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R$ 8 bilhões no lixo, artigo de Montserrat Martins

R$ 8 bilhões no lixo

[EcoDebate] Cálculos do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), publicados no seu relatório de maio, mostram que produtos jogados no lixo em todo o país, sem serem reaproveitados, representam um desperdício de 8 bilhões de reais por ano – em comparação com a hipótese de sua reciclagem. A jornalista Priscila de Martini chamou a atenção para este fato, ressaltando que “sabe aquele argumento de que preservar o ambiente prejudica a economia ? A cada dia, aparecem mais dados que indicam o contrário”.


A nova “revolução industrial” que o século XXI está pedindo e começando a promover (ainda que um pouco lenta e timidamente, para o ritmo das necessidades da sociedade e do planeta), é justamente a da industrialização que aproveite esses materiais que a sociedade ainda vê simplesmente como um problema, o “lixo”, mas que na verdade também é uma oportunidade de negócios. Como dizem os especialistas em economia sustentável, “lixo não é lixo, é matéria prima reaproveitável”. Os exemplos práticos são muitos e as possibilidades, quase inesgotáveis. Praticamente todas formas de materiais podem ser transformados em novos produtos, sem que isso represente uma qualidade inferior. Numa Feira de Tecnologia, tive oportunidade de ver móveis que chamam a atenção pela beleza e que, vim a saber depois, eram feitos de madeiras reaproveitadas. O lixo orgânico e até mesmo o esgoto são potencialmente adubo para fertilizar terras, mesmo as do deserto como ocorre em Dubai, nos Emirados Árabes, onde se vê canteiros públicos de plantas “regadas” por esta canalização.

Outra matéria jornalística sobre economia sustentável, redigida por Luana Fuentefria, calcula em 2,6 milhões o montante de empregos formais (número significativo para esse segmento) que podem ser chamados de “empregos verdes”, quer dizer, comprometidos com o uso sustentável e o reaproveitamento de materiais. Os problemas ainda são muitos, é claro, inclusive o da mão de obra com formação qualificada para estas novas atividades. Aiinda desprezamos o que é “usado” e não vemos valor no “lixo”.

É uma questão cultural, antes de econômica. Mas há claros indícios de mudança também nos nossos valores, como as empresas que publicam suas revistas em papel “reciclato” – que na verdade vem a ser estratégia de marketing, pois esse tipo não se trata de um papel verdadeiramente reciclado, apenas não clorado. Lembro de ter ficado indignado quando soube desse embuste – aparentar uma falsa reciclagem – mas depois me dei conta do outro lado da mesma questão, a da mudança de padrões estéticos, quando o que parece reciclado já se torna mais bonito aos nossos olhos.

Montserrat Martins, Psiquiatra, é articulista do EcoDebate.

EcoDebate, 08/06/2010

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