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Dilma será chefe da delegação em Copenhague e Minc se diz confortável com situação

O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, participa do 1º Encontro Mudanças Climáticas, no TCU (10/11/2009).Foto: Antonio Cruz/ABr
O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, participa do 1º Encontro Mudanças Climáticas, no TCU (10/11/2009).Foto: Antonio Cruz/ABr

O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, confirmou ontem (10) que a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, vai chefiar a delegação brasileira durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, em dezembro, em Copenhague. Ele garantiu estar “confortável” diante da situação e elogiou o interesse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas discussões sobre mudanças climáticas.

“A ministra Dilma é, sem dúvida nenhuma, a ministra mais importante do governo. O fato de ela chefiar a delegação tem várias leituras, cada um fará a sua. Eu faço a de que o meio ambiente e o clima não são uma coisa exclusiva dos ambientalistas e que todo o governo está vestindo a camisa”, disse.

Após participar da abertura do 1º Encontro Mudanças Climáticas – Um Desafio para as Políticas Públicas, Minc avaliou que uma possível integração entre a visão ambiental e a visão do desenvolvimentista é boa.

“Vamos imaginar que ela [Dilma] não fosse para Copenhague. Alguém crítico poderia dizer que ela só pensa em desenvolvimento e crescimento. Todas as insinuações, nesse período, podem ser especuladas”, finalizou.

Proposta brasileira é de redução de cerca de 40% dos gases de efeito estufa

O ministro confirmou que a proposta brasileira a ser levada à Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, em dezembro, em Copenhague, é de uma redução de cerca de 40% na emissão de gases de efeito estufa até 2020.

Segundo ele, desse total, 20% deverão resultar da queda do desmatamento na Amazônia e 20%, de ações para preservar o Cerrado e de iniciativas que promovam a eficiência energética e o uso do chamado aço verde (produzido a partir de carvão vegetal do reflorestamento) e de biocombustíveis, entre outros.

“A ministra Dilma [Rousseff, da Casa Civil] falou que o número pode ser 38% ou 42%. Os dados que estão sendo produzidos pelos grupos apontam nessa direção. O que Dilma e Lula não queriam – e têm razão – é chegar a um número que não tivesse consistência”, disse, ao destacar que é preciso estabelecer quanto vai ser cortado em cada setor, como e com quais recursos.

Após participar da abertura do 1º Encontro Mudanças Climáticas – Um Desafio para as Políticas Públicas, Minc disse que ficou contente depois que setores importantes da economia brasileira e que temiam os cortes perceberam que vão ganhar com a proposta brasileira. A agricultura, segundo ele, ganha produtividade com a recuperação do solo e com o plantio direto, enquanto o aço verde deve prosperar como “uma marca que vai abrir mercados”. “A gente não vai criar menos empregos, nossos empregos é que vão ser mais verdes”, afirmou.

Para o ministro, é possível avançar ainda mais na redução do desmatamento na Amazônia, porque o Brasil tem experiência” para isso. Ele voltou a afirmar que o país deve registrar, em 2009, o menor índice de desmatamento dos últimos 21 anos, mas não deu detalhes sobre esse total. “Números, vocês vão saber da boca do presidente Lula”, disse.

Minc destacou, entretanto, que uma estimativa feita pelo Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (Inpe) indica que os números do desmatamento devem passar de 19,5% em 2009 para 9,5% em 2010, 6,5% em 2011 e 3,5% em 2012.

Minc diz que proposta levadas a Copenhague não podem ser tratadas “como jogo de pôquer”

Minc, afirmou que as propostas a serem levadas para Copenhague não podem ser tratadas como “jogo de pôquer”.

“Há uma grande diferença entre uma negociação internacional do preço do algodão e das mudanças climáticas. Há várias outras fibras no mundo, mas a questão do planeta é diferente porque não há outro planeta. Tratar disso como um jogo de pôquer não se aplica, a situação já é bastante dramática”, disse.

O ministro lembrou que, há um ano e meio, o país não tinha metas voltadas para as mudanças climáticas e era alvo de críticas internacionais. Para ele, houve “uma mexida importante” e todos os setores da sociedade têm contribuído – inclusive o Parlamento brasileiro.

Minc ressaltou que países como Índia e China têm dificuldade de reduzir a emissão de gases na proporção que consta na proposta a ser apresentada pelo Brasil em Copenhague – da ordem de 40%. “Mas eles, de forma alguma, se opõem ou se consideram agredidos pelo fato de o Brasil ir mais adiante”, afirmou.

Ele cobrou que a proposta de recursos dos países desenvolvidos para o Fundo Global precisa ser “mais substantiva” do que os 100 bilhões de euros anuais levantados pela União Europeia. Para o ministro, o montante deve chegar a US$ 350 bilhões por ano.

O ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, elogiou o fato de as mudanças climáticas não serem mais assunto de uma minoria. A humanidade, segundo ele, passou a perceber os efeitos “danosos” da vida moderna e o tema adquire “proporções dramáticas”, uma vez que os problemas criados não podem ser resolvidos de uma hora para outra.

“A solução exige grande investimentos, sacrifícios. Estamos na véspera de uma conferência que deverá ser, ou deveria ser, um marco no caminho que a humanidade vem seguindo. O Brasil precisa estar preparado, com propostas ousadas e bastante estudadas.

Reportagens de Paula Laboissière, da Agência Brasil, publicadas pelo EcoDebate, 11/11/2009

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