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Impactos da mineração sobre o patrimônio cultural e natural de Bento Rodrigues – MG

 

Topocídio e Políticas Públicas: Impactos da mineração sobre o patrimônio cultural e natural de Bento Rodrigues – MG

A tragédia de Mariana representou um desrespeito imenso à natureza, ao patrimônio e a identidade de seus moradores

Vagner Luciano Coelho de Lima Andrade (1)

Nas Minas Gerais, Bento Rodrigues projetou o Quadrilátero Ferrífero no Brasil e no mundo evidenciando distorções e conflitos tratados sem o devido respaldo. A tragédia de Mariana representou um desrespeito imenso à natureza, ao patrimônio e a identidade de seus moradores, que mantinham uma conexão histórica e cultural com seu lugar de vivência.

O rompimento da barragem de rejeitos varreu a localidade do mapa, asfixiou um importante rio, e chegou ao mar. Neste contexto, este trabalho busca evidenciar a importância da imaterialidade enquanto base para se rediscutir a relação entre natureza, patrimônio e identidade.

Potencialidade esta que legitima ainda a importância da preservação das paisagens, cuja análise sistemática incide sobre a compreensão e percepção de seus moradores sobre seus saberes e modos de vida. A materialidade do lugar se faz e refaz na imaterialidade de seus moradores.

Desta forma, na perspectiva do patrimônio, Bento Rodrigues se consolida e reconstrói no contexto atual, principalmente, pela sua imaterialidade e historicidade. A partir da análise dos processos e complexidades construídas entre homem e natureza, evidencia-se, nesse sentido, a conexão entre moradores e seus lugares de pertencimento, que apesar de sua perda material, situação vivenciada pelos habitantes do pequeno distrito, estes não foram destituídos de sua memória e história.

Há uma relação subjetiva e imaterial que não pode ser desconsiderada. Elucida-se aqui, que a imaterialidade, deve se colocar como condutora da pauta das ações governamentais, orientando novas prioridades e modelos de desenvolvimento que darão continuidade da vida dessa população.

Posto isso, os vários aspectos desse recorte territorial, tais como sua ecologia, cultura, sociedade e diversas identidades culturais, enaltece-o, levando-o, inclusive, a ser valorizado por seu potencial imaterial de se (re)constituir como um lugar de vivência local e de importância regional no processo de formação da mineiridade e da identidade dos mineiros.

Assim, faz-se cada vez mais necessário ressaltar que é de extrema urgência preservar a história, patrimônio, memória, identidade e oralidade presentes nessa imaterialidade que ainda mantém a imortalidade de Bento Rodrigues, a ser reconquistada e preservada para as futuras gerações.

1 Educador e Mobilizador da Rede Ação Ambiental. Bacharel-licenciado em Geografia e Análise Ambiental (UNI-BH), Licenciado em História (UNICESUMAR) e especialista na área de Educação, Patrimônio e Paisagem Cultural (Filosofia da Arte e Educação, Metodologia de Ensino de História, Museografia e Patrimônio Cultural, Políticas Públicas Municipais). Licenciado em Ciências Biológicas (FIAR), Tecnólogo em Gestão Ambiental (UNICESUMAR) e especialista na área de Educação, Patrimônio e Paisagem Natural (Administração escolar, Orientação e Supervisão, Ecologia e Monitoramento Ambiental, Gestão e Educação Ambiental, Metodologia de Ensino de Ciências Biológicas). CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/3803389467894439

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in EcoDebate, ISSN 2446-9394

 

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