EcoDebate

Plataforma de informação, artigos e notícias sobre temas socioambientais

Notícia

Rompimento da barragem da Samarco: Mancha de lama no litoral capixaba triplica de tamanho

 

Novas imagens de satélite apontam tendência de movimentação dos rejeitos da Samarco no litoral do ES. Imagem: IBAMA

 

Na terça-feira (5), dia em que se completaram dois meses do rompimento da Barragem de Fundão, em Mariana (MG), o tamanho da mancha de lama que se espalha pela superfície do mar do Espírito Santo, a partir da foz do Rio Doce, triplicou de tamanho em relação a domingo (3), e não há prazo para que os rejeitos de minério deixem de ser despejados no litoral.

O acompanhamento é feito pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e o Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema), órgão ambiental do Espírito Santo.

Apesar de ter apresentado um recuo de cerca de 90% entre 29 de dezembro e o último domingo de 168 quilômetros quadrados (km²) para 19,3 km², a dimensão da mancha voltou a crescer no dia seguinte, atingindo 66,6 km².

O comportamento errático da mancha de lama, que chegou à costa no dia 21 de novembro, se deve a fatores como a incidência de chuvas ao longo da bacia do Rio Doce, a direção dos ventos no litoral e o comportamento das marés, de acordo com o Ibama.

Para o professor de engenharia costeira da Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe/UFRJ) Paulo Rosman, não há prazo para que o rejeito de minério deixe de ser despejado na costa do município de Linhares (ES), devido à enorme quantidade de lama que ficou depositada nas margens do Rio Doce e de seus afluentes, alguns dos quais foram invadidos pela lama por mais de 80 quilômetros.

Aumento da lama na foz do Rio Doce a deve a fatores como a incidência de chuvas ao longo da bacia do Rio Doce e o comportamento das marés

“Vai depender da velocidade em que essas margens vão ser revegetadas, de modo a consolidar esse material onde está, caso contrário, sempre que chover forte no alto e médio Rio Doce, vai ser observado um aumento significativo do material em suspensão despejado no mar”, explicou o pesquisador. “O rio vai continuar barrento por muito tempo.”

Outro fator capaz de acelerar a dispersão da lama de rejeitos seria uma ação de desassoreamento do Rio Doce, diz o secretário do Meio Ambiente do Espírito Santo, Rodrigo Júdice. Ele, no entanto, responsabiliza a Samarco, empresa dona da barragem que se rompeu em Mariana (MG) no dia 5 de novembro, pela elaboração da medida.

“Eles não ficaram totalmente inertes, mas o que a gente questiona é a dimensão do esforço ante a magnitude do problema”, disse o secretário. A Samarco ainda não encaminhou aos órgãos ambientais do estado um plano emergencial de mitigação de danos ambientais, conforme determinou a Justiça de Minas Gerais no fim de novembro.

A Samarco disse que ainda trabalha na elaboração de um plano de mitigação de danos ambientais, por meio da contratação de uma consultoria especializada.

Da ABr, in EcoDebate, 07/01/2016

 

[CC BY-NC-SA 3.0][ O conteúdo da EcoDebate pode ser copiado, reproduzido e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, à Ecodebate e, se for o caso, à fonte primária da informação ]

Inclusão na lista de distribuição do Boletim Diário da revista eletrônica EcoDebate

Caso queira ser incluído(a) na lista de distribuição de nosso boletim diário, basta enviar um email para newsletter_ecodebate+subscribe@googlegroups.com . O seu e-mail será incluído e você receberá uma mensagem solicitando que confirme a inscrição.

O EcoDebate não pratica SPAM e a exigência de confirmação do e-mail de origem visa evitar que seu e-mail seja incluído indevidamente por terceiros.

Remoção da lista de distribuição do Boletim Diário da revista eletrônica EcoDebate

Para cancelar a sua inscrição neste grupo, envie um e-mail para newsletter_ecodebate+unsubscribe@googlegroups.com ou ecodebate@ecodebate.com.br. O seu e-mail será removido e você receberá uma mensagem confirmando a remoção. Observe que a remoção é automática mas não é instantânea.

3 thoughts on “Rompimento da barragem da Samarco: Mancha de lama no litoral capixaba triplica de tamanho

  • José de Castro Silva

    Teremos uma amarga saudade desse desastre por muitos anos e a SAMARCO continuará a despejar esta lama por muito anos, a despeito das ameaças e bravatas dos nossos promotores, que ameaçam muito, mas a legislação não ajuda.
    Nem a metade do que estão pretendendo acontecerá, porque isto é o retrato do caos chamado Brasil. Infelizmente.
    Não brigam por direitos? A resposta está aí; direito para os dois lados. Vence sempre quem é o mais forte. Sempre foi assim. por que agora seria diferente?
    Governadores, deputados e muita gente grande está envolvida nesta lama. Coitados dos atingidos…

  • Faltou dizer que discretamente, sem nenhum alarde, a barragem rompida continua vazando, e por isso a lama continua sendo despejada no rio Gualaxo do Norte e descendo para o Rio Doce e para o mar. De acordo com depoimento de um conhecido que mora na região, é praticament impossível conteer o vazamento.
    Penso que o Brasil deve investir forte na defesa civil ou numa outra solução de apoio às catástrofes que se repetem, mas no caso específico da mineração, o caso reflete o desmonte das leis ambientais e a participação direta dos poderes executivo e legislativo de Minas Gerais. Como vem sendo amplamente debatido neste e em outros portais, esses poderes estão agindo com grande irresponsabilidade na gestão dos recursos hidrícos e minerais, ao permitir a mineração em cabeceiras de bacias e a construção de minerodutos criminosos e devastadores sob todos os pontos de vista.
    Há outros novos sítios de mineração em Minas sendo amplamente favorecidos pelo recente desmonte do DNPM, do IEF-MG e do COPAM, conselho que era tido como “muito rigoroso” no licenciamento ambiental.

  • wagner deoliveira

    UMA VERGONHA PARA O GOVERNO DE MG

Fechado para comentários.