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Estudo alerta para degelo do permafrost do Ártico em até 30 anos

 

Estudo alerta para degelo do permafrost do Ártico em até 30 anos

Estudo alerta para degelo do permafrost do Ártico em até 30 anos
Foto de Vladimir V Alexioglo

 

O “permafrost”, solo permanentemente congelado do Ártico, pode começar a derreter daqui a entre 10 e 30 anos, liberando gases de efeito estufa na atmosfera e agravando o aquecimento global, indica um estudo publicado nesta quarta-feira. Matéria da AFP, no Yahoo Notícias, com informações adicionais do EcoDebate.

O permafrost poderia começar a derreter a partir de uma elevação das temperaturas globais de 1,5°C, em comparação com níveis pré-industriais, antecipa este estudo realizado a partir de estalagmites antigas.

A temperatura global média já aumentou 0,8º Celsius após a Revolução Industrial e se a tendência atual se mantiver, limite poderá ser alcançando de “10 a 30 anos”, calcula a equipe chefiada por Gideon Henderson, do Departamento de Ciências da Terra na Universidade de Oxford, na Grã-Bretanha.

“É necessário fazer um esforço urgente para reduzir os gases de efeito estufa”, alertaram os cientistas, que realizaram o estudo sobre estalagmites e estalagmites encontradas em uma gruta perto de Lensk, no leste da Sibéria.

Estes espeleotemas se formam quando a água da superfície se infiltra no teto da gruta, onde a temperatura ambiente é a mesma da superfície. Por isso, são testemunhos preciosos de uma época em que a região não era congelada.

Graças a vestígios de urânio e isótopos de chumbo, foi possível estabelecer que eles se formaram, em média, há 945.000 anos, depois novamente há 400 mil anos.

Estes períodos de degelo do permafrost coincidem com os períodos em que a superfície da Terra era 1,5ºC mais quente do que a era pré-industrial, com uma margem de erro de 0,5°C, indicam os cientistas.

O estudo deve ser apresentado em 27 de junho, indicou a instituição em um comunicado.

Também chamado de “pergelissolo”, o permafrost representa, em média, um quarto da superfície das terras no hemisfério norte. Em nível mundial, encerra 1,7 trilhão de toneladas de carbono, ou seja, cerca do dobro do CO2 já presente na atmosfera.

Se esta matéria orgânica congelada derreter, ela liberará lentamente todo o carbono acumulado e “neutralizado” com o passar dos séculos.

Este excesso de devolvido à atmosfera não foi até agora levado em conta nas projeções sobre o aquecimento global que são objeto de negociações em nível mundial.

A comunidade internacional se colocou como meta limitar o aquecimento a 2°C e conseguir alcançar um acordo global e ambicioso de limitação dos gases-estufa em 2015 durante a conferência climática da ONU prevista para ser celebrada em Paris.

De outra forma, as ações realizadas até o presente colocam o planeta numa trajetória de 3ºC a 5°C.

Siberian caves warn of permafrost meltdown
quarta-feira, 19 de junho de 2013 Geological Society of London, The

Climate records captured in Siberian caves suggest 1.5 degrees of warming is enough to trigger thawing of permafrost, according to a paper to be given at the Geological Society of London on 27 June.

Permafrost regions cover 24% of the northern hemisphere land surface, and hold an estimated 17,000 Gt of organic carbon. Thawing releases CO2 and CH4, creating positive feedback during greenhouse warming.

The researchers, led by Gideon Henderson at the University of Oxford’s Department of Earth Sciences, studied speleothem records from the caves to identify periods where temperatures were above freezing. Speleothems, such as stalactites and stalagmites, form when water seeps through cracks in cave walls, dissolving minerals which precipitate in the air filled cave.

‘Cave temperatures usually approximate the local mean annual air temperature’ says Anton Vaks, the paper’s lead author. ‘When they drop below 0 degrees, the rock above and around the cave freezes, and speleothem growth stops.’

By dating the speleothems and comparing their ages to existing climate records, it is possible to identify the degree of warming which caused the permafrost to melt. New results from Ledyanaya Lenskaya Cave, Eastern Siberia, extend previous records to one million years, and show major deposition of speleothems at around one million years and 400,000 years ago.

‘Both episodes occurred when global temperatures increased 1.5°C ± 0.5 above the pre-industrial level’ says Vaks, ‘showing that this degree of warming is a tipping point for continuous permafrost to start thawing.’

Global temperatures are currently around 0.7 degrees above pre-industrial level, with current models suggesting that a warming of 1.5°C ± 0.5 will be achieved within 10-30 years.

The paper will be read at the Geological Society’s forthcoming William Smith Meeting, held on 25-27 June, which celebrates the 100th anniversary of the beginning of modern dating methods.

In 1913, Frederick Soddy’s research on the fundamentals of radioactivity led to the discovery of ‘isotopes’. Later that same year, Arthur Holmes published his now famous book ‘The Age of the Earth’, in which he applied this new science of radioactivity to the quantification of geologic time. Combined, these two landmark events did much to establish the field of ‘isotope geochronology’ – the science that underpins our knowledge of the absolute age of most Earth and extraterrestrial materials.

The meeting will celebrate the anniversary of these scientific landmarks, as well as discussing the latest research and application of geochronological dating, including dating the early differentiation of planets, the dating of Lunar and Martian samples, and dating periods of environmental change.

For more information, visit: http://www.geolsoc.org.uk/wsmith13

 

EcoDebate, 20/06/2013


Permafrost, degelo do permafrost, emissões de GEE, emissões de metano
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4 thoughts on “Estudo alerta para degelo do permafrost do Ártico em até 30 anos

  • O estudo da matéria diz, entre outras coisas, que:

    “O “permafrost”, solo permanentemente congelado do Ártico, pode começar a derreter daqui a entre 10 e 30 anos, liberando gases de efeito estufa na atmosfera e agravando o aquecimento global…”

    “O permafrost poderia começar a derreter a partir de uma elevação das temperaturas globais de 1,5°C,”

    “Se esta matéria orgânica congelada derreter, ela liberará lentamente todo o carbono acumulado e “neutralizado” com o passar dos séculos.”

    Ou seja, as velha e conhecida linguagem dos modeladores do clima (futuros “Engenheiros Climáticos”!!!): “Pode”, “Se”, “Poderia” blá, blá, blá. Eles completamente ignoram que as temperaturas do planeta estão em queda no mínimo desde 2002 (e já admitido pelo Metoffice que até 2017 as não haverá elevação da temperatura http://www.thegwpf.org/change-met-office-predicts-global-warming-standstill-2017/), e apenas projetam o tal derretimento a partir de saídas de modelos do IPCC, que já se sabem, estão exagerados (errados http://wattsupwiththat.files.wordpress.com/2012/12/ipcc_ar5_draft_fig1-4_without.png).

    Mas vejamos as evidências reais em alguns trabalhos recentes que contradizem este estudo que, já de antemão, é mais um destinado a promover uma agenda e pouco acrescenta em termos de ciência.

    Dmitrenko et al (2013): Recent changes in shelf hydrography in the Siberian Arctic: Potential for subsea permafrost instability. “Even under the most extreme climatic scenario tested, permafrost thaw in the Siberian shelf will not exceed 10 meters in depth by 2100 or 50 meters by the turn of the next millennium, whereas the bulk of methane stores are trapped roughly 200 meters below the sea floor.” http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1029/2011JC007218/abstract

    Sistla et al, 2013: Long-term warming restructures Arctic tundra without changing net soil carbon storage. “Over the past two decades, warming increased net eco-system carbon storage in the Arctic tundra as the growth of woody biomass outpaced the increase in CO2 emissions from subsoil microbial activity.” http://www.nature.com/nature/journal/vaop/ncurrent/pdf/nature12129.pdf

    Mas não é só isto. Seria melhor ouvir os cientistas russos sobre o assunto pois a maior parte do permafrost está no país deles.

    “No, you are wrong. The permafrost is not melting. There is no man-made climate change… Indeed above at the surface it has gotten warmer, but that’s just part of a normal cycle. The permafrost is rock hard, And that is how it is going to stay. There’s no talk of thawing.” Disse o expert Michali Grigoryev ao entrevistador, em vídeo disponível no link abaixo.

    Russian Arctic Scientist: Permafrost Changes Due To Natural Factors…”It’s Going To Be Colder”!

    http://notrickszone.com/2012/11/19/russian-arctic-scientist-permafrost-changes-due-to-natural-factors-its-going-to-be-colder/

    O pior vem agora:

    “.. cientistas inescrupulosos estão exagerando e vendendo os temores sobre degelo do permafrost e que o metano dos pântanos estão se tornando agressivos”, disse o professor Nikolai Alexeyevsky, doutor em Geografia e chefe do departamento de hidrologia terra em Moscow State University. “A Sibéria tem vastos recursos naturais, petróleo e gás, acima de tudo. Este artigo visa colocar a opinião pública contra Sibéria Ocidental e desencorajar o investimento em sua indústria, petróleo e gás. Eles estão dizendo: ‘O metano do pântano representa uma ameaça global, por isso não pode tocar na Sibéria. Eles estão deliberadamente tentando causar pânico. “Alexeyevsky diz que o permafrost tem um ciclo natural de mudança, e que avançou e recuou na era pré-industrial.

    Vale a pena ler o post todo (link abaixo) pois outros cientistas experts e respeitados da Rússia também refutam este já conhecido e surrado “scare” regurgitado todo o ano pela agenda aquecimentista.

    Fonte: Are Siberian swamps a global threat?

    http://en.rian.ru/analysis/20050822/41201605-print.html

    Não sei por que, mas prefiro confiar nos russos e nas evidências científicas. Modelos não são evidência. São apenas exercícios matemáticos úteis mas não para testar hipóteses. Eles são a hipótese. Devidamente parametrizados eles são capazes de fornecer qualquer cenário desejado. Em inglês, usa-se o termo GIGO (garbage-in-garbage-out) para definir isto.

    Mas o fato é que a guerra de (des)informação por um acordo climático não tem limites ou escrúpulos. E a pressão continua na mesma forma [errada] de sempre: com base no pânico e no medo coletivo da humanidade, que vai pressionar os políticos que vão aprovar medidas que vão favorecer governos s grandes corporações (incluindo o Big-Green). E isto lembra algumas frases celebres dos promotores da narrativa do CAGW:

    “It doesn’t matter what is true, it only matters what people believe is true.” — Paul Watson, co-founder of Greenpeace.

    “We have to offer up scary scenarios… each of us has to decide the right balance between being effective and being honest.” — Stephen Schneider, IPCC author.

    Resta saber se temos que seguir o script deles neste grande teatro.

  • Eu já tinha visto um estudo semelhante, e quando vi o título da matéria, achei que era sobre ele. Mas não é. Esse grupo de estudos do trabalho citado no artigo é russo, o trabalho que eu conhecia era americano.
    http://arctic-news.blogspot.com.br/p/global-extinction-within-one-human.html

    Considerando isso e o que seria necessário para deter esse processo:
    http://www.sciencemag.org/content/206/4417/409.short

    Acho que estamos ferrados. Não consigo acreditar que o mundo vá mudar o suficiente para não passarmos dos pontos de virada. Achava que isso seria um problema sério para daqui a umas duas gerações, mas cada novo trabalho científico me mostra que os problemas sérios (para além de tempestades e furacões extra, ou países ilha tendo que se mudar, pois isso já começou) devem vir ainda durante o que espero que seja o meu tempo de vida. E fora medidas de diminuir o carbono em nossa vida, pensar em como se preparar para o que vem por aí é desalentador.

    Deve ser bom ser como o JFB e acreditar piamente que é tudo mentira. Pena que acreditar piamente nunca foi minha praia.

  • Oi Mariana,
    Já acreditei no que vc acreditou. Mas me libertei. Hoje eu não “acredito”. Eu procuro ler e checar as fontes. O mundo não vai acabar. O céu não vai cair. Os ursinhos polares não vão morrer afogados. As ilhas não estão afundando e não irão afundar. Não há evidências científicas disso. Apenas “projeções”.

  • Mariana,

    Acessei o seu promeiro link e constatei que ele mostra que houve um “spike” de methano em Svalbard (região do estudo).

    Não sou quimico e nem físico, mas é sabido que o metano tem um ponto de saturação.

    Nesta figura (http://wattsupwiththat.files.wordpress.com/2012/12/ipcc_ar5_draft_fig1-7_methane.png?w=933&h=798) vc pode confrontar as projeções do IPCC com as observações reais e globais sobre o metano na atmosfera.

    Caso vc desconfie da fonte, vc pode encontra-la novamente em http://climatefailfiles.files.wordpress.com/2012/12/ch1-introduction_wg1ar5_sod_ch01_all_final.pdf, na página 42, e verificar que esta figura saiu do próximo relatório do IPCC (draft). Veja o quão diferente é da figura do seu link e veja como as projeções dos modelos erraram miseravelmente.

Fechado para comentários.