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Controle e redução da poluição ambiental, artigo de Roberto Naime

 

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Controle e redução da poluição ambiental, artigo de Roberto Naime

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A poluição pode ser entendida como qualquer alteração em um meio, de modo a tornar o ambiente deletério ou prejudicial ao ser humano ou a qualquer forma de vida que este ambiente normalmente abriga, ou que prejudique uma funcionalidade de vida.

Qualquer mudança em um ambiente, resultante da introdução de poluentes na forma de matéria ou energia, pode ser entendida como poluição.

Geralmente, associa-se a poluição aos malefícios que possam ser causados ao homem. No entanto, ela pode resultar em danos a fauna e a flora, e até mesmo ao meio físico natural.

Meio ambiente é o conjunto de relações entre os meios físico, biológico e antrópico. Podemos dizer que meio ambiente é como a confiança ou o casamento. A confiança é uma relação de integridade entre 2 pessoas. E o casamento também. É intangível, não dá pra gente tocar e pegar.

O meio ambiente é assim. É intangível. Não dá pra gente tocar e pegar. Tocar numa pedra, na água ou no solo é tocar num elemento ambiental do meio físico. Tocar uma planta, um animal, é tocar num elemento do meio biológico. Tocar numa plantação, num produto industrializado ou num depósito de resíduos sólidos é tocar num elemento do meio antrópico ou sócio econômico.

Os principais constituintes do meio físico são as rochas, solos, águas superficiais e subterrâneas, geomorfologia e climas. No meio biológico, os constituintes são a flora e a fauna. E no meio antrópico ou sócio econômico são todas as atividades do homem, nos setores primário, secundário, terciário e até quaternário, conforme os autores mais modernos.

Mas afinal o que são as relações? Quando alguém preserva um bioma, protegendo, evitando incêndios, impedindo caça e pesca predatórias, está construindo um tipo de relação com o bioma. Quando alguém vai lá e incendeia um pedaço de cerrado está estabelecendo uma outra relação entre o homem e o bioma.

As atividades humanas têm resultado na produção de resíduos, na forma de energia ou de matérias sólidas, líquidas ou gasosas, os quais são lançados no ambiente, causando a poluição.

Várias formas de poluição têm sido constatadas e, em função dos tipos de resíduos ou do ambiente onde os mesmos são lançados, podem ser classificadas como poluição do solo, do ar, da água, acústica, radioativa, dos pesticidas, térmica, entre outras modalidades.

Nos solos, o lançamento de produtos químicos ou de resíduos no solo pode resultar na sua poluição. Como aplicação de defensivos agrícolas ou de fertilizantes, destinação inadequada de resíduos sólidos, lançamento de esgotos domésticos ou industriais; e até dejetos de animais.

Os defensivos agrícolas são usados no combate a animais nocivos como insetos e roedores, ou a ervas daninhas e podem alcançar o solo, permanecendo por muito tempo, como ocorre com os inseticidas clorados orgânicos, em geral apresentando alta persistência. A partir do solo, esses produtos químicos são carreados para as águas superficiais ou subterrâneas, com riscos para o homem e outros animais.

São exemplos de inseticidas clorados o DDT, o Aldrin, o Dieldrin, o Clordane e o Heptacloro, os quais podem levar vários anos para desaparecer do solo, após a sua aplicação.

Os fertilizantes que são usados para melhorar a produtividade agrícola do solo podem, quando em teores elevados, tornam-se prejudiciais principalmente quando alcançam as coleções superficiais ou subterrâneas de água. A disposição incorreta dos resíduos sólidos no solo resulta em vários problemas ambientais.

O lançamento de esgotos domésticos ou industriais no solo, através de práticas inadequadas ou mesmo por meio de sistemas de tratamento tipo lagoas de estabilização ou de outras técnicas de aplicação de resíduos líquidos no solo, pode resultar no carreamento de impurezas para águas superficiais ou subterrâneas, causando poluição.

Além disso, um solo com microrganismos oriundos de dejetos pode, através do contato com a pele humana, transmitir algumas doenças, principalmente as verminoses como ancilostomíase.

Entre as medidas de controle da poluição e de suas consequências, destacam-se práticas adequadas de destinação dos resíduos sólidos, evitando os depósitos de lixo a céu aberto, afastamento adequado entre os aterros sanitários e os recursos hídricos, para evitar que líquidos no solo, alcancem a água, execução de sistemas sanitários de destinação dos dejetos; devem ser evitados os lançamentos de dejetos no solo, a céu aberto e controle dos sistemas de tratamento de esgoto através de sua disposição no solo, que devem estar sempre distantes dos recursos hídricos e adotando-se medidas de controle da infiltração dos resíduos no terreno.

Também tem relevância controle da aplicação de defensivos agrícolas, incluindo: uso de produtos menos persistentes, tais como os inseticidas fosforados e proibição de aplicação desses produtos em áreas próximas aos mananciais além de obrigatoriedade do uso do receituário agronômico para utilização desses produtos e aplicação de pesticidas na dosagem correta e na época adequada.

O controle da utilização de fertilizantes deve ser realizado, evitando a sua aplicação em áreas onde possa haver riscos de poluição da água, sendo incrementado o uso de adubos orgânicos, em substituição aos produtos químicos. E remoção periódica dos dejetos de animais e destinação adequada para os mesmos.

Os recursos hídricos, superficiais e subterrâneos, estão sujeitos a poluição por lançamento de esgotos domésticos ou industriais em águas superficiais, infiltração de esgoto no solo, até alcançar a água subterrânea, a partir de sistemas de fossa-sumidouro, de depósitos de lixo ou do lançamento de resíduos líquidos no solo, carreamento de produtos químicos, de resíduos sólidos, ou de outros detritos lançados no solo, e lançamento e infiltração de águas pluviais, que muitas vezes, conduzam esgotos ou resíduos sólidos.

Os poluentes, quando presentes na água, podem resultar em danos ao homem, às outras formas de vida e ao próprio ambiente aquático, tais como transmissão de doenças ao homem, através dos microrganismos patogênicos, malefícios causados ao homem e animais aquáticos, pelos produtos químicos tóxicos e redução da quantidade de oxigênio dissolvido na água, como consequência da intensa atividade das bactérias aeróbicas no consumo da matéria orgânica, resultando na morte de peixes e de outros organismos aquáticos.

Ainda inconvenientes relativos ao uso da água para banhos e outras práticas recreativas, prejuízos ao abastecimento industrial e aos outros usos da água, danos às propriedades marginais, com reflexos na agricultura e na irrigação, causando a desvalorização dessas áreas e proliferação excessiva de algas e de vegetação aquática, processo conhecido como eutrofização.

Sendo a água um recurso natural indispensável ao homem, é imprescindível que a sua qualidade seja preservada, por meio de medidas de controle da poluição.

O controle da poluição da água deve ser essencialmente preventivo, surgindo como medida mais eficaz a execução de sistemas sanitários de coleta e tratamento de esgotos domésticos e industriais.

Nas cidades, a construção de redes coletoras e de estações de tratamento de esgotos domésticos e industriais representa a melhor forma de evitar que esses resíduos alcancem os recursos hídricos de modo não-sanitário.

Outras medidas devem ser adotadas visando ao controle da poluição da água como afastamento adequado entre sistemas de fossas e poços, controle do “chorume” produzido em aterros de resíduos sólidos, evitando que os mesmos alcancem os recursos hídricos e preservação das áreas vizinhas aos recursos hídricos superficiais, por meio da adoção de faixas de proteção marginais aos mesmos, as quais devem ser mantidas com vegetação.

E também controle da aplicação de pesticidas e fertilizantes e disciplinamento do uso do solo nas proximidades dos recursos hídricos, evitando-se as atividades que possam resultar na poluição da água.

Poluição do ar é produzida pelos lançamentos de gases e pequenas partículas na atmosfera, que podem alterar sensivelmente a qualidade do ar, provocando a sua poluição.

Além da quantidade e do teor dos poluentes lançados na atmosfera, alguns fatores ambientais podem influir no processo de poluição do ar.

A poluição do ar depende, principalmente, de fontes de emissão de poluentes, tipos e quantidades de resíduos e período de emissão dos mesmos, e também das peculiaridades climáticas do ambiente, tais como a velocidade e direção dos ventos e a estabilidade atmosférica, as quais podem contribuir para uma maior ou menor dispersão, transformação ou remoção dos poluentes.

E também das condições topográficas que influem na circulação do ar. Um exemplo das condições climáticas contribuindo para o agravamento da poluição é o fenômeno conhecido como “inversão térmica”.

Normalmente, a temperatura da atmosfera decresce com a altura, ficando as camadas mais frias de ar sobre as camadas mais quentes. Ocorre um movimento ascendente do ar, a partir da superfície da terra, com o ar mais quente, que é mais leve subindo e o ar mais frio que é mais pesado, descendo. Este fenômeno contribui para a dispersão do ar, no sentido vertical.

Em algumas regiões, quando ocorrem condições meteorológicas anormais, acontece o fenômeno inverso, ou seja, a temperatura do ar passa a ser maior nas camadas superiores, existindo a “inversão térmica”.

Nessas situações, o movimento vertical do ar é prejudicado, formando-se uma camada estável. Os poluentes lançados na atmosfera concentram-se nas proximidades da superfície da terra, podendo resultar em grave problema de poluição. Caso comum na cidade de São Paulo.

As principais fontes de poluição atmosférica são fontes industriais, incluindo as fábricas e outros processos, tais como a queima de combustíveis derivados do petróleo, em fornos caldeiras e análogos e fenômenos ligados a transportes, compreendendo os veículos automotores de vários tipos e o tráfego aéreo.

Existem outras fontes, tais como incineração de resíduos sólidos, perdas por evaporação em petroquímica, queima de combustíveis para aquecimento de edificações, queima da vegetação e até consumo de cigarro.

Os principais poluentes atmosféricos são material particulado ou fuligem, monóxido de carbono, óxidos de enxofre, hidrocarbonetos em geral, óxidos de nitrogênio e oxidantes fotoquímicos.

A presença de poluentes na atmosfera pode resultar em prejuízos à saúde humana, aos animais, aos vegetais e aos materiais em geral, podendo serem citados danos à saúde humana, contribuindo para a maior incidência de doenças respiratórias, irritação nos olhos e pulmões, redução da visibilidade, devido à presença de partículas de materiais na atmosfera e obrigando ao uso de colírios como em São Paulo.

Também danos aos animais, prejuízos aos materiais, tais como corrosão do ferro, aço e mármore, deterioração da borracha, de produtos sintéticos e tecidos e sujeira de roupas, prédios e monumentos;

O excesso de ruído provoca alterações ambientais, constituindo a poluição acústica ou poluição sonora. Muitas atividades desenvolvidas pelo homem, principalmente nos grandes centros urbanos, resultam na emissão de sons em altas intensidades.

Entre as principais fontes de poluição acústicas, destacam-se os meios de transportes terrestres, o trafego aéreo, as obras de construção civil, as atividades industriais e aparelhos eletrodomésticos, dentre outros.

A principal consequência da poluição acústica é a perda gradativa da audição. Além disso, o excesso de ruído provoca incômodo, irritabilidade, exaustão física, distúrbios psíquicos, perturbações do sistema nervoso central, além de perturbações cardíacas e circulatórias.
A intensidade do som é medida por intermédio de uma unidade chamada decibel, expressa em escala logarítmica. Embora cada pessoa reaja de modo diferente ao barulho, pode-se dizer que o mesmo começa a tornar-se nocivo ao homem a partir do nível de 70 decibéis.

Entre as medidas de controle da poluição acústica, estão o controle da emissão de ruídos, e o disciplinamento do uso e ocupação do solo, de modo que as atividades barulhentas, tais como aeroportos e zonas industriais, fiquem adequadamente distantes de áreas residenciais e de outros usos sensíveis.
Não se deve atribuir todas as responsabilidades ao setor público.

É necessário que cada um faça sua parte para o aperfeiçoamento do arranjo coletivo e obtenção de melhor qualidade de vida.

 

Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.

Sugestão de leitura: Civilização Instantânea ou Felicidade Efervescente numa Gôndola ou na Tela de um Tablet [EBook Kindle], por Roberto Naime, na Amazon.

 

Referência:
http://www.inf.furb.br/sias/saude/Textos/poluicao_ambiental.htm

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 15/01/2019

[cite]

 

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