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Audiência pública no Senado mostra divergência sobre segurança de Angra 3

 

Sidney Rabello (em pronunciamento), da Associação dos Fiscais de Radioproteção e Segurança Nuclear, disse que a construção deve se manter paralisada e o projeto de contenção do edifício deve ser reformulado. Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

 

Audiência pública promovida nesta terça-feira (29) pela Comissão de Ciência e Tecnologia (CCT) expôs divergências sobre a construção da Usina de Angra 3, uma das principais metas do programa nuclear brasileiro. De um lado, acusações de que o projeto seria anacrônico e não incorporaria medidas de proteção contra acidentes recomendadas depois de desastres como os de Chernobyl (Ucrânia), em 1986, e de Fukushima (Japão), em 2011. Do outro, a garantia de que a obra segue as mais atualizadas normas de segurança adotadas no mundo.

Para o engenheiro de Segurança Nuclear e membro da Associação dos Fiscais de Radioproteção e Segurança Nuclear (Afen), Sidney Luiz Rabello, as normas de segurança de Angra 3 se restringem às que estavam em vigência na Alemanha e no Brasil entre 1975 e 1981.

Ainda segundo Rabello, o projeto não incorpora as regras da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que foram elaboradas após o acidente do reator de Three Mile Island, nos EUA, em 1979. A fusão do núcleo do reator revelou deficiências nas bases de projeto de todas as usinas da década de 1970.

Segundo ele, Angra 3 deveria incluir uma obra de contenção do núcleo do reator capaz de resistir à fusão total de seu núcleo e à liberação de material radioativo para o meio ambiente. As obras foram alvo das investigações da Operação Lava Jato e estão paradas desde setembro do ano passado.

— É uma lata velha da década de 70 em termos de segurança nuclear. Minha proposta é manter a construção parada e refazer o projeto de contenção do edifício – defendeu Rabello.

Mas o diretor-presidente da Eletrobras Eletronuclear, Bruno Campos Barretto, assegura que tanto o projeto de Angra 3 quanto as outras usinas em operação – Angra 1, que começou a funcionar em 1985, e Angra 2, em operação desde 2001– adotam as recomendações de segurança:

— Temos revisões técnicas sobre processos e gestão a cargo de entidades independentes internacionais. Isso é contínuo. Tanto a Agencia Internacional de Energia Atômica quanto a associação de operadores nucleares nos submetem a missões que emitem recomendações que nós seguimos fielmente – disse.

O diretor de Planejamento, Gestão e Meio Ambiente da Eletrobras Eletronuclear, Leonam Guimarães, reforçou que o projeto de Angra 3, reapresentado em 2010, é o que há de mais atual em termos de segurança. Ele descartou a necessidade de uma obra de contenção do núcleo do reator:

— O projeto não é o mesmo da década de 70. Ele incorporou uma série enorme de melhorias e adaptações às novas normas e requisitos, em especial requisitos de segurança – sustentou.
Irregularidades em licitação

André Pacheco Assis, professor da Universidade de Brasília (UnB), pediu que o projeto seja revisto em razão das irregularidades apontadas pela Operação Lava Jato no processo de licitação das obras.

— Isso certamente afeta a segurança dos usuários. Muitas vezes a qualidade do asfalto abre um buraco, que pode ser apenas um custo de manutenção, mas também pode provocar um acidente – exemplificou.

Para o senador Cristovam Buarque (PPS-DF), o Senado precisa aprofundar o debate sobre a segurança das usinas nucleares.

— Poucas usinas no mundo deram problemas, mas aquelas que deram causaram tragédias monumentais – afirmou o senador.

 

Da Agência Senado, in EcoDebate, 01/12/2016

 

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