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Alto consumo de carne na Alemanha estaria incentivando o desmatamento da Amazônia e do cerrado, diz WWF

 

Alemanha importa soja para garantir abastecimento de carne. Alemães consomem 60 kg de carne por ano. Foto: DW
Alemanha importa soja para garantir abastecimento de carne. Alemães consomem 60 kg de carne por ano. Foto: DW

Segundo um estudo da ONG, grande parte da soja usada na alimentação dos animais criados para abate na Alemanha vem do Brasil, o que estaria incentivando o desmatamento da Amazônia e do cerrado.

A fome dos alemães por carne tem contribuído para o desmatamento da floresta Amazônica e do cerrado brasileiro. A conclusão faz parte do estudo intitulado “Carne devora terra”, divulgado pela seção alemã da ONG WWF nesta quinta-feira (13/10) em Berlim.

Para atender à demanda anual de 60 quilos de carne per capita na Alemanha, é preciso plantar 1,6 milhão de hectares de soja – pouco mais de duas vezes e meia o tamanho do Distrito Federal.

A soja é um dos principais componentes na alimentação de porcos, frangos e bois criados na Alemanha para abate. E o país não dispõe de espaço – uma área equivalente ao tamanho da Áustria, segundo o levantamento – para produzir todo o grão consumido por estes animais. Por isso, o país importa 6,4 milhões de toneladas de derivados de soja.

O estudo adverte que o alto consumo de carne no país – conhecido pela enorme variedade de salsichas e pratos à base de carne suína – vem ameaçando os ecossistemas na América do Sul, especialmente no Brasil. Os alemães consomem quase o dobro da quantidade de carne recomendada pela Sociedade Alemã de Nutrição (DGE, sigla em alemão).

“Mais de três quartos da soja importada pela Alemanha vêm da América do Sul, onde a produção ameaça regiões ecológicas únicas, como o cerrado, com sua enorme variedade de espécies”, afirma Tanja Dräger de Teran, da WWF alemã.

Soja sul-americana

O estudo revela ainda que entre 2008 e 2010 a União Europeia importou 35 milhões de toneladas de soja ou seus derivados – sendo 88% da importação líquida vindos da América do Sul, principalmente da Argentina e do Brasil. Para atender a esta demanda, segundo cálculos da ONG, foi necessário o plantio de soja em 13 milhões de hectares de solo sul-americano – sendo 6,4 milhões de hectares apenas em terras brasileiras.

Uma parte considerável da área cultivada com soja no Brasil e na Argentina é destinada à demanda europeia. Segundo o levantamento da WWF, entre 2008 e 2010, cerca de 30% dos 22 milhões de hectares de terras brasileiras cultivadas com o grão atenderam aos europeus.

“Dos mais de 6 milhões de toneladas de soja que a Alemanha importa ao ano, 79% são usados na alimentação de animais”, ressalta Dräger de Teran.

Demanda crescente

Em todo o mundo, com exceção da África, vem aumentando a demanda por carne. Em quase 50 anos, a produção mundial quadruplicou: saltou de 70 milhões para 300 milhões de toneladas entre 1961 para 2009. Dräger de Teran destaca que, embora a carne não chegue a representar um quinto dos alimentos consumidos no mundo, a pecuária é hoje o maior ocupante de terras.

“O aumento da fome por carne no mundo tem um gosto amargo. Ele aumenta o aquecimento global e contribui para a extinção das espécies”, alerta Dräger de Teran. Ela responsabiliza a pecuária pela emissão de até 18% de gases do efeito estufa.

Para reduzir os efeitos ecológicos negativos, a WWF sugere reduzir o consumo de carne e apela por uma maior preocupação com as condições de sua produção. Ela recomenda, por exemplo, optar por carnes com selo de orgânico e de animais criados soltos.

Para ampliar as discussões sobre o consumo de carne na Alemanha, a WWF iniciou na internet a campanha “A questão da carne”. Usuários da rede são convidados a debater o assunto no Facebook e no Twitter, além de poderem participar de chats com especialistas.

Autora: Mariana Santos
Revisão: Roselaine Wandscheer

Reportagem da Agência Deutsche Welle, DW, publicada pelo EcoDebate, 24/10/2011

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