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Artigo

Excesso populacional, artigo de Maurício Gomide Martins

[EcoDebate] Os navios pesqueiros têm que aumentar sua capacidade de captura de espécies marítimas, dizimando-as, para suprir os mercados de alimentos e nutrir (produzindo lixo) o excesso populacional.

A indústria do vestuário tem que fabricar quantidades imensas de roupas, bolsas, sapatos (que se transformam em lixo) para atender ao consumo do eexcesso populacional.

As lojas têm que ampliar seus espaços para comportar os estoques de mercadorias (futuro lixo) para atender às ânsias de consumo do excesso populacional.

Os prefeitos têm de aprovar loteamentos residenciais para que suas cidades tenham condições de crescer (e produzir mais lixo), acolhendo novas moradias – que consomem mais materiais de construção –, para abrigar o excesso populacional.


Os veículos de carga têm que ser aumentados para distribuir a tempo os produtos básicos e os de sedução (lixo futuro) a cada vez mais gente consumista, para atender ao excesso populacional.

As matas e animais selvagens devem ser destruídos para que haja mais espaço físico (espaço estéril) para abrigar o excesso populacional.

As indústrias com processo de interferência química devem aumentar a produção de bens (que se transformam em lixo) para satisfazer às crescentes exigências das futilidades, oriundas do excesso populacional.

A produção geral de barulho, proveniente da produção maior de aparelhos sonoros potentes (lixo material e ambiental) são requeridos para atender às necessidades de consumo fabricadas pelo mercado, por conseqüência do excesso populacional.

Novas pesquisas em todas as áreas são necessárias para a produção de artigos supérfluos (lixo adicional), por imposição do sistema capitalista em cultivar o modismo, fator importante para o consumo do excesso populacional.

Interferência médica na morfologia estética dos humanos, por necessidade de rebeldia à Natureza (produzindo lixo mental), estimulada pela cumplicidade da mídia e favorecida pelo aumento do excesso populacional.

Destruição contínua e crescente do hábitat dos nossos irmãos da fauna e flora para construção do hábitat virtual humano, completamente estéril e vazio de alma (sendo lixo, portanto) para atender a construções faraônicas que acalentam caprichos irracionais de poderosos provindos do excesso populacional.

Necessário abrir novas chagas no corpo planetário a fim de buscar seu sangue negro que, virado combustível, transporta para longe e para perto, artigos e pessoas cada vez mais adiposas e materialistas (que são ou serão lixo), para atender aos confortos do excesso populacional.

Aprofundamento das conquistas tecnológicas com invasão da privacidade da Natureza em atividades nucleares e petrolíferas, com o conseqüente aumento de riscos trágicos de infestação eterna (lixo permanente) das condições ambientais, para satisfazer a ânsia de poder e riqueza do excesso populacional.

Áreas enormes devem ser sufocadas para a morte por receberem diariamente os lixões das cidades, cada vez maiores, que abrigam o incontido excesso populacional.

Lixos especiais, provenientes da ânsia de produção de mais energias petrolífera e nuclear que, por acidentes crescentes e irreparáveis, vêm envenenando oceanos, terras e atmosfera, são conseqüência das necessidades de conforto do excesso populacional.

Pelo crescimento contínuo da população, sem qualquer restrição, devemos acolher na sociedade cada vez mais pessoas violentas, desequilibradas e débeis mentais, provenientes do excesso populacional.

Esquecemo-nos de que tudo no mundo tem sua capacidade de suporte – até o próprio mundo – menos a infinita irracionalidade do excesso populacional.

Temos que conquistar a Lua, Marte e Venus para extrairmos dali seus recursos naturais, necessários à adoração incondicional do deus Lucro, advindo do consumo inconsciente de bens desnecessários (lixo) pelo cada vez maior excesso populacional.

No final, em futuro próximo, teremos no mundo uma só megalópole de pedra e cimento, diversidade imensa de tecnologias, paisagismos de plástico, corpos humanos acéfalos e sem alma. E não restará uma glebinha de terra onde possam ser consumidos pelas bactérias necrófagas os cadáveres remanescentes de uma população que pereceu pelos excessos de seus excessos.

Maurício Gomide Martins, 82 anos, ambientalista e articulista do EcoDebate, residente em Belo Horizonte(MG), depois de aposentado como auditor do Banco do Brasil, já escreveu três livros. Um de crônicas chamado “Crônicas Ezkizitaz”, onde perfila questões diversas sob uma óptica filosófica. O outro, intitulado “Nas Pegadas da Vida”, é um ensaio que constrói uma conjectura sobre a identidade da Vida. E o último, chamado “Agora ou Nunca Mais”, sob o gênero “romance de tese”, onde aborda a questão ambiental sob uma visão extremamente real e indica o único caminho a seguir para a salvação da humanidade.

EcoDebate, 08/06/2010

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7 thoughts on “Excesso populacional, artigo de Maurício Gomide Martins

  • É espantosa o tamanho da ignorancia e alienação deste senhor de 82 anos que,pela grande experiência de vida adquirida, já deveria saber que o grande problema do mundo não é o da superpopulação, mas sim do estilo de vida de uma pequena (mas grande consumidora de recursos naturais) parcela dessa população.

  • Paulo Afonso da Mata Machado

    Meu caro conterrâneo Maurício, que vamos fazer para conter o “escesso populacional”? Vamos matar uma parcela da população? Ou vamos fazer como Indira Gandhi, esterilizar nossos jovens dando-lhes um rádio de pilha como compensação? Não será melhor criarmos mecanismos de reciclagem do lixo?

  • Maurício Gomide Martins

    Quando um humano tem seus 10 anos, pensa que sabe tudo. Aos 16, reformula conceitos, estabelece suas lógicas e percebe que aos 10 não pensava corretamente. Aos 22 anos, já se sente efetivamente maduro, capaz de fazer suas escolhas acertadas e reflete que aos 16 estava muito verde para a vida. Aos 35, sentindo a firmeza de seus critérios, acha que agora sabe tudo, relegando conceitos fora de moda. Aos 50, tem certeza de que sua mente o guia de uma forma segura e que não há nada mais a aprender com a vida. Estabelece o certo e o errado. Aos 65, percebe que ainda tem muito a aprender e lamenta que a vida seja tão curta para alargar conhecimentos. Aos 82, sabe que nada sabe, mas que sua vida só terá alguma validade se transmitir aos mais jovens os aprendizados que adquiriu.

  • A resposta do Sr. Gomide, à crítica –sem fundamento — de Paulo Barni, mais uma vez mostra a elegância e compreensão de um sábio.
    “As vezes eu me pergunto, se a humanidade merece todo o sacríficio que os abnegados suportam” Gomide, de seu livro “Agora ou nunca mais”.
    Neyde De Martino

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