EcoDebate

Plataforma de informação, artigos e notícias sobre temas socioambientais

Notícia

Agroecologia: o que é e porque é importante

 

agroecologia
A agroecologia é um sistema de produção agrícola alternativa que busca a sustentabilidade da agricultura familiar resgatando práticas que permitam ao agricultor pobre produzir sem depender de insumos industriais como agrotóxicos, por exemplo. – Charge por Latuff, no Humor Político

Agroecologia: o que é e porque é importante

A agroecologia é uma ciência que estuda os sistemas agrícolas de forma integrada e holística, considerando os aspectos ecológicos, sociais, econômicos e culturais.

Resumo: A agroecologia é uma ciência e um movimento social que busca uma agricultura sustentável, baseada na perspectiva ecológica e na valorização dos saberes locais e da soberania alimentar. A agroecologia propõe uma transformação do modelo agrícola dominante, que causa problemas ambientais e sociais, por meio de alternativas que diversificam as culturas, conservam os recursos naturais, valorizam as identidades culturais e democratizam o acesso à terra e aos mercados.

Por Regina Lima

A agroecologia busca promover a sustentabilidade dos sistemas agrícolas, respeitando a diversidade biológica e cultural, valorizando o conhecimento tradicional e local, e fortalecendo a participação social e política dos agricultores familiares e camponeses.

Um exemplo de sistema agroecológico é a agrofloresta, que consiste em combinar diferentes espécies de plantas, como árvores frutíferas, arbustos medicinais e hortaliças, em um mesmo espaço. Essa diversidade favorece a reciclagem de nutrientes, o controle natural de pragas e doenças, a proteção do solo contra a erosão e a produção de alimentos saudáveis e variados.

A agroecologia é também um movimento social que defende a soberania alimentar, ou seja, o direito dos povos de decidir sobre o que produzir, como produzir e para quem produzir. A agroecologia propõe uma transformação do modelo agrícola dominante, baseado na monocultura, no uso intensivo de agrotóxicos e fertilizantes sintéticos, na dependência de sementes transgênicas e na concentração de terras e de mercado. Esse modelo tem gerado graves problemas ambientais, como a perda de biodiversidade, a contaminação do solo e da água, a emissão de gases de efeito estufa e a erosão genética. Além disso, tem provocado problemas sociais, como a exclusão e a exploração dos pequenos produtores, a violação dos direitos humanos, a fome e a desnutrição.

Um exemplo de movimento agroecológico é o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que luta pela reforma agrária e pela democratização do acesso à terra. O MST promove a organização coletiva dos trabalhadores rurais, a educação popular e a produção agroecológica de alimentos. O MST também participa de redes de comercialização solidária, que aproximam os produtores e os consumidores, garantindo preços justos e qualidade dos produtos.

A agroecologia oferece alternativas para enfrentar esses problemas, baseadas na diversificação das culturas, no manejo agroecológico do solo e da água, na conservação e no melhoramento participativo das sementes crioulas, na agroindustrialização familiar e na comercialização solidária. Essas alternativas contribuem para aumentar a produtividade e a renda dos agricultores familiares e camponeses, para garantir a segurança alimentar e nutricional das populações rurais e urbanas, para preservar os recursos naturais e os serviços ecossistêmicos, para valorizar as identidades culturais e para democratizar o acesso à terra e aos mercados.

Um exemplo de prática agroecológica é o Sistema Participativo de Garantia (SPG), que consiste em um processo de certificação orgânica baseado na confiança mútua entre os produtores e os consumidores. O SPG envolve visitas periódicas aos locais de produção, avaliação dos critérios agroecológicos, registro das informações em um caderno de campo e emissão de um selo de qualidade. O SPG estimula o diálogo entre os diferentes atores envolvidos na cadeia produtiva, fortalecendo os laços sociais e o compromisso ético.

Por que a agroecologia é melhor para a saúde humana e o meio ambiente do que os modelos convencionais de agricultura?

A saúde humana depende da qualidade dos alimentos que consumimos, mas também da qualidade do ar, da água e do solo que nos cercam.

A agroecologia promove a saúde humana em vários aspectos:

– Evita o uso de agrotóxicos, fertilizantes sintéticos e transgênicos, que podem causar danos à saúde dos agricultores, dos consumidores e dos ecossistemas.

– Diversifica as culturas e os sistemas produtivos, aumentando a oferta de alimentos variados e nutritivos, e reduzindo a dependência de monoculturas vulneráveis a pragas e doenças.

– Fortalece as redes de comercialização local e solidária, aproximando os produtores e os consumidores, e garantindo preços justos e qualidade dos produtos.

– Respeita os saberes tradicionais e as práticas agroecológicas das comunidades rurais, valorizando sua identidade cultural e sua autonomia.

O meio ambiente também se beneficia da agroecologia, pois ela contribui para a preservação da biodiversidade, dos recursos hídricos, do solo e do clima. A agroecologia favorece o meio ambiente em vários aspectos:

– Promove o manejo integrado e sustentável dos recursos naturais, utilizando técnicas como a rotação de culturas, a adubação orgânica, o controle biológico de pragas e doenças, a agrofloresta e a recuperação de áreas degradadas.

– Reduz as emissões de gases de efeito estufa e o consumo de energia não renovável, ao evitar o uso de insumos químicos e maquinários pesados, e ao priorizar os circuitos curtos de produção e consumo.

– Protege a biodiversidade, ao conservar as sementes crioulas, as raças locais de animais, as plantas medicinais e as espécies nativas da flora e da fauna.

– Estimula a participação social e a gestão democrática dos territórios rurais, fortalecendo os movimentos sociais e as organizações comunitárias que lutam pela reforma agrária, pela soberania alimentar e pela justiça ambiental.

A agroecologia é melhor para a saúde humana e o meio ambiente do que os modelos convencionais de agricultura, pois ela busca harmonizar as dimensões ecológica, social e econômica da produção de alimentos, respeitando os limites dos ecossistemas e as necessidades das populações. A agroecologia é uma alternativa viável e necessária para enfrentar os desafios da fome, da pobreza, da desigualdade e da crise climática que afetam o mundo atual.

A agroecologia é uma ciência, um movimento e uma prática que visa construir um novo paradigma agrícola, mais justo, mais solidário e mais harmônico com a natureza.

Regina Lima, jornalista, fundadora e coeditora do portal EcoDebate

 

Fontes e leituras sugeridas:

Transição para a agroecologia no Brasil para a produção sustentável

Conceitos e práticas em Agroecologia

Livro ensina bases da Agroecologia através da construção de uma horta

A agroecologia como estratégia no combate à fome

Agroecologia, conceitos e prática

Agroecologia, a alternativa agrícola sustentável e socialmente justa

 

 

 

[ Se você gostou desse artigo, deixe um comentário. Além disso, compartilhe esse post em suas redes sociais, assim você ajuda a socializar a informação socioambiental ]

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394

 

A manutenção da revista eletrônica EcoDebate é possível graças ao apoio técnico e hospedagem da Porto Fácil.

 

[CC BY-NC-SA 3.0][ O conteúdo da EcoDebate pode ser copiado, reproduzido e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, à EcoDebate com link e, se for o caso, à fonte primária da informação ]