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Sabesp deveria ter diminuído captação do Sistema Cantareira, diz Ministério Público

 

Sistema Cantareira
Sistema Cantareira: Representação Gráfica dos Reservatórios

 

A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) deveria ter diminuído a vazão captada do Sistema Cantareira, segundo o Ministério Público de São Paulo (MP). O órgão ingressou com uma ação na 3ª Vara da Justiça Federal, em Piracicaba, solicitando que o governo paulista faça um replanejamento do uso do manancial. “A ação [do MP] tem o objetivo de prolongar o volume armazenado no Sistema Cantareira, segundo o planejamento estabelecido conjuntamente com a Agência Nacional de Águas [ANA] e pelo Daee [Departamento de Águas e Energia Elétrica ]”, disse o promotor Ivan Carneiro Castanheiro, um dos responsáveis pela ação.

De acordo com ele, a retirada de água dos reservatórios não levou em consideração a forte estiagem dos últimos meses. “Fizeram um planejamento que a primeira parcela do volume morto teria que durar até dia 30 de novembro. Só que ele foi feito com base em vazão afluente, ou seja, precipitações com base em médias históricas que não se revelaram condizentes com a realidade”, destacou.

Como não houve uma adequação em relação às condições climáticas, o volume de água está, segundo Castanheiro, esgotando-se mais rápido que o previsto. “Isso está levando a um esgotamento rápido do reservatório a ponto de haver a necessidade de exploração de uma segunda parcela do volume morto que, caso venha a ocorrer, poderá comprometer a vazão do PCJ [bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí]”.

deságua. E a região inteira de Campinas para baixo sofre muito com essa pequena vazão que é liberada para a nossa região”, disse ao citar como exemplo a morte de 20 toneladas de peixe por falta de oxigênio na água. “A preocupação do MP é que haja uma gestão com precaução para garantir saúde pública, a vida aquática e o ecossistema aquático, como diz a lei”, acrescentou para justificar o motivo da ação.

Castanheiro enfatizou, no entanto, que o replanejamento do abastecimento deve ser feito pelos órgãos gestores, não imposto pelo MP. “O Ministério Público não está pedindo o racionamento”, ponderou o promotor. “Se vai fazer o rodízio, se vai haver um replanejamento das captações no Cantareira e utilizar mais água do Sistema Billings, do Sistema Guarapiranga e de outros sistemas produtores da região metropolitana de São Paulo para socorrer essa diminuição da captação, é uma decisão que tem que ser tomada pelo órgão gestor”.

A possibilidade de reduzir a captação do Sistema Cantareira está sendo estudada pela Sabesp. De acordo com o superintendente de Produção de Águas da companhia, Marco Antonio Lopez Barros, a diminuição da vazão pode integrar o plano de contingência exigido pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daee) e pela Agência Nacional de Águas (ANA) para que comece a captação da segunda cota do volume morto. A companhia informou que o volume de redução da vazão ainda não foi estipulado.

Segundo medição da ANA, a vazão do Cantareira liberada para a Sabesp é hoje de 16,6 metros cúbicos por segundo. Ontem (7), estava em 17,27 metros cúbicos por segundo. Os volumes registram queda conforme a escassez de água aumenta. O nível total dos reservatórios do Cantareira continua preocupante e chegou hoje (8) a 5,5% da capacidade. Há um ano, o nível era 39,8%.

Esta é a maior crise hídrica da história de São Paulo. De acordo com o governo do estado, a partir do dia 30 deste mês, parte do volume do Sistema Guarapiranga passará a ser usada em complemento ao Cantareira.

Por Daniel Mello, da Agência Brasil.

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Publicado no Portal EcoDebate, 09/10/2014


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One thought on “Sabesp deveria ter diminuído captação do Sistema Cantareira, diz Ministério Público

  • O Ministério Público está certo. É preciso enfatizar a conservação. Espero que depois da eleição se oficialize a existência do racionamento de água que estão tentando negar.

    Multas para os maiores gastadores e aumento da tarifa cobrada pela água (possivelmente compensado por descontos para quem conseguir reduzir o gasto ou gastar apenas na faixa mínima, para não sobrecarregar quem não tem dinheiro para pagar) também seriam boas idéias a se implementar. O consumo de água precisa baixar, e urgentemente, pois não dá para continuar tirando água do chapéu.

    A médio longo prazo, investir em reflorestamento das margens dos rios, riachos, ribeiros e nascentes é o ponto drástico. Água não se aumenta com “obras” água se aumenta com um ecossistema equilibrado.

    Mas é justamente o contrário o que está acontecendo. JOGARAM MATA-MATO AO LADO DA REPRESA PAIVA CASTRO. A pouca vegetação que existe, encurralada entre estrada e condomínios de luxo, está sendo dizimada. Vou tentar no outro fim de semana fotografar e enviar um artigo para vocês (a minha indignação está ultrapassando os problemas de saúde).

    Enquanto brasileiro continuar tratando a vegetação ripária como mato, a água vai faltar, e a tendencia é só piorar.

    Se querem pensar só em dinheiro, pensem que a água é como uma conta bancária. Se tiver vegetação ripária para sustentá-la, ela funciona como dinheiro investido em um investimento de baixo risco extremamente rentável (pois é, essa coisa que financeiramente não existe, mas no ambiente há).

    Sem a vegetação ripária, é como dinheiro na conta corrente, sem investimento nenhum.

    Do jeito que está hoje, é como o limite de cheque especial. O volume morto é o cheque especial, e para repô-lo, vai ser necessário mais água do que saiu (e ah, o dono da conta está demitido, vide desmatamento na Amazônia e consequente destruição dos Rios Voadores).

    O que o governo está querendo fazer, tirar dinheiro do segundo volume morto é o equivalente de pedir dinheiro emprestado a mafiosos.

    Qualquer pessoa sã diria que o necessário é cortar drasticamente os gastos (racionamento de água e medidas acima), e tentar arrumar uma fonte de renda (reflorestar a vegetação ripária, tentar fazer algo contra o desmatamento na Amazônia).

    Por que com água a resposta pronta das pessoas é “investir em mais obras”? Se você estivesse reduzido a pedir dinheiro emprestado a mafiosos, iniciaria uma bruta reforma na sua casa?

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