maranhão, artigo de Mayron Régis

 

[EcoDebate] Por mais que a Suzano pose de boa samaritana ou de menina pura e inocente na vista do Conselho de Ética do Fórum da Amazônia Sustentável, caso as comunidades extrativistas do Baixo Parnaiba baixem a guarda, a empresa, através de suas terceirizadas, como a JS, a ACM e a KLN, passa o rodo pelas áreas de extrativismo sem nenhuma pena e sem nenhuma licença ou com licença de outra área que não tem nada a ver com a área que está desmatando. Para as comunidades extrativistas e quilombolas de que vale um projeto de inclusão digital ou uma biblioteca quando os tratores da Suzano dilaceram os bacurizeiros e os eucaliptos batem em suas portas?

O projeto da Suzano para o Baixo Parnaiba maranhense e para o restante do Maranhão se consolida e congratula-se com a morte de um modo vida que a empresa se recusa a levar em consideração como um ator social e político. As licenças ambientais da Suzano no Baixo Parnaiba maranhense são todas irregulares. Nenhuma escapa. Como é possível que nenhuma escape?

Entre tantos casos, o caso da comunidade do Enxu poderia ser mais um. A área de Chapada da comunidade ponteia mais de quinze mil hectares e pelo que se sabe a empresa comprou duas posses de terra nessa Chapada. É importante relembrar que a empresa garantiu que não compra posse de terra. Posse não é igual a propriedade com documentação. Mesmo assim, a empresa quer desmatar sem explicar como duas posses se tornaram quinze mil hectares. A Suzano talvez se espelhe no milagre da multiplicação dos pães, mas em vez de pães multiplicar-se-ão os eucaliptos. A empresa diz que investe em programas sociais. Pode ser como também investe em um possível apoio ao atual prefeito para que ele derrube a lei que proíbe o desmatamento no município de São Bernardo.

Antecipando a ação das terceirizadas da Suzano, a comunidade do Enxu lançou um abaixo assinado pedindo o cancelamento de qualquer licença expedida com base nas irregularidades acima apontadas.

Em outra ponta, a Suzano estimula uma comunidade contra outra como acontece com a comunidade do Bebedouro que vendeu parte de sua Chapada para empresa e que agora sem nenhum palmo de terra entra na comunidade do Bracinho, município de Urbano Santos. Uma terceirizada tentou desmatar a área de Bracinho, só que a comunidade impediu. No auge do embate seguranças atiraram como forma de intimidar os moradores. E o senhor Demerval pretendia atropelar todos a sua frente. Se fosse pelo seu irmão Lourival o carro da Suzano atropelaria mesmo todo mundo.

Tão naturalmente como espalha seus plantios de eucalipto, a Suzano espalha seus formulários na comunidade de Cajueiro, município de São Luis, com a intenção de apagar da memória coletiva da comunidade a vida em torno da pesca. Os pesquisadores pesquisavam sobre os pescadores, sobre o que pescavam e como viviam da pesca, só que sem se apresentar como contratados pela Suzano. A face de pesquisadores disfarça a face de funcionários da empresa e assim os resultados obtidos pela pesquisa em vez de auxiliarem a luta da comunidade pelo seu modo de vida e pela criação da reserva extrativista do Tauá- mirim a desmotivaria e dessa forma a Suzano construiria sem maiores problemas o seu porto.

Artigo originalmente publicado no blogue Territórios Livres do Baixo Parnaíba

Mayron Régis, articulista do EcoDebate, é Jornalista e Assessor do Fórum Carajás e atua no Programa Territórios Livres do Baixo Parnaíba (Fórum Carajás, SMDH, CCN e FDBPM).

* Artigo enviado pelo Autor ao EcoDebate, 27/10/2011

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Alexa

One thought on “As Boas Maneiras da Suzano no Maranhão, artigo de Mayron Régis

  • Aqui na Bahia não é diferente. Aqui em Cumuruxatiba, o plantio do eucalipto é feito na beira da estrada de terra e dia desses ficamos 2 dias sem ônibus e sem poder sair ou entrar de uma cidade turística porque os caminhões estavam retirando as toras e tinham interditado a estrada. Nada foi feito, aguardamos a boa vontade dos moços.
    Em menor proporção, a influência da Suzano também impera aqui.
    Quanto a questão da terra aqui eu não sei informar, mas não duvidaria de situações semelhantes.
    ótimo artigo!

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