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Relatório do IPCC 2013 terá dados mais realista e confiáveis

 

Cenários sugeridos pelo IPCC, no 4o relatório
Cenários sugeridos pelo IPCC, no 4o relatório.

 

[Por Mariana Claudino de Melo, para o EcoDebate] O professor e pesquisador Paulo Artaxo, do Instituto de Física da USP, revelou que o relatório sobre mudanças climáticas que a ONU divulgará em setembro deste ano, não deve trazer nenhuma grande revolução a respeito das alterações no clima em curso no planeta.

O documento, preparado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC)*, de 2013 terá resultados mais embasados e com menor margem de erro, devido aos avanços tecnológicos dos instrumentos utilizados nas medições, além da inserção de outros fatores nos modelos utilizados para os testes, como a ação das florestas na regulação do clima. “Os dados desta edição serão mais realistas porque os modelos evoluíram, o que aumenta a confiabilidade” conta.

O relatório é publicado de cinco em cinco anos, desde 1988, e compila estudos de diversos centros de pesquisas. A última edição do relatório, de 2007, trouxe resultados alarmistas sobre o aumento do efeito estufa e suas consequências para o quadro socioeconômico e ambiental do mundo, o que, atualmente, é rechaçado e debatido por cientistas.

Muitos dos cenários previstos no IPCC de 2007 não se confirmaram, como a elevação da temperatura global em níveis altos para o espaço de tempo determinado, o que fez crescer críticas aos cientistas envolvidos nas pesquisas e alimentou posturas negacionistas de uma parte dos acadêmicos, que afirmam que o aquecimento global não acontece devido à ação humana. No entanto, para Artaxo, um dos problemas que leva à queda da credibilidade do IPCC é sua má interpretação e deturpação da sua função pela imprensa. Ele esclarece que o IPCC não realiza as pesquisas, apenas divulga cenários propostos por grupos de estudos de instituições no mundo.

Além disso, os dados gerados, que já são estimativas, são utilizados em outros modelos que também estimam efeitos, o que aumenta a incerteza. Mesmo assim, o IPCC é importante por alertar sobre as alterações do clima e auxiliar em trabalhos preventivos que podem reparar danos ao meio ambiente. Para exemplificar, Artaxo destacou as secas de 2005 e 2010 na Amazônia. “Na ocasião, fui questionado sobre a construção de poços no local. Se você me perguntasse isso há 20 anos atrás, eu diria que era impossível precisar de poços numa região que chove 3000 mm por ano”. A detecção da causa de eventos como essas secas pode ajudar a prever a sazonalidade desses fenômenos e seus impactos.

Para o pesquisador, secas como a de 2005 causam alterações drásticas na absorção de CO2 da atmosfera. “As plantas, sob stress hídrico, fecham os estômatos para não perderem água. Assim, deixam de fixar altas quantidades de carbono”. Esse comprometimento da absorção leva à perda da biomassa, mesmo que ocorra em períodos alternados, e pode levar ao desaparecimento de porções da Floresta Amazônica.

* Nota: O IPCC foi criado em 1988 pela Organização das Nações Unidas (ONU) e reúne milhares de cientistas de diversos países. Já foram publicados quatro relatórios. A divulgação completa do quinto, incluindo os trabalhos dos grupos 2 e 3, deverá ocorrer ainda em 2013.

Mariana Melo é estudante de jornalismo da USP

*A entrevista coletiva com Artaxo foi realizada no Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP no dia 4 de maio, e faz parte do 7º Módulo do Curso Descobrir a Amazônia, Descobrir-se Repórter, realizado pela Oboré.

EcoDebate, 13/05/2013


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