EcoDebate

Plataforma de informação, artigos e notícias sobre temas socioambientais

Notícia

Atuação de grileiros e demarcação de terras indígenas pautaram Conferência no CCE/USP

[Por Michelle Magri para o EcoDebate] No dia 7 de maio, durante a Conferência que integra a 5ª edição do módulo “Descobrir a Amazônia, Descobrir-se Repórter”, realizado pela OBORÉ no Centro de Computação Eletrônica da Universidade de São Paulo (CCE/USP), o professor e doutor do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, Ariovaldo Umbelino de Oliveira, apresentou uma série de questões políticas e sociais que envolvem a Amazônia.

A construção de Usinas Hidrelétricas no Brasil, sobretudo a construção da Usina de Belo Monte, no rio Xingu, foi questionada pelo professor. Para ele, muitas vezes elas são inviáveis por causarem efeitos drásticos na vida de povos indígenas e por nem sempre serem economicamente compensadoras. De acordo com Ariovaldo, a construção de hidrelétricas no País vai além da necessidade de gerar energia: “Por trás do argumento da construção está o objetivo de extrair recursos naturais da Amazônia”, ressaltou.

O professor falou ainda da derrubada desenfreada de árvores na floresta e destacou que mesmo com a fiscalização via satélite, implantada pelo Governo Lula, o desmatamento na Amazônia continua se alastrando. Isso porque a vigilância é burlada. Segundo ele, a nova estratégia das empresas exploradoras é retirar as árvores durante as épocas de chuva, já que as nuvens impedem a captação das imagens dos satélites.

Para o professor há uma série de irregularidades que permeiam as discussões da Amazônia. Uma delas é o não cumprimento de um dos artigos da constituição que dá ao Brasil um prazo de 5 anos para demarcar as terras indígenas. No entanto até hoje isso não foi feito. O professor ainda ressaltou que em 8 anos de mandato, o Partido dos Trabalhadores (PT), foi o que menos fez demarcação indígena.

As falhas da gestão do país fazem com que os índios sintam-se desprotegidos e convencidos de que não têm seus direitos garantidos pela Constituição. A consequência disso é a participação cada vez mais frequente desses índios em conflitos. Para se ter uma idéia, segundo o professor, o Brasil tem dois conflitos de terras por dia e a perspectiva é de que esse número seja crescente.

Outra questão enfatizada por Umbelino foi a quantidade de terras sendo vendidas na floresta. As propriedades da Amazônia são públicas, mas mesmo assim, há presença de “grileiros” na região. Essas pessoas falsificam documentos para a venda ilegal de propriedades como se fossem um grande loteamento. Porém, na verdade, estas terras unidas formam um grande latifúndio. 

Para encerrar a Conferência, o professor destacou que grande parte da floresta já está desmatada e que cerca de 55% da madeira que sai da Amazônia é ilegal e consumida por  paulistas, cariocas e mineiros, sobretudo moradores de grandes cidades.

Michelle Magri – Estudante de jornalismo da Universidade Nove de Julho (UniNove) e integrante do 5° módulo Descobrir a Amazônia, Descobrir-se Repórter, realizado pela Oboré.

EcoDebate, 10/06/2011

[ O conteúdo do EcoDebate é “Copyleft”, podendo ser copiado, reproduzido e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, ao Ecodebate e, se for o caso, à fonte primária da informação ]

Inclusão na lista de distribuição do Boletim Diário do Portal EcoDebate
Caso queira ser incluído(a) na lista de distribuição de nosso boletim diário, basta clicar no LINK e preencher o formulário de inscrição. O seu e-mail será incluído e você receberá uma mensagem solicitando que confirme a inscrição.

O EcoDebate não pratica SPAM e a exigência de confirmação do e-mail de origem visa evitar que seu e-mail seja incluído indevidamente por terceiros.

Alexa