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Um novo arranjo de equilíbrio, artigo de Roberto Naime

 

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[EcoDebate] Países como o Butão já substituíram a noção de acumulação de bens que é sustentada no Produto Interno Bruto (PIB), por indicadores de felicidade existencial para mensurar parâmetros de vida.

Também já induziram e determinaram o uso apenas da agricultura orgânica, dispensando a ‘venenama’ dos agrotóxicos ou aos organismos geneticamente modificados, chamados de transgênicos.

Este é o caminho para novo arranjo de equilíbrio? Sem dúvida, pode ser uma nova trilha por onde transite a civilização humana. Seria necessário a adesão de todos os países à mesma postura? Não se sabe, mas que um novo arranjo de equilíbrio social da civilização humana se faz urgente, disto não existe a menor dúvida.

Não é preciso ser vidente para saber que qualquer conferência internacional de clima não será satisfatória, antes de se alterarem as premissas de permanente incremento, que estão subjacentes aos modelos econômicos atuais, independente das ideologias.

Sempre se culpa o capitalismo pelas mazelas ambientais. Não é verdade. A culpa é das premissas de incremento permanente, utilizadas tanto nos países de livre iniciativa quanto nos países ditos socialistas.

Com o agravante de que nos referidos países socialistas, a ausência de liberdade de imprensa, encobriu as maiores hecatombes ambientais.

É necessário construir novo arranjo de equilíbrio social, antes de qualquer outra modificação. E para isto talvez a civilização humana tenha de passar por uma profunda metamorfose de valores, antes de qualquer outra coisa.

Somente esta ressignificação da vida pode substituir a noção de ter pela de ser, como psicólogos existencialistas como Karl Rogers, Erich Fromm e Cristopher Lasch, autor de “O mínimo eu”, já manifestavam há bastante tempo.

Evidente que é necessário ter o que se precisa para viver. Mas não é necessário nada além disto. Somente assim a civilização humana poderá buscar um equilíbrio dinâmico ou homeostático como nos ecossistemas naturais.

Hoje cidades, que são os ecossistemas urbanos e humanos, importam água, energia e alimentos e exportam esgotos e resíduos sólidos. Parece que enquanto este cenário não for enfrentado, não se alcançará a mínima equidade e não se viabilizará o futuro da civilização humana.

Por isso se sabe que leis e normas não vão resolver os problemas, embora sejam relevantes numa sociedade regida pelo direito positivado.

A civilização humana determinará nova autopoiese sistêmica, na acepção livre da semântica conceitual de Niklas Luhmann e Ulrich Beck, que contemple a solução dos maiores problemas e contradições exibidas pelo atual arranjo de equilíbrio.

Que é um arranjo muito vulnerável. Para sua própria sobrevivência, este “sistema” vai acabar impondo uma nova metamorfose efetiva.

A autopoiese sistêmica dominante necessita ser alterada. Pois hoje só o consumismo garante a manutenção dos círculos virtuosos da sociedade.

Aumento de consumo gera maiores tributos, maior capacidade de intervenção estatal, maior lucratividade organizacional e manutenção das taxas de geração de ocupação e renda.

O consumismo precisa ser substituído pela ideia de satisfazer as necessidades dentro de ciclos e necessidades concretas e não de desejos criados por artifícios publicitários.

Ocorre enfatizar que nada é contra a livre-iniciativa. Que, sem dúvida, sempre foi e parece que sempre será o sistema que melhor recepciona a liberdade, a democracia e a imprensa livre.

Uma nova autopoise sistêmica para o arranjo social, é urgente e necessária. Para compatibilizar a civilização humana com as possibilidades e características planetárias.

Senão a espécie humana, tal como dinossauros e tantas outras, determinará sua passagem no planeta e sua posterior extinção, por não ser capaz de formular estratégias de resistência para vulnerabilidades climáticas, alimentares, hídricas ou energéticas.

Aos que classificam de simplórias ou idealistas manifestações deste tipo, se constata que é necessário enfrentar com lucidez a realidade para que não se viabilizem os cenários catastróficos da filmografia ficcional da fábrica de entretenimento “hollywoodiana”.

Que molda cenários com bandos ancestralizados, submetidos a forças da natureza, em permanente conflito por resquícios de água ou energia entre acumulações de resíduos sólidos.

Ou lutando contra criaturas resultantes de processos biotecnológicos descontrolados. Não se deseja que a humanidade tenha esta trajetória.

Mas esta é uma das principais motivações da indústria de entretenimento da principal sociedade mundial de consumo de massas, que ajudou em muito a hegemonizar um modelo que apresenta visíveis sinais de esgotamento funcional e existencial.

 

Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.

Sugestão de leitura: Celebração da vida [EBook Kindle], por Roberto Naime, na Amazon.

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 21/02/2017

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