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Líder no uso de sementes transgênicas de soja e milho, RS perde em produtividade

Embora lidere o ranking dos Estados brasileiros no uso de sementes transgênicas de soja e milho, o Rio Grande do Sul está atrasado em termos de produtividade das duas lavouras em relação ao resto do país. Os gaúchos estão em último lugar na região Sul e, apesar da melhoria gradativa do desempenho nos últimos anos, ainda levariam pelo menos uma década, no ritmo atual, para alcançar os paranaenses. Reportagem do Valor Econômico.

Os dados são um desdobramento do estudo sobre benefícios socioambientais da biotecnologia, divulgado em março pela Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem) e pela consultoria Céleres. Segundo o levantamento, o Rio Grande do Sul está em último lugar em rendimento entre os 17 Estados produtores de soja (incluindo o Distrito Federal), com previsão de 2.680 quilos por hectare na safra 2010/11, e em 9º no milho (4.630 kg/ha).

Mas o problema, conforme o presidente da Abrasem, o gaúcho Narciso Barison Neto, não está nos transgênicos, e sim, no caso da soja, no elevado índice de multiplicação de sementes nas propriedades. A prática reduz o uso de material certificado, produzido pelas sementeiras ligadas à entidade, que têm maior vigor, são aprimorados todos os anos e proporcionam melhor produtividade, explica. “O Rio Grande do Sul é o Estado que mais salva sementes [para plantio na safra seguinte]”.

Conforme Anderson Galvão, da Céleres, 99% das lavouras de soja no Estado (4,1 milhões de hectares) são plantadas com sementes transgênicas, ante 76,2% na média nacional. Já o uso de sementes certificadas limita-se a 45%, enquanto no Brasil o percentual chega a 75%. Com isso, a produtividade gaúcha ficará 14% abaixo da média brasileira e 19% inferior à paranaense em 2010/11. Já as plantações transgênicas gaúchas de milho ocupam 68% da área de 1 milhão de hectares, contra 44,4% no país (considerada apenas a safra de verão). O índice de sementes certificadas também é maior no Estado (95%) do que na média nacional (75%), mas aí o problema é outro.

Segundo Galvão, entre 60% e 70% das lavouras gaúchas de milho são semeadas com dois tipos de híbridos mais baratos e de baixa tecnologia, distribuídos principalmente por programas de apoio governamentais. Em todo o Brasil esse índice é de 50% a 55%, e embora a produtividade do Estado supere em 10% a média nacional nesta safra, ela perde de longe para o Paraná e o Distrito Federal, que passam dos 8 mil quilos por hectare, conforme a Céleres.

O estudo da Céleres mostra que nos últimos dez anos a produção, a área plantada e a produtividade da soja gaúcha cresceram 52%, 24% e 38%, respectivamente, enquanto o uso de transgênicos avançou de quase 70% para 99% da área. De 2006/07 ao ciclo 2010/11, o plantio de sementes certificadas também avançou de menos de 5% da área para 45%.

Conforme Barison Neto, o percentual de material certificado era de 65% até 1999, antes da chegada das sementes transgênicas contrabandeadas da Argentina e batizadas de “Maradona”. Agora, diz Galvão, o fluxo se inverteu. Há dois anos são os argentinos que levam do Rio Grande do Sul sementes de soja RR com germoplasma melhorado, conhecidas pelos vizinhos como “Ronaldinho”. No milho, a área plantada nos últimos dez anos teve queda de 30%, mas produção e rendimento avançaram 19% e 56%. As sementes transgênicas avançaram de menos de 10% para 68% desde 2008/09, enquanto desde 2006/07 o uso de material certificado cresceu e alcançou 95%.

EcoDebate, 27/05/2011

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