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Degradação física dos terrenos, artigo de Roberto Naime

 

[EcoDebate] Todos os solos são decomposições intempéricas das rochas subjacentes aos solos. Por intempérie ou intemperismo se entende as alterações físico-químicas produzidas pelas alterações de temperatura e umidade e os processos microbiológicos associados que também dependem dos mesmos fatores.

Se denomina de erosão aos processos a que são submetidos os solos quando estão sujeitos ao desmanche de sua estrutura por ação hídrica e ao carregamento para outros locais topograficamente de cotas inferiores, também por ação de agentes hídricos.

Os solos são denominados “autóctones” quando se encontram no mesmo lugar em que se formaram. Nestes casos muitas vezes são identificáveis as estruturas relictas da rocha anterior que deu origem aos solos. E são denominados “alóctones” quando foram transportados por agentes eólicos ou hídricos em fase posterior a sua formação proveniente da decomposição físico química e microbiológica das rochas.

Os fenômenos erosivos podem ser ditos laminares quando ocorre o arraste de uma camada muito fina e uniforme de solos. Em geral esta forma de erosão acaba sendo a mais danosa, porque seu efeito se dissimula e ela acaba sendo percebida quando já foram descobertas boa parte das raízes dos vegetais.

A erosão em valas e sulcos que forma valas ou sulcos nos terrenos é mais facilmente percebida. Em estágio mais avançados este processo acaba favorecendo o aparecimento de voçorocas, sendo mais comum em terrenos arenosos ou de granulometria das partículas mais grosseira, o que torna os terrenos mais suscetíveis à ocorrência destes fenômenos erosivos.

Qualquer que seja a tipologia erosiva, gera perda de solo pelo arraste hídrico de partículas que compõe os terrenos; assoreamento de nascentes, córregos, lagos ou rios; contaminação de águas superficiais ou subterrâneas por agrotóxicos e fertilizantes químicos que se encontram solubilizados na água ou sofrem arraste mecânico de suas partículas ainda indissolutas e a erosão ainda favorece a instabilização de taludes naturais ou de escavação que existam e que podem sofrer favorecimento da instabilização pela implantação de linhas de fluxo sub-superficiais.

A voçoroca, bossoroca ou ravina é um fenômeno geológico que consiste na formação de grandes crateras a partir de condições propícias ou favoráveis à ocorrência de erosão por arrastamento hídrico de partículas. Esta situação exige a ocorrência de chuvas abundantes e fenômenos intempéricos em geral, em áreas onde a vegetação é escassa e não mais protege os terrenos, que fica suscetível à ocorrência dos arrastamentos hídricos.

A recuperação das bossorocas pode ser realizada com amplo planejamento para drenagem da área, plantação de árvores nas bordas da bossoroca, onde as árvores atuam como guarda-chuvas de proteção e as raízes atuam no sentido de manter a agregação dos terrenos. Também são comuns a construção de terraços e bacias de retenção para ordenamento do fluxo de águas superficiais, evitando a ocorrência de arraste. É comum o uso de paliçadas com bambus ou até mesmo restos de pneus.

As margens de rios são extremamente vulneráveis a ocorrência de fenômenos erosivos que são favorecidos pela ocorrência de grande quantidade de água, velocidade nas aguar e contato com material terroso, seja de granulação arenosa, siltosa ou argilosa.

A erosão em cursos de água produz assoreamento dos canais dos rios e perda de solos para a agricultura. A instalação das matas ciliares foi um processo natural de proteção dos cursos de água e sua manutenção é fundamental para o equilíbrio ambiental. Os rios que ainda tem matas ciliares preservadas são os menos impactados por fenômenos erosivos.

As matas ciliares são também fundamentais para manutenção da biodiversidade e para o equilíbrio dos ecossistemas em geral, contribuindo para a manutenção da umidade nos locais em que se faz necessária para flora e fauna.

Dr. Roberto Naime, colunista do EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.

EcoDebate, 26/10/2011

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