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Jeffrey Sachs destaca coincidência entre conflitos e áreas desérticas

Jeffrey Sachs, diretor do Instituto da Terra da Universidade de Columbia (Estados Unidos), proferiu palestra em sessão plenária da Segunda Conferência Internacional sobre Clima, Sustentabilidade e Desenvolvimento em Regiões Semiáridas (Icid+18)

Conselheiro do secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, Sachs mostrou um mapa em que os principais conflitos violentos do mundo coincidem com regiões em áreas secas. Para o economista, líder do grupo que criou os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODMs), também conhecidos como metas do milênio, a política externa norte-americana contribui para agravar as mazelas apresentadas pelo desafios das mudanças climáticas e da pobreza nas áreas secas do planeta.

Sachs criticou o fato de os Estados Unidos atuarem nessas regiões com uma visão militarizada, que contribui para mais conflitos. “Imaginem US$ 100 bilhões investidos ao ano nas terras secas do Afeganistão?”, perguntou, referindo-se ao gasto militar da guerra de combate ao terrorismo desde 2001, para em seguida lembrar que os recursos não são investidos em escavação de poços de água, mas sim em bombardeios.

Propostas

Além das críticas à política externa norte-americana, à participação dos Estados partes nas negociações sobre mudanças climáticas e à propaganda patrocinada pela indústria do petróleo, Sachs lançou quatro propostas a serem integradas à Declaração de Fortaleza II, documento final da Icid+18, que tem como objetivo influir nos debates para a Rio+20, conferência das Nações Unidas sobre desenvolvimento e meio ambiente agendada para 2012, no Rio de Janeiro.

A primeira proposta de Sachs é que a declaração traga um forte chamado, dirigido a chefes de Estado, mostrando que as mudanças climáticas e seus impactos sobre as áreas secas são também uma questão de segurança global. E que a inação nesse campo colocam em risco os ODMs.

Em segundo lugar, Sachs sugeriu que a declaração proponha colocar os conflitos em áreas secas como ponto da agenda do Conselho de Segurança da ONU, pedindo uma reunião especial sobre o tema. “Mesmo que por apenas um dia, isso poderia ajudar a mudar entendimentos e mentes”, afirmou o economista.

Em seguida, Sachs sugeriu que a declaração proponha uma aliança global de países que têm áreas secas. “Precisamos não apenas da voz da ciência, mas também da voz de líderes políticos”, disse Sachs. A ideia é que essa aliança trabalhasse conjuntamente no campo diplomático para a Conferência das Partes (COP-16) da convenção da ONU sobre mudanças climáticas (UNFCCC), no fim deste ano, em Cancún, no México.

Por fim, para Sachs, a declaração deveria já trazer propostas para atuação dessa aliança, como brigar pela definição de regras para financiar a adaptação e mitigação às mudanças climáticas, incluindo a criação de uma taxa de carbono e cobrando investimento pesado em geração de energia solar em áreas desérticas.

Declaração

A Declaração de Fortaleza II está sendo montada por um grupo de trabalho, que vem recolhendo as sugestões dos relatores das mesas-redondas e painéis da Icid+18 desde segunda-feira, dia 16. Esta sexta-feira, dia 20, será integralmente dedicada à conclusão da declaração. Segundo o diretor da Icid+18, Antonio Rocha Magalhães, o documento deverá ser sintético e objetivo. A ideia é que uma minuta seja lida pela manhã e discutida até o final da tarde de sexta-feira.

(O repórter viajou a Fortaleza a convite da organização da Icid+18)

Reportagem de Vinicius Neder, do Jornal da Ciência/SBPC, publicada pelo Texto de Ubirajara Junior, do MMA, publicado pelo EcoDebate, 20/08/2010

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