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Renato Maluf, ex-presidente do Consea, duvida que Rio+20 vá discutir mudanças no padrão de consumo e da produção de alimentos

 

Explosão do consumo no século XX
Explosão do consumo no século XX

As respostas para o combate à fome na Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20) não deverão incorporar estratégias para mudança dos padrões de consumo e de produção de alimentos considerados insustentáveis ambientalmente. A avaliação é do economista Renato Maluf, ex-presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea).

Convidado para o debate Diálogos Sustentáveis na Rio+20, Maluf não está otimista quanto ao encontro, que começa na próxima quarta-feira (13). Para ele, os governos perderão uma oportunidade de investir na agricultura familiar de base agroecológica, que pode contribuir para redução da desnutrição e da pobreza. No âmbito da segurança alimentar, ele avalia que o foco serão ações para melhor distribuição de alimentos.

“Não tenho grandes expectativas de que as resoluções irão além da preocupação imediata de assegurar abastecimento estável e a preços acessíveis, infelizmente, sem a devida preocupação com a insustentabilidade e as repercussões sociais dos modelos de produção e consumo que prevalecem no sistema alimentar global”, declarou Maluf.

Segundo o especialista, na temática do combate à fome, as propostas para o documento final da Rio+20 “estão muito aquém do que o planeta e a saúde humana estão demandando”, como o fim do mal uso da terra, a redução do uso de agrotóxicos no plantio e a menor utilização de recursos naturais como água, além de energia elétrica.

Na avaliação de Maluf, as recomendações deveriam assegurar condições para uma alimentação regular e saudável, que “pode ser resultado da dificuldade de aquisição dos bens pelas famílias pobres ou pela impossibilidade de produção das famílias rurais, cuja condição mal lhes permite o autoconsumo”. Segundo Maluf, nos dias de hoje, a fome não resulta de déficit.

“O que não se pode continuar admitindo é que a fome no mundo se deva à falta de alimentos produzidos nos atuais modelos insustentáveis e injustos socialmente”, observou o economista, que também coordena o Centro de Referência em Segurança Alimentar da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), lembrando que o desperdício também precisa ser atacado.

No Brasil, na defesa de práticas produtivas que não agridam o meio ambiente, o especialista enfatiza que é necessário garantir terras e recursos naturais às populações tradicionais mais vulneráveis, como índios e quilombolas. “Nesses casos, a terra é condição para a existência [da produção de alimentos de forma sustentável].”

Maluf acrescenta que a sociedade tem papel crucial nesse processo, fiscalizando programas de governo, produzindo, distribuindo e consumindo produtos locais, e também reduzindo distâncias entre as duas pontas da cadeia de produção de alimentos.

Reportagem de Isabela Vieira, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 11/06/2012

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