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Passeata em Tóquio pede fim de usinas nucleares após tragédia em Fukushima

 

Milhares de japoneses pediram neste domingo em Tóquio o fim do uso da energia atômica no primeiro aniversário do acidente na usina nuclear de Fukushima, que despertou o fantasma da radioatividade no país e mantém mais de 80 mil pessoas longe de suas casas. Matéria da EFE.

O foco dos protestos contra a energia nuclear foi o parque de Hibiya, em Tóquio, onde japoneses de todas as idades se reuniram trazendo chamativos cartazes.

A chamada “Grande Marcha de Tóquio” começou pouco depois que a multidão reunida prestou uma homenagem às vítimas com um minuto de silêncio na mesma hora em que há um ano aconteceu o terremoto de 9 graus na escala Richter, gerando um tsunami que tirou a vida de mais de 19 mil pessoas.

Em meio a uma forte presença policial que acompanhou de perto a passeata pelo distrito comercial de Ginza e a área de ministérios de Kasumigaseki, os participantes (45 mil segundo os organizadores e 6,8 mil segundo a polícia) foram divididos em grupos para não entupir as ruas em uma tarde ensolarada.

“Com Fukushima já tivemos o bastante”, disse à Agência Efe Yuta Ito, de 24 anos e um dos que levou à marcha um cartaz pelo fim das usinas nucleares.

“Deveriam fechar todas as usinas nucleares. No Japão temos tecnologia para criar novas fontes de energia, mas o governo prefere a nuclear porque é mais barata”, afirmou.

A crise nuclear levou ao decreto de uma zona de exclusão de 20 quilômetros em torno da usina de Fukushima Daiichi por conta da alta radiação, o que demandou a evacuação de todos os municípios dessa área, enquanto dezenas de milhares de pessoas abandonaram as regiões mais afastadas que também foram afetadas pela radioatividade.

Após o acidente nuclear, 52 dos 54 reatores nucleares do Japão foram fechados por segurança ou revisões rotineiras, o que disparou as importações de hidrocarbonetos e deu origem a apelos para um consumo responsável, amplificando as vozes que reivindicam fontes de energia alternativas.

Neste domingo, o primeiro-ministro japonês, Yoshihiko Noda, indicou em entrevista coletiva que após avaliar os resultados dos testes de segurança se consultará com as autoridades locais para analisar a possível reabertura das usinas, embora tenha evitado estabelecer uma data.

Após Fukushima, o governo japonês indicou que reduzirá sua dependência da energia nuclear, mas as autoridades ainda não elaboraram um plano nem estabeleceram objetivos concretos.

Os manifestantes levavam cartazes que responsabilizavam diretamente a operadora da usina afetada, Tepco, e o gabinete de Noda pela tragédia nuclear, enquanto outros denunciavam a contaminação de alimentos e pediam a proteção da população, sobretudo as crianças.

No ano passado foram detectados na região próxima à usina carregamentos de carne, chá e cereais contaminados e, apesar da fiscalização que está sendo efetuada, muitos consumidores ainda olham com desconfiança para os alimentos produzidos na área.

Para atenuar os temores, em 1º de abril entrarão em vigor limites mais rigorosos para os alimentos como carne, legumes e pescado, cuja taxa máxima de césio radioativo não poderá superar os 100 bequeréis por quilo, um limite cinco vezes menor do que o atual.

“O que mais me preocupa são os alimentos. Não acho que se possa dizer que são 100% seguros”, indicou à Efe Takeda, de 36 anos e integrante do coletivo “Jovens contra as usinas nucleares”.

Ao término da manifestação, os participantes se reuniram em torno do edifício da Dieta (Parlamento japonês) para formar uma cadeia humana e pedir ao governo que abandone a energia atômica.

Inúmeros policiais vigiavam o estreito espaço pelo qual passava a longa fila, cujos integrantes levavam velas e pedidos para o Executivo.

Em dezembro do ano passado, o governo decretou que os reatores de Fukushima estavam em “parada fria”, abaixo dos 100 graus centígrados, mas cerca de 3 mil trabalhadores ainda se esforçam todos os dias para manter a estabilidade e evitar vazamentos antes de retirar o combustível nuclear e desativar os reatores.

Estima-se que para extrair todo o combustível serão necessários aproximadamente 25 anos, aos quais será preciso somar outros 15 para fechar a usina.

Matéria de Javier Picazo Feliú, da EFE, no UOL Notícias.

EcoDebate, 12/03/2012

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