EcoDebate

Plataforma de informação, artigos e notícias sobre temas socioambientais

Artigo

Agrotóxicos, transgênicos e o princípio da precaução, artigo de Roberto Naime

 

contaminação por agrotóxicos

 

[EcoDebate] O uso de agrotóxicos e fertilizantes já é a segunda causa de contaminação da água no Brasil. Só perde para a destinação de esgoto doméstico.

Ao comprar uma maçã, por exemplo, é impossível detectar o banho de dezenas de pesticidas que ela recebeu. A intensa utilização de produtos químicos na produção de alimentos afeta o ar, o solo, a água, os animais e as pessoas.

Os agrotóxicos podem promover a intoxicação progressiva dos consumidores e afetar a saúde de trabalhadores do campo que muitas vezes não estão preparados para lidar com esses agentes tóxicos.

Os transgênicos são organismos geneticamente modificados em laboratório que tiveram genes estranhos, de qualquer outro ser vivo (vegetal ou animal), inseridos em seu código genético visando a obtenção de características específicas. Assim, uma semente é modificada para ter tolerância (resistência) a um herbicida. Então a empresa de biotecnologia vende a semente patenteada (cobrando royalties do agricultor) e vende o agrotóxico também.

Acredita-se que os transgênicos podem causar alergias alimentares e diminuir ou anular o efeito dos antibióticos no organismo, entre outras consequências desconhecidas para a saúde humana a longo prazo.A resistência a agrotóxicos pode levar ao aumento das doses de pesticidas aplicadas nas plantações.

Todo profissional que apreende e incorpora princípios básicos do evolucionismo em suas áreas de trabalho, sabem que, quando determinados antídotos sintetizados ou moléculas de natureza química, são ministrados para populações visando sua eliminação, tendem a sobreviver apenas indivíduos resistentes a esta substância e portanto com melhor aptidão para sobrevivência.

Até que sejam eliminados por novas versões de antídotos químicos, pesquisados, sintetizados e desenvolvidos especialmente para esta finalidade. Numa espiral que se conhece o começo, mas não tem fim. Qualquer médico sabe que quando determinado vírus ou bactéria se torna resistente a um antibiótico, é preciso lançar mão de uma a geração mais moderna de substâncias químicas, numa espiral sem fim.

O GREENPEACE se opõe ao uso de transgênicos na alimentação humana e animal. Para a ONG, os resultados são imprevisíveis, incontroláveis e desnecessários. O GREENPEACE mantém em seu site um Guia do Consumidor para consulta de produtos.

Segundo o Princípio da Precaução, quando uma atividade representa ameaças de danos ao meio ambiente ou à saúde humana, medidas de precaução devem ser tomadas, mesmo se algumas relações de causa e efeito não forem plenamente estabelecidas cientificamente. Afinal, é melhor prevenir do que remediar.

Os principais transgênicos plantados no mundo são soja (61%), milho (23%), algodão (11%) e canola (5%). A maioria dos europeus rejeita os produtos transgênicos e grande parte dos agricultores alemães são contrários aos transgênicos.

Insetos, pássaros e até mesmo o vento podem transportar o pólen de plantas transgênicas e contaminar plantações convencionais vizinhas, ainda que localizadas a grandes distâncias. A contaminação também pode ocorrer pelo uso comum de equipamentos de movimentação e armazenagem e no comércio.

Pela evidente dificuldade técnica em proteger os plantios convencionais e orgânicos da contaminação transgênica, muitas regiões e alguns países da União Europeia foram declarados por suas autoridades como Zonas Livres de Transgênicos. Tal precaução não coloca em risco a saúde dos consumidores, o meio ambiente e é um enorme diferencial competitivo no mercado internacional. Saiba mais sobre transgênicos no vídeo “Invasoras Resistentes” do Globo Rural.

Os alimentos transgênicos comercializados como grãos, óleos, leite e carne de animais alimentados com transgênicos, devem ser devidamente rotulados para garantir o direito de escolha do consumidor. Isto é o mínimo que se pode esperar das autoridades dos governos, além de informações esclarecedoras para a população. Existem campanhas por um Brasil livre de transgênicos.

Referências:

http://www.natureba.com.br/alimentos-transgenicos.htm

* No EcoDebate, as tags Agrotóxicos e Transgênicos

 

Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.

Sugestão de leitura: Celebração da vida [EBook Kindle], por Roberto Naime, na Amazon.

 

in EcoDebate, 18/02/2016

[cite]

 

[CC BY-NC-SA 3.0][ O conteúdo da EcoDebate pode ser copiado, reproduzido e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, à Ecodebate e, se for o caso, à fonte primária da informação ]

Inclusão na lista de distribuição do Boletim Diário da revista eletrônica EcoDebate

Caso queira ser incluído(a) na lista de distribuição de nosso boletim diário, basta enviar um email para newsletter_ecodebate+subscribe@googlegroups.com . O seu e-mail será incluído e você receberá uma mensagem solicitando que confirme a inscrição.

O EcoDebate não pratica SPAM e a exigência de confirmação do e-mail de origem visa evitar que seu e-mail seja incluído indevidamente por terceiros.

Remoção da lista de distribuição do Boletim Diário da revista eletrônica EcoDebate

Para cancelar a sua inscrição neste grupo, envie um e-mail para newsletter_ecodebate+unsubscribe@googlegroups.com ou ecodebate@ecodebate.com.br. O seu e-mail será removido e você receberá uma mensagem confirmando a remoção. Observe que a remoção é automática mas não é instantânea.

5 thoughts on “Agrotóxicos, transgênicos e o princípio da precaução, artigo de Roberto Naime

  • José Eustáquio

    Olá Roberto,

    Parabéns por seus artigos sobre agrotóxicos e suas consequências nefastas….

    Seus artigos são muito esclarecedores e úteis para o esclarecimentos da população em geral…

    Obrigado pelo seu esforço de pesquisa e divulgação!

    Abs, JE

  • Obrigado José Eustáquio…

    Não vou te mentir, tive síndrome cerebelar desde o começo de 2013 e fiquei com a fala e o equilíbrio afetados, mas o cérebro não…

    Desde então procuro fazer o melhor que posso para contribuir com meu conhecimento e deixar legado relevante além de meus 18 livros…

    Teus artigos são também muito bons e bem fundamentados…

    Grande abs…

    RNaime

  • Prezado Roberto.
    Entendo sua preocupação com os agrotóxicos: eles são poluentes e tóxicos, e podem afetar a saúde do trabalhador no campo e do consumidor. Mas se forem aplicados corretamente, o trabalhador rural estará protegido e o resíduo deles nos alimentos será muito pequeno, seguramente abaixo do limite estabelecido pela ANVISA. É evidente que a aplicação destes produtos não é simples e o agricultor muitas vezes, mais por ignorância do que por má fé, aplica produtos que não poderiam ser usados naquela lavoura ou naquele momento, o que acaba resultando em alimentos contaminados.
    O programa PARA avaliou bem isso e encontrou inseticidas, acaricidas e fungicidas em alimentos derivados da agricultura familiar. Não há registro de contaminação na agroindústria, que é muito mais tecnificada e fiscalizada pelo MAPA, pelos processadores de alimento, pelos exportadores e, lá na outra ponta, por quem está importando milho, soja e outros produtos agrícolas do Brasil.
    Do lado dos registros de intoxicação por agrotóxico temos um programa bem estruturado pela Focruz (Sinintox). É instrutivo ler seus relatórios: embora as intoxicações cheguem a quase 5000 por ano, o número de intoxicações alimentares raramente ultrapassa 10. Mesmo se considerarmos que há 100 vezes mais casos, devidos à subnotificação, podemos estimar que para os 200 milhões de brasileiros temos 1000 casos de intoxicação alimentar por agrotóxico, o que é bem pouco. O mais provável é que elas provenham do uso de vasilhames de agrotóxicos usados para estoque de alimentos do que do consumo de alimentos comprados na feira ou nos mercados.
    Quanto aos transgênicos, sua opinião não está baseada na ciência, mas em impressões que andam pela internet. Recomendo que avalie com cuidado a literatura científica antes de defender o que está escrito acima.

  • Agradeço e humildemente concordo com tuas observações…mas penso que moléculas que estimulam seleção natural, em certo momento poderão ficar sem efeito…

    E organismos geneticamente modificados podem incluir substâncias que possam ser incompatíveis com a vida a longo prazo…tanto quanto podem não ser…

    Grande abs…

    RNaime

  • Concordo que o SINITOX é bem estruturado e acesso relatórios seguidamente…

    Abs Paulo…

    RNaime

Fechado para comentários.