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Direito indígena é ameaçado nos três poderes, alerta magistrada

 

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Por Maira Heinen, da Radioagência Nacional

Cerca de 1,5 mil indígenas de todo o país participam, em Brasília, da 1ª Conferência Nacional de Política Indigenista. O evento tem como objetivo avaliar a ação do estado em relação aos povos indígenas e pensar em políticas públicas futuras.

Neste primeiro dia, uma das mesas de debate abordou as ameaças e desafios em relação aos direitos das populações tradicionais. A vice-procuradora geral da república, Déborah Duprat, reforçou que atualmente há investidas contra os povos indígenas vindas de todos os poderes, entre elas a PEC 215.

Sonora: “Nós temos no Legislativo várias iniciativas tendentes a suprimir direitos dos povos indígenas. O mais emblemático é o da PEC 215. Temos no Executivo uma paralisia dos procedimentos de demarcação. E temos agora no Judiciário uma jurisprudência que tenta diminuir direitos territoriais indígenas a partir de certas compreensões de marco temporal e de ampliação de área”.

Pela manhã, durante a abertura do evento, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, fez um discurso contra a PEC 215. Ele afirmou que a proposta que pretende transferir do poder Executivo para o Legislativo o direito de demarcar terras indígenas é um atentado contra direito garantido pela Constituição.

Sonora: “Um retrocesso que evidentemente se coloca hoje é a tentativa de mudança da Constituição pela PEC 215. De forma respeitosa, democrática, mas firme, nós temos que dizer não à PEC 215. Nós temos que afirmar que o direito consagrado na Constituição de 1988 é intocável por força das regras que estão ali afirmadas”.

A indígena maranhense, Sônia Guajajara, coordenadora da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, cobrou do ministro efetividade do governo federal contra a proposta. Segundo ela, o governo se coloca contra, mas edita decretos que criminalizam as populações indígenas.

Sonora: “Nós não sabemos como acreditar num governo que se pronuncia contra a PEC 215, mas ao mesmo tempo faz um decreto, com uma lei antiterrorismo, que criminaliza, que prende as lideranças que se manifestam, que protestam pela garantia do seu território”.

Entre as etnias, a esperança é que, ao final da conferência, haja um pacto com demonstração concreta por parte do governo federal. Um exemplo esperado pelos índios é a criação do conselho que vai estabelecer as prioridades, normas e critérios para a condução da Política Nacional Indigenista.

 


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in EcoDebate, 15/12/2015

 

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One thought on “Direito indígena é ameaçado nos três poderes, alerta magistrada

  • José de Castro Silva

    O índio brasileiro, em sua maioria, já adquiriu as mazelas do meio urbano, quase sempre manipulado por grupos oportunistas, ligados a movimentos sociais. Tudo por omissão do omissão do Governo, que deveria ter a obrigação de proteger as comunidades indígenas. Se o Governo não faz, o branco faz em nome de seus interesses, utilizando o índio como massa de manobra.
    A FUNAI deixou de ser, há muito tempo, a instituição que cuidava dos interesses indígenas. Virou um cabide de empregos em Brasília, sem nenhuma função. Deveria ser extinta ou totalmente reformulada para cumprir a sua função.
    Essa PEC 215 é um escárnio e o nosso parlamento, com honrosas exceções, é um zoológico de engravatados de vossas excelências, que são comprados a preço de liquidação e que sempre votam de acordo com a sua consciência. Só se forem anencéfalos, pelo que temos visto nos últimos dias. Não os reconheço como representantes do povo.

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