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UE chega a acordo para conter crise financeira, mas diverge sobre os planos de luta contra as alterações climáticas

Bruxelas, 16 out (Lusa) – Os líderes da União Européia terminam nesta quinta-feira a cúpula de outono, em Bruxelas, capital belga, com sinais de unidade em relação às turbulências financeiras, mas mostrando divergências cada vez mais evidentes sobre os planos de luta contra as alterações climáticas.

O primeiro dia do encontro terminou com um acordo unânime dos 27 sobre as medidas que serão aplicadas para normalizar o funcionamento dos mercados e a necessidade de uma reforma profunda no sistema financeiro mundial.

O atual presidente do Conselho Europeu, o francês Nicolas Sarkozy, anunciou o consenso dos líderes europeus sobre a necessidade de reconstruir o sistema financeiro com bases mais transparentes, de modo a evitar a repetição do colapso das últimas semanas.

Os países do bloco também chegaram a um acordo sobre a necessidade de uma cúpula internacional, em novembro, se for possível, com a presença dos chefes de Estado de todas as grandes economias do mundo, incluindo as dos países emergentes, para debater a questão do sistema financeiro.

Sarkozy disse que “toda a Europa, sem exceção”, apoiou as medidas definidas pelos países da zona do euro na reunião de domingo, em Paris, destinadas a facilitar o funcionamento do mercado de crédito interbancário, injetando capital nos bancos em dificuldades.

Tanto o presidente francês como o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, destacaram o papel de liderança assumido pela UE na resposta à crise e concordaram os europeus devem estar na linha de frente para a reforma do modelo de funcionamento dos mercados financeiros.

Meio-ambiente

Contudo, mais difícil parece ser chegar a uma declaração comum que permita manter vivo o compromisso de conseguir, até final do ano, um acordo sobre os compromissos de redução dos gases estufa.

Os planos da presidência francesa contam com forte oposição de Itália e de oito países da Europa Central e de Leste: Bulgária, Estônia, Eslováquia, Hungria, Letônia, Lituânia, Polônia e Romênia.

Esse grupo de nove países pediu na quarta-feira aos restantes parceiros da UE que diminuam as metas de redução de emissão dos gases, levando em consideração a gravidade da situação econômica.

Contudo, Sarkozy recusou a proposta, afirmando que a crise não pode travar a ambição dos países europeus de reduzir os gases estufa, mantendo o objetivo 20-20-20: redução das emissões de dióxido de carbono em 20%, destinar 20% da energia consumida às fontes renováveis e diminuir em 20% o consumo energético mundial.

Premiê luso diz que Europa continuará com política climática

O primeiro-ministro português José Sócrates afirmou que a Europa deixou bem claro na Cúpula concluída nesta quinta-feira, em Bruxelas, capital belga, a determinação em continuar a liderar o combate às alterações climáticas, ao se manter comprometida com os objetivos traçados no ano passado.

Sócrates falava no final de uma Cúpula de chefes de Estado da UE, na qual os 27 voltaram a discutir o pacote energético e de combate às alterações climáticas, que a presidência francesa da UE pretende “fechar” até final do ano.

“A União Européia deixa bem claro neste Conselho Europeu a sua determinação de prosseguir com a sua política de energia e liderança no que respeita ao aquecimento global e alterações climáticas”, disse Sócrates, frisando que “ficou assente que os objetivos se mantêm”.

No ano passado, os 27 países da UE se comprometeram a reduzir em 20% as emissões de gases com efeito de estufa até 2020 em relação a 1990 e a aumentar a participação de fontes renováveis em 20% na matriz energética, entre outras medidas.

Contudo, estas metas estavam sendo criticadas por alguns países, em função da atual crise econômica.

José Sócrates afirmou que seria “um erro” deixar que a crise do sistema financeiro levasse “a um atraso nas posições européias” sobre o meio-ambiente, e defendeu que aqueles que encaram o combate ao aquecimento global como “um peso” para a economia “estão a ver mal o problema”.

Nas conclusões adotadas na cúpula, os líderes europeus confirmaram, todavia, a sua determinação “em honrar os ambiciosos compromissos” assumidos.

O ponto mais polêmico do pacote energético e climático é a chamada distribuição de esforços entre os Estados-membros para a redução de emissões de gases estufa, tendo José Sócrates afirmado que “os mecanismos” para a efetiva adoção desta política “serão decididos no conselho de dezembro” próximo, mantendo-se assim o calendário que havia sido estabelecido.

Matérias da Agência Lusa, 16/10/2008.

[EcoDebate, 17/10/2008]

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