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Notícia

Ribeirinhos protestam em frente à construção da Usina Hidrelétrica de Estreito

Movimentos Sociais e ribeirinhos exigem a paralisação das obras da usina e das demais ao longo do rio Tocantins, para que seja feito um novo levantamento de impacto ambiental, pois o realizado anteriormente omite que cerca de 21 mil pessoas serão atingidas diretamente pela barragem, além de comunidades quilombolas do Bico do Papagaio.

Cerca de 400 ribeirinhos, agricultores, pescadores, extrativistas, barqueiros, barraqueiros e integrantes da Via Campesina tentaram ocupar o canteiro de obras da Usina Hidrelétrica (UHE) de Estreito nesta terça-feira, 11 de março, às 6 horas. A Polícia Militar do Maranhão, segundo o coordenador estadual do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Cirineu Rocha, esperava pelos manifestantes e, com alguns tiros para o alto, impediu que eles entrassem no canteiro de obra. Os ribeirinhos estão acampados na entrada principal da construção da barragem e, em protesto, não permitem a entrada dos funcionários na obra.

Rocha disse que ainda nesta terça-feira chegarão os indígenas Krahô e Apinajé para reivindicarem junto com os ribeirinhos uma audiência com os órgãos responsáveis do governo federal pela construção da hidrelétrica. O coordenador do MAB informou que a expectativa é que chegue a 1000 manifestantes em frente à barragem de Estreito. “Reivindicamos a criação de um espaço para discutir as nossas propostas em relação à hidrelétrica”, disse.

A construção de barragens no Brasil e no mundo tem causado a destruição de florestas, a morte de animais, o desmatamento de florestas, o fim de muitas espécies de peixes e o fim das vazantes. O impacto vai além do ambiental, como também político, econômico, social e cultural. As hidrelétricas provocam o aumento de preço dos alimentos, desaparecimento das melhores áreas de terra, o deslocamento de milhares de famílias, liberação de gás metano, aumento do aquecimento da terra, destruição de famílias, comunidades e cidades.

Estreito

A UHE de Estreito não é diferente do que tem acontecido em outros processos de construção de usinas, até porque as pessoas que estão à frente deste projeto são as mesmas que já fizeram muita destruição em outros rios, em outros lugares. O presidente do CESTE, consórcio que constrói a hidrelétrica, é a mesma pessoa que comandou o fim de várias comunidades e famílias em Serra da Mesa, e ainda esteve à frente da construção de Cana Brava, onde o destino de centenas de famílias foi construir uma favela na cidade de Minaçu (GO), e passar a depender de cestas básicas do governo federal.

Estreito faz parte das obras “licitadas”, ou melhor, “doadas” às empresas que exploram minérios como: alumínio e ferro. Ou seja, a energia produzida na barragem será utilizada nas plantas de alumínio e nas siderúrgicas, e estas serão exportadas para os países de primeiro mundo. “Essas empresas de vários países estão fazendo com o Brasil o mesmo que os portugueses fizeram, roubando as nossas riquezas para manter o padrão de vida deles. E nós ficamos com os problemas, como: a violência, a prostituição, as DST’s e a fome”.

A mobilização se estenderá pelos próximos dias e mais manifestantes chegarão até que o Ministério de Minas e Energia, a Casa Civil e o Ibama discutam a pauta levantada pelos movimentos. A ocupação conta, ainda, com integrantes da Via Campesina, Comissão Pastoral da Terra (CPT), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).

Informações: Cirineu Rocha (MAB) – (63) 8405-8432/ 9211-4472
Edmundo Rodrigues (CPT) – (63) 9237-9460

Matéria da Comissão Pastoral da Terra – Secretaria Nacional, Assessoria de Comunicação