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Artigo

Famélicos da Terra, artigo de José Eustáquio Diniz Alves

mapa da fome

De pé ó vítimas da fome; De pé famélicos da terra” Hino da Internacional Socialista

[EcoDebate] O número de pessoas passando fome no mundo teve a primeira queda em 15 anos, de 1,023 bilhão, em 2009, para 925 milhões, em 2010, segundo relatório divulgado pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). A redução absoluta foi de 98 milhões de pessoas, representando 9,6%, em termos relativos.

As regiões com o maior número de pessoas desnutridas são a Ásia e o Pacífico, com 578 milhões, mas também foi a região que apresentou a maior queda da desnutrição, em 2010, de cerca de 80 milhões de indivíduos. Na América Latina e o Caribe, a FAO estima o número de subnutridos em 53 milhões. A África Subsaariana foi a região com a maior prevalência de desnutrição, registrando 30%, cerca de 250 milhões de pessoas e apresentou um declínio, em 2010, de somente 12 milhões.

[Leia na íntegra]O mundo tinha 6.829.360.000 (seis bilhões e oitocentos e vinte e nove milhões e trezentos e sessenta mil) habitantes, em 2009, e 6.908.688.000 (seis bilhões e novecentos e oito milhões e seiscentos e oitenta e oito mil) habitantes, em 2010, segundo a divisão de população da ONU. Desta forma o percentual de subnutridos era de 15%, em 2009, e caiu para 13,4%, em 2010.

As metas dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODMs), estabelecidas pela ONU, no ano 2000, previram que a proporção de pessoas subnutridas caísse dos 20% do período 1990-1992 para 10% em 2015. Esta meta pode ser alcançada se os países em desenvolvimento apresentarem um crescimento do PIB entre 4 e 5% no próximo qüinqüênio e se houver políticas de redução das desigualdades, pois o acesso a alimentos depende, em geral, mais da disponibilidade de renda do que da oferta de produtos.

Mesmo reduzindo o percentual da insegurança familiar pela metade, 10% de pouco mais de 7 bilhões de habitantes significaria mais de 700 milhões de pessoas subnutridas em 2015. O número de pessoas que passam fome é muito alto e geralmente está correlacionado com outras carências, como a falta de saneamento básico, educação, etc. O mais incrível é que a fome coexiste paralelamente ao aumento da obesidade. Mas o lado positivo é que a quantidade de pessoas passando fome no mundo estaria diminuindo nos próximos anos.

A Organização das Nações Unidas (ONU) realizará a Cúpula de Avaliação dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), entre os dias 20 e 22 de setembro de 2010, em Nova York. O desafio para os próximos anos é garantir a redução dos preços dos alimentos no mundo, gerar empregos decentes, proteção social para a população necessitada e avançar no processo de redução da pobreza e das desigualdades.

Combater a fome e a insegurança alimentar é um desafio inadiável. É preciso romper com a armadilha da pobreza, possibilitando que as famílias cuidem melhor dos seus filhos desejados e reduzam os casos de gravidez indesejada. Porém, o que possibilita o acesso aos meios de subsistência é o combate à especulação feita pelos apoveitadores do mercado e, ao mesmo tempo, a criação de estoques reguladores por parte do setor público. O fato é que o percentual de pessoas com fome pode continuar se reduzindo nos próximos anos se as políticas adequadas forem adotadas.

Todavia, é inadiável a necessidade de cuidar do meio ambiente, pois, se o grau de degradação do Planeta continuar, o impacto negativo sobre a produção de alimentos e as condições de moradia da população será enorme. Se o grau de depauperização da Terra continuar aumentando, a meta de se reduzir a fome e o percentual de pessoas subnutridas dificilmente será alcançada.

José Eustáquio Diniz Alves, colunista do Portal EcoDebate,é Doutor em demografia e professor titular do mestrado em Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; expressa seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves{at}yahoo.com.br

EcoDebate, 21/09/2010

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