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Artigo

Sustentabilidade e celebração da vida IV, artigo de Roberto Naime

 

sustentabilidade e celebração da vida

 

[EcoDebate] Não se pode deixar influenciar por estados de espírito ou humores passageiros ou situações circunstanciais. Não se pode desperdiçar a menor oportunidade de celebrar tudo de bom, belo ou essencial que se passa no cotidiano da vida, quer sejam situações com a magia das bênçãos da natureza, quer sejam encantamentos essenciais, quer sejam situações do cotidiano. São estas vivências todas e estas sensações que vão desfilar eternamente em nossas lembranças. Se pode resumir, são estas as condições essenciais que materializam a vida e são permanentemente intangíveis.

Por isto felicidades geradas por atos ou procedimentos aquisicionais mesmo quando se dirigem a presentear pessoas de nossas relações só tem sentido quando ganham significados intransferíveis em contextos específicos e determinados da vida das pessoas, em geral com as quais se compartilha a vida e se deseja construir momentos de satisfação, regozijo e prazer desmesurado e intangível.

Sempre é necessário equilibrar desconfortos gerados durante a vida com permanentes celebrações de todas as possibilidades que se consegue concretizar ou perenizar, e envolvendo mais a sensações compartilhadas com indivíduos do que simples acumulações ou atos equivalentes. Por isso é a gravitação do mundo em torno da sustentabilidade é quem vai determinar mudanças de paradigma que vão alterar profundamente a forma de vida.

Assim são atos de instantaneidade. Necessitam ser maturados e assimilados corretamente para que sejam compatibilizados com a natureza humana que esta visceralmente vinculada com o planeta terra, cuja existência remonta uma evolução de quase 5 bilhões de anos. Interpretar ou associar situações de instantaneidade a contextos de vida gerados por relações com outros indivíduos ou grupos, exige muito mais do que o tempo de responder a uma mensagem compartilhada em rede social ou a uma impressão determinada por um torpedo num celular.

A felicidade efervescente ou compulsória tem que deixar de ser a mistificação de uma autopoiese determinada por um sistema que depende de sua continuidade para geração do que considera círculos de virtuosidade que se fazem necessários para manutenção do “status quo” de forma mais ou menos automática. Sempre é bom lembrar que nenhum estágio ou situação é definitiva. Se argumenta exaustivamente que o mundo girando ao redor da sustentabilidade exigirá nova autopoiese do sistema que determinará outra situação de equilíbrio. E não vai determinar uma situação tautológica, isto nunca ocorreu nas autopoieses anteriores decorrentes da evolução da civilização humana, dentro do sentido e das concepções propostos por Niklas Luhmann.

Se tem que valorizar adequadamente a vida tão generosa e todas as pequenas mágicas e bênçãos do cotidiano, sem qualquer vacilação. Não tem que ser necessária qualquer efeméride ou sofrimento especifico para determinar qualquer mudança que se faça valorizar igualmente os grandes e os pequenos eventos satisfatórios e prazerosos que se adicionam durante a materialização da vida.

Não se acredita que qualquer forma de sugestionamento possa ser tão relevante para determinar trajetórias de destinos, mas certamente mobilizar energias para atos de amizade, compartilhamento, amor ou gratidão, resulta na atração de estados de espírito compatíveis com estas frequências. Certamente energias que mobilizam ódios, temor, tristezas, amarguras ou cansaços, acabam atraindo novos estágios desta natureza ou similares.

É preciso acordar e comemorar o sol de cada dia como uma celebração. Sentir o sol ou estender a palma da mão para recolher a água da chuva, sabendo que é assim que a vida está acontecendo.

Todos os sentidos nos permitem celebrar permanentemente as sensações que o mundo nos proporciona e o coração, a alma, ou a enteléquia, não importa como a denominamos, nos traz as sensações que podem ser permanentes de satisfação e prazer ou de ansiedade, angústia e frustração por situações vivenciadas.

Tantas coisas nos esperam a cada dia, não é possível se abater ou se prostrar com provações colocadas no caminho pelo destino, que não é bom nem mau, é apenas destino. Sempre que se busca obter ou criar situações ou contextos prazerosos, indivíduos fatalistas de alguma origem que professam a crença que o destino está escrito (maktub) e não pode ser influenciado pelas ações que se desencadeia tentam induzir ou influenciar pela não-ação. Passado o primeiro impacto da cultura ocidental que determina o oposto, que se criam e se determinam contextos ou situações, se compreende que as trajetórias de vida muitas vezes são determinadas por outras forças que não somente vontades individuais, por mais férreas que sejam.

O espírito chamado de alma ou de qualquer denominação que seja, tem que tocar a vida e determinar ao coração que tudo está disponível. Por mais celulares, tablets ou aparatos tecnológicos extremamente úteis que nos auxiliem logisticamente a viver a vida, ainda é certo que o indivíduo humano além de ser sociável e conviver numa trajetória de civilização, depende de tempo para assimilar os fatos de vida em seus contextos, e desde sua origem, nos vários estágios autopoiéticos do sistema que rege a civilização, sempre procurou a felicidade que percebe como máximo compartilhamento, satisfação e continuidade de sensação prazerosa. Nada mudou desde o início.

O ser humano em geral, e o funcionamento dos mercados de todo tipo está aí para comprovar vive muito em função de expectativas, se diria até que depende mais deste vetor indicativo de tendência do que propriamente de situações existentes ou consolidadas. Sempre que algo se solidifica e fica estável, então nada é mais certo do que esta situação se aperfeiçoar e mudar. Tanto na mesma direção que se insinua como até mesmo em direções opostas se novos fatores estão se esboçando mas ainda não se consolidaram completamente. Antever e ver novas realidades antes ou conjuntamente com outros indivíduos ou grupos é uma característica que diferencia completamente a atividade do ser humano e, por conseguinte, da sociedade civilizatória que se desenvolve.

Tanto ou mais do que a situação que existe, as pessoas tem grande prazer, satisfação felicidade na possibilidade de se apropriarem de sua capacidade para determinar situações onde obtenham maior realização existencial. Isto parece ser a celebração máxima de vida que se pode obter no decorrer da vida.

Por isto é sempre uma expectativa viver cada dia, se expandir indefinidamente para luminosidades que só uma pessoa pode sintetizar em sua expansiva capacidade. Sempre que a gente se sente maximizado, tem aquela indescritível sensação de poder infinito que é também uma grande celebração de vida. É preciso ter este tempo para destinar a si próprio e a todos.

Por isto é preciso se ouvir, determinar as próprias necessidades, sentir a harmonia indescritível de campos floridos balançando ao vento como se fossem coreografias de sincronização de vida, e celebrar com mansidão e paciência todas as magias e bênçãos da vida materializada que é a trajetória de cada um.

Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.

* Leiam, ainda, os artigos anteriores desta série:

Sustentabilidade e celebração da vida I

Sustentabilidade e celebração da vida II

Sustentabilidade e celebração da vida III

 

Publicado no Portal EcoDebate, 03/03/2015

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One thought on “Sustentabilidade e celebração da vida IV, artigo de Roberto Naime

  • Texto muito interessante, mas com um português demasiado pesado, com um pequeno erro no plural do presente do indicativo do verbo ter.

Fechado para comentários.