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Denúncia: Plantações de eucalipto podem ser responsáveis por secar nascentes do rio Peruaçu/MG

 

denúncia

 

Laudo técnico recomenda que não sejam liberadas novas licenças para plantio

O Mosaico Sertão Veredas-Peruaçu, no norte de Minas Gerais, pode estar ameaçado. Denúncias recebidas pelas Amda apontaram que as águas das nascentes do Rio Peruaçu, localizadas dentro do Parque Estadual Veredas do Peruaçu, apesar de estarem totalmente protegidas por vegetação natural, estavam diminuindo drasticamente de volume.

Vistoria realizada por equipe técnica da Semad (Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável), em abril deste ano, em empreendimentos da região, indicou que o problema pode ter origem no desmatamento para plantios de eucalipto.

As primeiras denúncias recebidas pela Amda atribuíram a seca do rio ao consumo excessivo de águas nos plantios. O laudo técnico concluiu, no entanto, que o consumo não era significativo, ao contrário dos plantios, que consomem mais água dos lençóis freáticos do que os mesmos. O laudo recomenda que não sejam “liberadas novas áreas para usos alternativos do solo na Chapada do Peruaçu quando não precedidos de estudos e monitoramento do rebaixamento do nível freático”.

As áreas de plantio, pertencentes a proprietários conhecidos na região como “paulistas”, ficam na parte alta do Peruaçu, que também é a parte mais plana da região, e por isso é responsável pela recarga das nascentes dos lençóis freáticos. E como o consumo de água na chapada do Peruaçu está sendo maior do que seu poder de recarga, o nível das águas do lençol diminuiu drasticamente, afetando as nascentes do rio Peruaçu, que é responsável pela manutenção do fantástico complexo de grutas cársticas do Parque Nacional Veredas do Peruaçu, atravessado pelo mesmo. A água do rio, fora do Parque, diminuiu consideravelmente e ele só não secou totalmente porque está sendo alimentando pelo rib. Forquilhas.

De acordo com a equipe técnica responsável pela fiscalização, o consumo de água na parte baixa do Peruaçu também é muito significativo, pois existem centenas de poços tubulares nas comunidades da região. No entanto, estes poços não são registrados, e o nível de consumo é desconhecido. Segundo as denúncias, essas comunidades são pobres e dependem da água, o que caracteriza uma situação social difícil. Mas os plantios, além de gerarem empregos insignificantes, pertencem a empresas e pessoas físicas que nem são nativas da região.

De acordo com Marcelo da Fonseca, da Superintendência de Fiscalização Ambiental Integrada da Semad, o laudo já foi encaminhado à Subsecretaria de Gestão e Regularização, para que sejam tomadas as providências necessárias à não liberação de novas licenças ou autorizações de plantio. A subsecretária informou no entanto, que ainda não recebeu os laudos técnicos.

A superintendente executiva da Amda, Maria Dalce Ricas, considera que a situação é extremamente grave. “O rio Peruaçu até poucos anos era um dos mais íntegros do Estado. Suas nascentes, dentro do Parque Estadual Veredas do Peruaçu são protegidas por veredas de até 40 km de comprimento. A permissão de desmatamento nas chapadas, áreas de recarga dos lençóis freáticos é crime ambiental da maior gravidade, pois coloca em risco a integridade de duas unidades de conservação”.

Segundo Dalce, a Amda não é contrária a qualquer tipo de atividade agrícola, desde que para implantá-las não se derrube vegetação nativa e não ocupem áreas, que mesmo desmatadas deveriam ser recuperadas para prestação de serviços ambientais como proteção da água. Ela informa ainda que a entidade lidera campanha para ampliação da área do Parque Estadual que incorpore as áreas de recarga, promessa que vem sendo feita pelo Governo/Semad desde a gestão de Aécio Neves, e até agora não foi cumprida. Em março de 2014 a entidade encaminhou petição ao Governador Antônio Anastasia com cerca de 3.000 assinaturas nesse sentido.

“Há fortes indícios de que a propriedade das terras ocupadas por estes plantios seja irregular, fruto de grilagem de terras na região por grandes empresários. Incompreensivelmente o governo insistir em ignorar a situação, o que resulta em danos ambientais e fere o interesse público”, diz Dalce.

A entidade encaminhou ofício ao Secretário de Meio Ambiente, Alceu José Torres Marques, solicitando cumprimento imediato da recomendação do laudo técnico e convocação de todos os empreendimentos a licenciamento corretivo, com exigência de estudos de impacto ambiental.

Para mais informações: (31) 3291 0661

Denúncia enviada pela Amda – Associação Mineira de Defesa do Ambiente

EcoDebate, 24/07/2014


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Alexa

3 thoughts on “Denúncia: Plantações de eucalipto podem ser responsáveis por secar nascentes do rio Peruaçu/MG

  • Essa questão é importantíssima.
    Ao menos em casos dessa natureza, seja com plantio de eucaliptos ou com a derrubada de florestas e a destruição de outros biomas, os órgãos governamentais responsáveis pela defesa do meio ambiente devem adotar medidas que impeçam, de fato, que atos dessa natureza sejam praticados.

  • Infelizmente os problemas de ordem hídrica não são exclusividade do norte de Minas. Haja visto a quantidade de municípios mineiros da região do triângulo, sul, dentre outras, que estão passando por dificuldades no abastecimento das diversas atividades humanas.
    A literatura mostra que a agricultura, na forma como vem sendo praticada, é produtora não só de grãos,
    fibras, carnes, frutas, mas também de resíduos poluidores do ambiente – sedimentos e resíduos de
    agroquímicos – que vão impactar negativamente uma ou mais funções que o ambiente provê ao homem.
    Neste sentido, se faz primordial o uso de técnicas agronômicas de conservação de solo e água utilizando a bacia hidrográfica como unidade de gestão (Lei 13.199/99).
    A melhoria das condições atuais fatalmente passa pelo viés da informação/capacitação da população, chamando sua atenção para estes efeitos deletérios.
    Acredito que para alcançarmos o verdadeiro desenvolvimento sustentável, não basta apenas dizer o que NÃO podemos fazer, mas sim repassar a informação de COMO devemos fazer…
    Abçs agrônomicos,
    Diretor da AGRO-NM e cidadão norte Mineiro.

  • sebastiaos eustaquio ladeira

    este problema ja denunciei ha tempos ,mas o s governos nao deram atenção.percebi que o eucalipto ,retem a humidade atraves de suas folhas,podem observar que o eucalipto plantado nos topos onde nao ha agua ou em terrenos que nem capim nasce direito,o eucalipto se desenvolve bem.se nao tem agua nesste subsolo ele so pode sobreviver com o orvalho da noite que é cqptado poer suas folhas.a falta de agua que esta acontecendo na regiao sudeste com certeza vem dai ,e se nao fotr derrubada uma quantidade grande de eucaliptos e ja,mas tambem oinheiros ,araucarias vai ficar feio.nao planto eucalipto no meu terreno nem para remedio.

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