Justificativas para evidenciação sócio-ambiental, artigo de Roberto Naime

[EcoDebate] Diversas abordagens teóricas têm sido utilizadas para investigar os casos de divulgação voluntária de informações ambientais e sociais, tais como: a teoria da divulgação, a teoria da legitimidade, a teoria dos stakeholders, a teoria institucional, a teoria da economia política e a teoria cultural.

Primeiramente, serão apresentadas abordagens teóricas da contabilidade com base nos conceitos de Hendriksen e Van Breda (1999) e Iudicibus (2000). As principais abordagens são: ética, comportamental, macroeconômica, sociológica e sistêmica.

A teoria da abordagem ética “dá ênfase aos conceitos de justiça, verdade e equidade” (Hendriksen e Van Breda, 1999, p. 25). A dificuldade desta abordagem está em definir, de forma objetiva, o significado de justo, verdadeiro. Neste contexto, o sistema de informações deveria ser neutro, com ausência de viés e fiel na execução e representação das características da informação, ou seja, a informação gerada deve ser neutra e não pode receber nenhum brilho de modo a influenciar o comportamento do usuário da mesma.

Na teoria da abordagem comportamental, as informações contábeis voltadas à correta tomada de decisões têm influência direta sobre o comportamento humano, ou seja, alcança os campos da Psicologia, da Sociologia e da Economia. Para Iudícibus, (2000, p.24) “as informações contábeis deveriam ser feitas ‘sob medida’, de forma que os usuários reagissem para tomar a decisão correta.

Na teoria da abordagem sociológica observa-se, atualmente, no campo da pesquisa que, além das universidades, a sociedade e os empresários preocupam-se em analisar a empresa como instituição social e não somente como uma instituição econômica.

Assim, o objetivo da contabilidade, numa abordagem social, é disponibilizar informações para shareholders (acionistas) e para stakeholders (parceiros ou atores sociais relevantes) da forma mais objetiva possível, permitindo, assim, uma avaliação das atividades da empresa relacionada com as partes interessadas.

Iudícibus (2000, p. 25) afirma:

* A Contabilidade, nesta abordagem, é julgada por seus efeitos no campo sociológico. É uma abordagem do tipo “bem-estar social”, no sentido de que os procedimentos contábeis e os relatórios emanados da Contabilidade deveriam atender a finalidades sociais mais amplas […].

A abordagem sistêmica ou teoria da comunicação “[…] pode ser conceituada como o método de identificar, mensurar e comunicar informação econômica, financeira, física e social […], (Iudicibus, 2000, p. 26) possibilitando o julgamento e a decisão adequados por parte dos usuários da informação. Assim, para o correto atendimento aos usuários das informações empresariais faz-se necessário um amplo conhecimento, por parte do contador, do sistema de informação empresarial e do negócio da empresa, oferecendo, com base nesse entendimento, informações direcionadas ao pleno julgamento e avaliação do usuário interno e externo.

Desse modo, com base na teoria da comunicação, a contabilidade sempre esteve presente no desenvolvimento econômico mundial, sendo, inclusive, considerada como “linguagem internacional dos negócios”, contribuindo através do processamento, armazenamento e demonstrativos para o planejamento e a tomada de decisões e servindo de base para o controle, análise e avaliação. Com uma visão que contempla o passado, o presente e o futuro, atende sempre aos mais diversos usuários e prima pela prosperidade da organização empresarial.

Ressalta-se, também, que as teorias da contabilidade, apresentadas neste trabalho, podem ser classificadas em “empírica ou não empírica, dedutiva ou indedutiva, e normativa ou positiva (HENDRIKSEN e VAN BREDA 1999). No cenário internacional, as pesquisas contábeis empregam, de forma intensa, a abordagem positiva, demonstrando que a contabilidade não tem como objetivo apenas atender a normas. No Brasil, apesar de estar em fase inicial, o uso dessa teoria está em expansão (YAMAMOTO; SALOTTI, 2006).

A abordagem normativa surgiu a partir das necessidades de solucionar os problemas pragmáticos da profissão. Conforme Lopes (2002), o foco é na definição de regras e normas. Na abordagem positiva “o entendimento do papel da contabilidade dentro da sociedade e sua evolução pressupõe um entendimento mais amplo da sociedade e de suas inter-relações” (LOPES e MARTINS 2007, p.2).

HENDRIKSEN, Eldon S.; VAN BREDA, Michael F. Teoria da Contabilidade. São Paulo: Atlas, 1999.
IUDÍCIBUS, S. Teoria da Contabilidade. São Paulo: Atlas, 2000.
LOPES, A. B. A. e MARTINS, E. Teoria da Contabilidade – Uma Nova Abordagem. São Paulo. Atlas, 2007.
YAMAMOTO, Marina M.; SALOTTI, Bruno M. Informação contábil: estudos sobre a sua divulgação no mercado de capitais. São Paulo. Atlas, 2006.

Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.

EcoDebate, 16/11/2012

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