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Jirau: conflito de interesses, artigo de Telma Monteiro

Porto Velho (RO) - Casa na comunidade de Mutum-Paraná (RO). Área da comunidade será inundada, caso se construam as usinas de Jirau e Santo Antônio, no Rio Madeira, e moradores terão de ser transferidos Foto: Wilson Dias/ABr
Porto Velho (RO) – Casa na comunidade de Mutum-Paraná (RO). Área da comunidade será inundada, caso se construam as usinas de Jirau e Santo Antônio, no Rio Madeira, e moradores terão de ser transferidos Foto: Wilson Dias/ABr

O governador de Rondônia mandou cassar a autorização de construção 001/2009, emitida pela Secretaria Ambiental de Rondônia (Sedam), em 26 de janeiro, para a usina de Jiarau.

A indignação
Ivo Cassol, governador de Rondônia, reclamou do consórcio ENERSUS que está construindo a usina hidrelétrica de Jirau. Disse que o estado não está sendo bem tratado pela empresa. Tentou forçar a parceria da Camargo Corrêa e Suez com empresas de Rondônia como forma de “compensar” os impactos na região. O consórcio não deu muita importância para os interesses do governador. Aliás, ele está muito atrasado em lembrar que a população mereceria melhor tratamento.

A madeira para as obras de Jirau está vindo de Minas Gerais, pois em Rondônia, diz o consórcio, não há madeira legal. Os madeireiros de Rondônia reclamaram da injustiça e o governador e seu séquito foram fazer uma visitinha ao canteiro de obras de Jirau. Constataram pessoalmente que os pátios estavam cheios de madeira “importada” de Minas Gerais, e de trabalhadores levados de Mato Grosso.

Ivo Cassol, então, pediu providências urgentes e partiu para a retaliação. Alardeou sua experiência na construção de hidrelétricas e aproveitou para acusar o Ibama de fiscalizar e atrapalhar as obras do governo do estado, que não têm licença ambiental.

O consórcio se justificou alegando que Rondônia não estava preparada para o fornecimento rápido de material e mão de obra treinada. Para compensar os atrasos no início das obras, por conta do licenciamento ambiental, foi preciso buscar em outro estado. O governador não aceitou as justificativas.

O motivo
No entanto, mais um motivo havia para a represália rápida do governador ao mandar cassar a autorização de construção. Além do problema direto com o consórcio responsável pelas obras de Jirau, o governador decidiu desafiar o MP de Rondônia e a justiça. Eles haviam embargado a construção de um frigorífico às margens do rio Madeira, em área de proteção permanente, e que o interessava em particular. E o secretário que concedeu a licença ambiental acabou denunciado criminalmente e será julgado na próxima semana na 2ª Câmara Especial Criminal do Tribunal de Justiça.

Cassol achou injusto ter licença ambiental para as usinas do Madeira e não ter licença para o tal frigorífico. Mandou, então, o secretário cassar a autorização de construção de Jirau e matou dois coelhos com uma cajadada só!

* Artigo enviado pela autora, Telma Monteiro, colaboradora do EcoDebate e coordenadora do Blog Telma Monteiro.

[EcoDebate, 09/03/2009]

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