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Artigo

Santa Quitéria, Baixo Parnaíba Maranhense e as reservas ilegais da Suzano Papel e Celulose, artigo de Mayron Régis

monocultura de eucalipto

[EcoDebate] As fazendas Barra da Onça e Filadélfia são propriedades da empresa Suzano Papel e Celulose, no município de Santa Quitéria, Baixo Parnaíba maranhense. No primeiro semestre de 2009 a empresa desmatou partes das duas fazendas para o plantio de eucalipto. Entre um e outro plantio, lê-se reserva legal. Estas áreas em boa parte correspondem a uma vegetação rala do Cerrado. As partes mais significativas do Cerrado dessas duas fazendas foram postas a baixo pelos tratores da empresa e pelo uso de correntões. Provavelmente, o desmatamento de vegetação nativa possibilitou a existência de mais de cinco mil hectares de plantios de eucalipto. E a empresa pretendia aumentar mais o desmatamento com as áreas do Pólo Coceira – comunidades da Coceira, Baixão da Coceira I, Lagoa das Caraíbas e São José.

O Pólo Coceira, atualmente, representa a área de mais e maiores conflitos sócio-ambientais no Baixo Parnaíba maranhense. Uma equipe da Suzano Papel e Celulose visita com freqüência as lideranças das quatro comunidades. Essas repentinas devoção e dedicação para com as comunidades se devem ao fato que elas obstruíram os tratores da empresa por duas vezes. Na primeira, funcionários da empresa foram saber qual era motivo da ação das comunidades e prometeram mundos e fundos. Na segunda, os moradores iam queimar os tratores. Depois da última tentativa frustrada, a empresa os aborda em suas residências como se a porta estivesse aberta para qualquer um. De fato e de direita, a empresa presume que basta a presença dos seus funcionários e os moradores se sujeitam à prepotência deles.

O tamanho do Pólo Coceira delimita quase sete mil hectares de Chapada e Baixão. Para a Suzano Papel e Celulose, o fato de 300 famílias de agroextrativistas negarem passagem para os tratores dissiparem as centenas de bacurizeiros e outras espécies requer uma explicação.

O que essa gente quer? Esta pergunta apoquenta os funcionários da Suzano. Um destes funcionários embolorou uma conversa com o Sebastião do povoado Coceira. Ele estava na companhia do Lourival que libera um e outro morador para cortar bacurizeiros. A empresa recorre a essa prática seja em Santa Quitéria, Anapurus ou Urbano Santos, municípios do Baixo Parnaíba maranhense. Os moradores de outras localidades eliminam os bacurizeiros da Chapada, próxima ao Pólo Coceira, vendem para serrarias e a Suzano lucra em termos abstratos porque espalha a cizânia entre as comunidades. Na conversa, o funcionário da Suzano acercou o Sebastião por duas horas com sugestas do tipo “Digam o que querem. Querem educação, saúde ou produção?”. “O gestor municipal responde por essas áreas e não vocês.” – respondeu Sebastião.

Como sempre, a Suzano ensaboa as comunidades do Baixo Parnaíba às vezes com afago e outras vezes com reprimendas para que a própria deslize fácil por sobre as áreas de extrativismo e de roça em Santa Quitéria, Anapurus e Urbano Santos. Prorrompe um fundo material nesses certames que as comunidades tradicionais do Baixo Parnaíba e a Suzano Papel e Celulose acionam constantemente: os quase sete mil hectares de Chapada e de Baixão do Pólo Coceira. Nem para a Suzano e nem para o trem as comunidades do Pólo abeiram porque outras comunidades que abeiraram os eucaliptos batem à porta como no Mundé, Taboca, Baixão da Coceira II e Manoel Quente.

Mayron Régis, articulista do EcoDebate, é Assessor do Fórum Carajás.

EcoDebate, 11/05/2010

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