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Instituto Mamirauá utiliza sonar para estimar abundância de peixes-boi amazônico

 

No retorno para a base de campo, a equipe analisa as imagens em um software específico. Foto: João Alkmim / Instituto Mamirauá
No retorno para a base de campo, a equipe analisa as imagens em um software específico. Foto: João Alkmim / Instituto Mamirauá

 

O sonar é um equipamento utilizado para obter imagens de áreas submersas. Segundo registros históricos, sua utilização teve início com o naufrágio do navio britânico Titanic, em 1912, algumas horas depois de colidir com um gigantesco iceberg. Também é muito utilizado durante períodos de guerra, para localização de submarinos, na pesca, estudos atmosféricos e em pesquisas científicas. “É como um raio-x do que está abaixo da superfície”, comparou a oceanógrafa Miriam Marmontel, líder do Grupo de Pesquisa em Mamíferos Aquáticos Amazônicos do Instituto Mamirauá que vem utilizando esse equipamento para estimar a abundância de peixes-boi no Lago Amanã, na reserva de desenvolvimento sustentável de mesmo nome.

É o que explica a mestranda da Universidade Federal de Rio Grande e pesquisadora do Instituto Mamirauá, Camila Carvalho de Carvalho: “O objetivo final do trabalho do sonar é estimar a abundância de peixes-boi no Lago Amanã. Nós estamos nas etapas iniciais, ajustando as configurações, tentando encontrar a melhor maneira de realizar os transectos em um lago com mais de 40 km de extensão. Nesta etapa, nós também estamos buscando imagens de outras espécies que possam se confundir com o peixe-boi amazônico numa imagem de sonar como os outros grandes vertebrados aquáticos: pirarucu, botos, tucuxis e jacarés. Com isso, vamos ter um banco de imagens completo que auxiliará na interpretação das imagens obtidas com o sonar”.

Um sonar opera por variações na velocidade do som, principalmente no plano vertical. Um transdutor é acoplado na parte traseira de um bote e lançado no lago, ou rio. Com o bote em movimento é possível fazer uma varredura da área amostrada. “Nós utilizamos um sonar de varredura lateral, que emite um som, numa frequência específica. A partir de um “tempo de reflexão” entre a emissão da onda sonora e o objeto, que é captado pelo transdutor, uma imagem é gerada a a gente pode observar instantaneamente no visor do sonar, uma tela de 9 polegadas. Além disso, as imagens são gravadas em formato de vídeo e analisadas novamente utilizando um software específico”, afirmou Camila.

Já foram realizadas quatro expedições com o uso do sonar, entre 2016 e 2017. As duas últimas contaram com a visita do Dr. Daniel Gonzalez-Socoloske, pioneiro no uso do sonar de varredura lateral para a pesquisa com peixes-boi marinhos. A expedição realizada em dezembro teve o objetivo de detectar os peixes-boi em áreas mais profundas do Lago Amanã. “Outro uso do sonar é caracterizar o ambiente. Nós identificamos com o sonar as áreas de maior profundidade do lago e realizamos as transecções nessas áreas. Através das informações dos moradores locais, a gente aprendeu que os peixes-boi se agregam nos poços do lago Amanã durante o período da seca. Então, esse seria o momento mais propício para a detecção dos peixes-boi com o sonar. Nós fizemos esse estudo no ano passado e vamos repetir este ano”, explanou a pesquisadora.

Para Camila, o trabalho também permite um acompanhamento sobre a população de peixes-boi: “Uma das maiores questões, desde o tempo da caça comercial do peixe-boi amazônico, é saber quantos indivíduos restaram e se a população tem se recuperado desde o período de exploração. Então, desenvolvendo o método do sonar para obter os dados de abundância anuais, a gente pode acompanhar se a população vem se recuperando ao longo dos anos no Lago Amanã e inclusive aplicar o método em outras áreas dentro e fora da Reserva”

Fonte: MCTIC

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 09/02/2018

 

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