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Desmonte da legislação e farra de licenças ambientais

Um processo movido pelo Ministério Público Federal e o Ministério Público de Rondônia contra o presidente do Ibama, Roberto Messias Franco, traz para o debate do meio ambiente a suspeita rapidez das licenças ambientais e o desmonte da nossa legislação ambiental.

O presidente do Ibama responde a processo por improbidade administrativa acusado de conceder a licença de instalação do canteiro de obras e para todo o empreendimento da Usina de Jirau, no Rio Madeira, em Rondônia, sem respeitar a Lei de Licitações nem a Constituição. Com ele, também é processado o diretor de Licenciamento do Ibama, Sebastião Custódio.

A ação do MP está muito bem fundamentada. Na apressada licença foi descoberta até uma estranha negligência com a segurança da barragem. Não há previsão de gestão das toras e detritos. Acontece que o rio Madeira ganhou este nome exatamente pela grande quantidade de madeira que desce por seu curso.

Franco tem a fama de “destravador” de licenças ambientais, a mesma reputação que levou seu superior, Carlos Minc, ao cargo de ministro do Meio Ambiente. A significação diferenciada é novidade política implantada no governo Lula.

É uma definição que não deixa de atentar contra a ética, pois desqualifica imediatamente o agente público cumpridor das leis. Ao respeitar o caminho reto da legislação, todo funcionário corre o risco de ser acusado de ser um estorvo ao desenvolvimento.

Parece um plano seguido à risca. Primeiro a desqualificação das leis, como sendo severas em excesso ou até restritivas à boa gestão pública. Depois sua reforma ou eliminação.

Para este fim, a farra de licenças também é muito útil, colocando o Ibama fora de seu papel como órgão de fiscalização, acompanhamento e controle.

É claro que o problema não atinge apenas o meio ambiente. Porém, foi neste setor que a desmobilização de órgãos de controle a os ataques à legislação prosperou como em nenhum outro lugar.

A desqualificação das leis brasileiras atinge o conjunto da gestão pública, usando como um dos focos de críticas o Tribunal de Contas da União (TCU). O alvo não é nada casual. Atinge-se dessa forma uma instituição de forte peso simbólico para a transparência e a fiscalização do Estado. Mas a cunha que abriu espaço para este discurso foi sem dúvida implantada de início na política para o meio ambiente.

A confluência de interesses juntou com facilidade a ala governista e a oposição para o ataque e o desmonte da legislação ambiental. Tucanos e demos estão sempre com sua bancada ruralista e políticos ligados a empreiteiras a postos para ajudar no serviço proposto pelo governo.

Isso cria uma sincronia que uniformiza de forma natural até o discurso. Quando o país não anda é em razão da legislação. Mesmo quando os fatos comprovam que muitas obras são interrompidas ou sofrem críticas em conseqüência da incapacidade da máquina pública e do esvaziamento dos organismos oficiais do meio Ambiente.

A desqualificação chega a ser jocosa. O presidente Lula já apelou para a inacreditável perereca inimiga do progresso e até para a memória de Juscelino Kubitscheck que, segundo ele, seria impedido pela legislação ambiental até de descer de avião no centro do país para fundar Brasília.

É um discurso para matar a idéia de que pode existir um progresso em combinação com o respeito ambiental.

E os ataques verbais são acompanhados de medidas práticas. A lei que nasceu da MP da Grilagem é um bom exemplo. Com ela, foram anistiados na prática grileiros que fizeram até o uso da força para se apossar de imensas porções de terras públicas. Com isso, foram desmerecidas leis que até hoje regem a questão.

Também neste contexto, temos a impressionante orquestração política para a reforma do Código Florestal Brasileiro. É outro tema que junta governistas e oposição, como prova de que a única esperança contra a depauperação ambiental do país é atuação da sociedade civil.

No caso do Código, seu enfraquecimento viria apenas oficializar o descumprimento de décadas. Mas, a exemplo da farra de licenças, seria outra cunha habilmente cravada para alargamentos futuros em leis já estropiadas.

A pressão vem todos os lados. O Legislativo faz sua parte e ministros do governo insuflam pecuaristas, agricultores e setores do empresariado. E a máquina do governo também age internamente.

Uma auditoria interna no Ibama feita pelo TCU colheu depoimentos sobre pressões políticas para a concessão de licenças sem o atendimento de exigências. A fonte da pressão é o PAC, o Programa de Aceleração do Crescimento, do governo Lula.

Segunda o documento, de setembro deste ano, a intensa pressão gera a manipulação dos próprios procedimentos legais, criando um quadro em que o órgão deixar de atuar até que o fato esteja consumado, com a obra já pronta ou em andamento apesar dos impactos ambientais.

Um diagnóstico revelador da auditoria do TCU é que ao governo interessa ter o Ibama como um mero organismo cartorial expedidor de licenças.

Movimento Água da Nossa Gente
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Colaboração do Movimento Água da Nossa Gente para o EcoDebate, 06/11/2009

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6 thoughts on “Desmonte da legislação e farra de licenças ambientais

  • Em 1983 no inicio da eco inquisição os azilos de empregos públicos vitalícios verdes eram tomados pelos petistas, no Pr, as salas eram decoradas com as bandeiras vermelhas, para nós trabalharmos tinhamos que depender deles. Mesmo tendo a florestas preservadas, te tratavam como latifundiario e destruidor e com requintadas grosserias. Não era ideal a satisfação deles era do invejoso bem sucedido. Conheça o blog mataalheiamamatanossa. blogspot.com e veja como pariciparam da maior grilagem de terras da hitória ,igual a que o Minc quer fazer com o carvão.

  • PARECE QUE NADA É SÉRIO NESSE PAÍS, AS ONGs DEFENDEN INTERESSES DE ESTRANGEIROS, NOSSOS ORGANISMOS PARECEM QUE SO QUEREM VANTAGENS .
    ATÉ QUANDO?
    ONDE ESTÃO OS HOMENS SÉRIOS DESTE PAÍS?

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