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Artigo

Espécies nativas e monoculturas nas Chapadas, crônica de Mayron Régis

 

monocultura de eucalipto

 

[Territórios Livres do Baixo Parnaíba] Ele passara muitos dias naquela região. Nem tinha ideia de quantos dias foram em oito anos. Como esses dias se comportavam em sua mente e em seu espirito também não sabia. De tantos dias, o ar empesteado pelas carvoarias se impusera como norma. Contrariar isso de que forma? Quem se interporia entre as áreas de Chapada e os plantios de soja e de eucalipto que as ameaçam?

As Chapadas não se repetem. Um trecho da Chapada destoa completamente de outro. Neste, coleta-se bacuri. Naquele, coleta-se pequi. Sem esquecer a mangaba. Os pequizeiros se concentram em ambientes mais secos. Os bacurizeiros se concentram em ambientes mais úmidos. Com efeito, a relação entre espécies vegetais e o clima nunca foi, devidamente, estudada.

Acusou-se agricultura familiar de impactar o solo, o clima e os recursos hídricos ao queimar ou desmatar pequenas áreas como, geralmente, acontecia no Maranhão décadas passadas. O que dizer, então, dos desmatamentos e plantios de monocultura em larga escala que as empresas praticam nas bacias hidrográficas do rio Munim, Preguiças, Buriti, Magu e Parnaiba?

Quando alguém vê um bacurizeiro com cinquenta anos ou um pequizeiro com duzentos anos nem sonha quanto tempo essas espécies levaram para se adaptar ao clima e ao solo do Cerrado. O eucalipto e a soja se adaptaram em parte ao clima e ao solo do Cerrado por obra e graça da ciência.

Em favor das espécies exóticas, as pesquisas encurtaram os panos do e os planos onde o tempo se inscreve. Ganhou-se em produtividade e perdeu-se em biodiversidade, microclima e recursos hídricos.

* Mayron Régis, Colaborador do EcoDebate, é Jornalista e Assessor do Fórum Carajás e atua no Programa Territórios Livres do Baixo Parnaíba (Fórum Carajás, SMDH, CCN e FDBPM).

** Crônica enviada pelo Autor e originalmente publicado no blogue Territórios Livres do Baixo Parnaíba.

EcoDebate, 04/02/2013


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2 thoughts on “Espécies nativas e monoculturas nas Chapadas, crônica de Mayron Régis

  • luiz eduardo mb cruz

    Parabens pelo recorte do que acontece nas muitas Chapadas que compõe o sertão do país…Aqui no Mato Grosso o Agronegócio impõe uma racionalidade cada vez mais distante de uma mínima chance para a conservação da sociobiodiversidade.

  • não é fácil luiz eduardo e nem será um dia. temos que criar formas de nos contrapormos a essa racionalidade.

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