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Energia eólica vira ‘pré-sal do sertão’ e atrai fabricantes para polo baiano

 

Francesa Alstom inicia nesta semana produção de aerogeradores; GE, Vestas e Torrebras devem ser as próximas a chegar ao Estado

No próximo dia 30, a francesa Alstom inicia a produção de aerogeradores no Polo Industrial de Camaçari, região metropolitana de Salvador. Com a entrada em atividade, após investimentos de R$ 50 milhões, a empresa será a segunda no Estado a produzir maquinário para transformar vento em energia elétrica – a espanhola Gamesa está instalada desde julho no polo, após investimento semelhante. Reportagem de Tiago Décimo, em O Estado de S.Paulo.

Além delas, a americana GE Energy já assinou um protocolo de intenções com o governo da Bahia para se tornar a terceira a fabricar aerogeradores na Bahia, com investimento inicial projetado de R$ 45 milhões. A dinamarquesa Vestas, a maior do mundo no setor, também negocia com o governo. E a Torrebras, subsidiária brasileira da espanhola Windar Renovables, quer ser a primeira fábrica de torres eólicas no Estado.

Em comum, as empresas tentam aproveitar o grande potencial eólico brasileiro – em especial o baiano – e o momento propício. A energia eólica virou uma espécie de queridinha entre administradores públicos do País.

“Nosso objetivo é transformar a Bahia em um polo de construção de equipamentos aerogeradores para suprir toda a demanda não só da Bahia, mas do Brasil e até de toda a América Latina”, diz o governador Jaques Wagner.

Diversificação. O fenômeno foi iniciado na metade da década passada, quando o governo federal decidiu apostar na diversificação da matriz energética do País.

Considerada uma das formas ambientalmente menos agressivas de geração de energia elétrica e de mais rápida instalação, a eólica rapidamente passou a ter posição de destaque nas discussões.

Na Bahia, o grande potencial para extração de energia elétrica a partir dos ventos foi facilmente identificado. “Os ventos baianos são considerados um dos melhores do mundo, por serem unidirecionais e constantes”, afirma o diretor de Operações da Renova Energia, o principal investidor brasileiro do setor, Renato Amaral.

Outra característica que diferencia o Estado dos demais, em especial dos vizinhos nordestinos, é que os melhores ventos para a produção de energia não são registrados no litoral, mas exatamente na área mais pobre do território, o semiárido. A frequência dos ventos, que ficam mais fortes nas épocas de seca – registrada entre oito e dez meses por ano na região – também é tratada como benéfica entre os produtores.

Por causa dessas características, a produção de energia eólica na Bahia ganhou o apelido de “pré-sal do sertão” entre os mais entusiasmados (leia mais na reportagem abaixo). O fato de estar longe do litoral também facilita alguns trâmites burocráticos.

“Construções desse tipo perto do litoral são mais complexas do ponto de vista ambiental e logístico”, diz o diretor-presidente da Desenvix, José Antunes Sobrinho. A empresa será a responsável pela inauguração do primeiro parque eólico baiano, no início do ano que vem.

O principal entrave para a disseminação da tecnologia pela Bahia era o custo de produção desse tipo de energia. Não mais. O volume de contratos e a oferta, cada vez maior, de componentes para torres eólicas derrubaram os custos, tornando a alternativa eólica uma das mais baratas para o Estado.

Leilões. O governo federal realizou três leilões para exploração de áreas entre 2009 e 2011. Desse total de áreas leiloadas, 52 estão localizadas na Bahia, Estado que concentra 20% do total de potencial energético comercializado no País – 1,4 mil megawatts (MW) dos 7 mil MW envolvidos nos leilões. O montante corresponde a mais de 10% do total de energia produzida nas hidrelétricas e termelétricas no Estado hoje, cerca de 11 mil MW.

Os investimentos já confirmados pelas empresas no Estado chegam a R$ 6 bilhões, mas a projeção é que alcancem dez vezes esse montante nos próximos anos, fazendo com que a Bahia seja o principal produtor desse tipo de energia no País.

O potencial energético, considerando a tecnologia disponível – com o uso de torres de 100 metros de altura no lugar das de 60 metros, as mais comuns hoje -, por exemplo, chega a 29 mil MW. Algo como mais de duas usinas de Itaipu, operando na capacidade máxima, ou 20% do potencial total de produção de energia eólica do País.

EcoDebate, 29/11/2011

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