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Ideologias políticas ameaçam planos contra a mudança climática

 

indicadores da emergência climática

Ideologias políticas ameaçam planos contra a mudança climática

A evidência científica é apenas uma das muitas fontes de informação para os formuladores de políticas. A negligência de tais evidências é sem dúvida uma característica da formulação de políticas malsucedidas

Por Henrique Cortez

Um estudo recente da Universidade de Cambridge revelou que as políticas públicas para lidar com os desafios da saúde e das mudanças climáticas são insuficientes e influenciadas por ideologias políticas que podem comprometer o bem-estar das populações. O estudo, publicado na revista Nature Climate Change, analisou 99 países e avaliou o grau de integração entre as políticas de saúde e de clima, bem como o nível de comprometimento dos governos com essas questões.

Os resultados mostraram que apenas 13% dos países tinham políticas integradas de saúde e clima, e que a maioria dessas políticas era superficial e inconsistente. Além disso, os pesquisadores constataram que as políticas eram influenciadas pelo espectro político dos governos, sendo que os países com governos de esquerda tendiam a ter políticas mais ambiciosas e integradas do que os países com governos de direita.

Segundo os autores do estudo, essa situação é preocupante, pois a saúde e o clima estão intimamente relacionados e exigem uma abordagem holística e coordenada. Eles afirmam que as políticas fracas e ideológicas podem ter consequências graves para a saúde humana e para o meio ambiente, como o aumento das doenças infecciosas, das ondas de calor, da poluição do ar, da escassez de água e da perda de biodiversidade.

Os pesquisadores defendem que é preciso superar as barreiras políticas e institucionais que impedem a integração entre as políticas de saúde e de clima, e que é necessário envolver diferentes atores sociais, como organizações não governamentais, empresas, comunidades e indivíduos, na formulação e na implementação dessas políticas. Eles também sugerem que é preciso aumentar o investimento em pesquisa e inovação para desenvolver soluções integradas e baseadas em evidências para enfrentar os desafios da saúde e do clima.

O estudo é um alerta para a urgência de se adotar medidas efetivas e integradas para proteger a saúde humana e o meio ambiente das ameaças das mudanças climáticas.

É preciso reconhecer que a saúde e o clima são questões interdependentes e que exigem uma resposta coletiva e cooperativa dos governos, da sociedade civil e do setor privado. Somente assim será possível garantir um futuro mais saudável e sustentável para todos.

Henrique Cortez, jornalista e ambientalista, editor do Portal EcoDebate

Fonte: University of Cambridge

Referência:

Theresa M Marteau, Evidence-neglect: addressing a barrier to UK health and climate policy ambitions, Science and Public Policy, 2023;, scad021, https://doi.org/10.1093/scipol/scad021

 

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in EcoDebate, ISSN 2446-9394

 

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