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Artigo

Jesus e seu movimento entram clandestinamente em Jerusalém, artigo de Frei Gilvander Moreira

Jesus e seu movimento entram clandestinamente em Jerusalém

A partir de Lc 19,29-40

Frei Gilvander Moreira1

[EcoDebate] Nas missas e nas celebrações da palavra, no Domingo de Ramos, início da Semana Santa, ouvimos o evangelho sobre “a entrada de Jesus em Jerusalém”. Após uma longa marcha da Galileia a Jerusalém (Lc 9,51-19,27), Jesus e seu movimento estão às portas de Jerusalém. Dois discípulos recebem a tarefa de viabilizar a entrada na capital, de forma humilde, mas firme e corajosa. Deviam arrumar um jumentinho – meio de transporte dos pobres -, mas deviam fazer isso disfarçadamente, de forma “clandestina”. O texto repete o seguinte: “Se alguém lhes perguntar: “Por que vocês estão desamarrando o jumentinho?”, digam somente: ‘Porque o Senhor precisa dele”. A repetição indica a necessidade de se fazer a preparação da entrada na capital de forma clandestina, sutil, sem alarde. Se dissessem a verdade, a entrada em Jerusalém seria proibida pelas forças de repressão.

Com os “próprios mantos” prepararam o jumentinho para Jesus montar. Foi com o pouco de cada um/a que a entrada em Jerusalém foi realizada. A alegria era grande no coração dos discípulos e discípulas. “Bendito o que vem como rei…” Viam em Jesus outro modelo de exercer o poder, não mais como dominação, mas como gerenciamento do bem comum. Quem aplaude Jesus entrando em Jerusalém é o povo, grupo organizado que segue Jesus desde a Galileia. O povão que cinco dias após, na sexta-feira santa, gritará “crucifica-o” não é o mesmo povo do “domingo de Ramos”. Trata-se da massa alienada que sobrevivia em torno do grande negócio que era o templo em Jerusalém. Agem insuflados por fariseus que os estimulavam a gritar dirigindo-se a Jesus “crucifica-o”. Logo, a partir desses dois relatos dos evangelhos – a entrada de Jesus em Jerusalém e a crucificação de Jesus – não se pode concluir que o povo é como folha seca ao vento, uma Maria vai com as outras.

Ao ouvir o anúncio dos discípulos – um novo jeito de exercício do poder – certo tipo de fariseu se incomoda e tenta sufocar aquele evangelho. Hipocritamente chamam Jesus de mestre, mas querem domesticá-lo, domá-lo. “Manda que teus discípulos se calem.”, impunham os que se julgavam salvos e os mais religiosos. “Manda…!” Dentro do paradigma “mandar-obedecer”, eles são os que mandam. Não sabem dialogar, mas só impor. “Que se calem!”, gritam. Quem anuncia a paz como fruto da justiça testemunha fraternidade e luta por justiça, o que incomoda um status quo opressor. Mas Jesus, em alto e bom som, com a autoridade de quem vive o que ensina, profetisa: “Se meus discípulos (profetas) se calarem, as pedras gritarão.” (Lc 19,40). Esse alerta do galileu virou refrão de música das Comunidades Eclesiais de Base assim: “Se calarem a voz dos profetas, as pedras falarão. Se fecharem uns poucos caminhos, mil trilhas nascerão… O poder tem raízes na areia, o tempo faz cair. União é a rocha que o povo usou pra construir…!”

1 Frei e padre carmelita, mestre em Exegese Bíblica, professor do Evangelho de Lucas e Atos dos Apóstolos, no Instituto Santo Tomás de Aquino – ISTA -, em Belo Horizonte – no Seminário da Arquidiocese de Mariana, MG; assessor da CPT, CEBI, SAB e Via Campesina; e-mail: gilvander@igrejadocarmo.com.brwww.gilvander.org.brwww.twitter.com/gilvanderluis – facebook: gilvander.moreira

EcoDebate, 19/04/2011

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3 thoughts on “Jesus e seu movimento entram clandestinamente em Jerusalém, artigo de Frei Gilvander Moreira

  • nao entendi direito…

    como texto biblico ta otimo… mas o titulo esta meio complicado para a atualidade, pode gerar uma alusao a certos “movimentos” da atualidade que praticam o banditismo… e comparar Jesus com os “movimentos” de hoje seria heresia pura e simples, ainda mais para um religioso.

  • Marcio Araujo de Almeida Braga

    Gilson,
    A interpretação do texto bíblico é essa mesma:
    Uns ficarão ao lado dos ricos e de suas vastas propriedades.
    Outros ficarão ao lado dos pobres, dos oprimidos.
    Bandidos são aqueles que enaltecem os poderosos e clamam pela morte dos representantes do povo oprimido, como fizeram com Jesus.
    Faça sua escolha.

  • Querido Gilson, a sua indignação faz todo sentido. Não aceite os absurdos que estão dizendo. A interpretação não é essa coisa nenhuma !!! Não deixe que te coloquem pela goela abaixo nada que não esteja na Bíblia e seja INTERPRETAÇÃO e ENSINAMENTO HUMANO. Fique sempre com a Bíblia, pois é ela que diz a verdade :
    E surgirão muitos falsos profetas, e enganarão a muitos. Mateus 24:11
    Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas, e farão tão grandes sinais e prodígios que, se possível fora, enganariam até os escolhidos. Mateus 24:24
    Porque se levantarão falsos cristos, e falsos profetas, e farão sinais e prodígios, para enganarem, se for possível, até os escolhidos. Marcos 13:22
    Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas, interiormente, são lobos devoradores. Mateus 7:15
    Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo. 1 João 4:1
    E também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição, e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição. 2 Pedro 2:1
    Tenho ouvido o que dizem aqueles profetas, profetizando mentiras em meu nome, dizendo: Sonhei, sonhei. Jeremias 23:25
    Eis que eu sou contra os que profetizam sonhos mentirosos, diz o SENHOR, e os contam, e fazem errar o meu povo com as suas mentiras e com as suas leviandades; pois eu não os enviei, nem lhes dei ordem; e não trouxeram proveito algum a este povo, diz o SENHOR. Jeremias 23:32

    Querido leitor, graças a Deus você está lendo as minhas palavras. Por que senão, poderia acabar de ler o artigo acima e “ir embora” com uma visão deturpada de Jesus.
    Recomendo que (sempre) ao ouvir ou ler algo a respeito de Jesus (bom ou ruim) tenha a seu lado, uma Bíblia a fim de confirmar, se realmente está escrito nela.
    Quando a coisa for “contaminada” como o artigo supracitado e tiver dúvidas, peça por exemplo, ajuda a um pastor idôneo (como saber se ele é idôneo ? É só ver os frutos que ele produz !!!), mas não esqueça de confirmar se o que ele explica (exegese) está na Bíblia e se lhe traz paz ao coração, pois em Colossences 3.15 diz:

    “Que a paz de Cristo seja o juiz em seu coração, visto que vocês foram
    chamados para viver em paz, como membros de um só corpo. E sejam agradecidos”.

    Ou seja, se ouve o que pregam e/ou lê o que escrevem e não sente paz com uma ou ambas, há algo errado. Pode ser o que foi dito, escrito ou a dureza no coração do ouvinte ou leitor. Contudo, quando a Palavra, procede de Deus ela age como está escrito em Jeremias 23.29
    Porventura a minha palavra não é como o fogo, diz o SENHOR, e como um martelo que esmiuça a pedra ?

    Quando o que foi dito ou escrito penetrar no seu coração (seja você, “crente” ou não, seja “crente” a pouco tempo ou a muito, entenderá plenamente o que foi dito ou escrito, não ficará nenhuma dúvida ou sensação ruim, será como finalmente entender aquilo que nunca entendeu e que finalmente alguém explicou de uma forma que fez com que entendesse tudo. Somente Deus abre o entendimento desta maneira… é como um mundo novo… uma descoberta.. é uma sensação inexplicável de segurança do que está acontecendo, do que vai acontecer, o que e como fazer, mesmo que ainda não saiba todos os detalhes. Isso é o que chama REVELAÇÃO.
    Contudo, quando você lê a Bíblia e não entende nada ou apenas alguma parte, leia cada vez mais, mas agora pedindo a revelação à Deus. Se pregam e você não entende, peça explicação a quem pregou, com a Bíblia “do lado”… conferindo !!! Se não for possível vá àquele pastor idôneo.
    Deus ao ver o seu interesse, se inclinará para te fazer entender o que Ele quer te dizer, tá ? Se o que o pregador ou escritor estiver falando, for baseado na Palavra de Deus, ele saberá te dizer, qual o (s) livro (s), o (s) capítulo (s) e o (s) versículo (s) que fundamenta (m) o que ele prega ou escreve. Porém, saiba que cada vez mais, você irá discernir o que é “de Deus” e o que não é. Você simplesmente vai sentir, ter a convicção e Deus te fará lembrar imediatamente alguma (s) passagem (ns) bíblica (s) que vai (ão) desdizer o que te dizem, caso Deus não esteja falando por eles ou confirmar que é realmente Deus falando contigo.
    Entre a Palavra de Deus e a pregação ou o que é escrito por quem quer que seja, fique sempre com a Palavra de Deus (Bíblia). Ela te guiará e não falhará nunca !!!.
    E é por causa disso que estou escrevendo isso tudo. O artigo do Frei Gilvander Moreira está cheio de … vamos dizer… equívocos… só para não falar coisa pior ….

    Comecemos por Exegese :
    O dicionário michaelis.uol.com.br define exegese como :
    sf (gr exégesis) Comentário, explicação de textos (especialmente se aplica à interpretação gramatical e histórica da Bíblia).
    O site Wikipédia diz:
    Exegese é a interpretação profunda de um texto bíblico, jurídico ou literário.
    A exegese como todo saber, tem práticas implícitas e intuitivas.
    Definição do michaelis para Clandestino :
    1 (Dir) Que não apresenta as condições de publicidade prescritas na lei. adj (lat clandestinu) 2 Feito às escondidas. (sm) Passageiro que viaja escondido.
    Já o Aurélio define como :
    Feito às escondidas; s.m. (pop) indivíduo que se introduz sub-repticiamente em um navio, avião, trem, etc, para viajar sem documentos nem passagem.

    Como Jesus viaja escondido com várias multidões sempre o recebendo, seguindo em todos os lugares por onde passava, e divulgando o boca-a-boca os seus milagres ?

    Ora, jamais o Frei Gilvander Moreira, poderia ter explicado e definido a situação de Jesus naquele momento como sendo a de um “clandestino”. E para piorar ainda mais, o Frei ainda completa com “e seu movimento”. Não lembra a linguagem política de “movimento de esquerda”… “movimento de direita”… ?
    Jesus não convencia as pessoas através de manobras políticas ou artimanhas e muito menos era um clandestino, pois Ele é Deus. As multidões o seguiam voluntariamente, pelas “boas novas” (Evangelho) que anunciava.
    A linguagem utilizada pelo Frei, foi pesada, inadequada, injusta, pouco inteligente e muito infeliz, fazendo com que Jesus parecesse um “sorrateiro”, um daqueles imigrante que fazem de tudo para entrar ilegalmente em outro país (como os mexicanos e cubanos que tentam de qualquer jeito entrar nos EUA), ou seja, alguém que não pertence e não tem direito a entrar naquela região, mas que entra assim mesmo, “sorrateiramente”… “sem ninguém ver”…no “peito e na raça”.
    Frei, reveja e retifique este adjetivo… a frase como um todo… ou melhor : todo o artigo, pois ficou muito mal, distorcido e injusto com Jesus, né ? Sugiro, que o senhor, troque por “cumprindo fielmente às Escrituras”, por que Jesus, só fez o que estava escrito a 520 antes do seu nascimento, pelo profeta Zacarias (em Zacarias 9.9).

    Frei, releia, o que escreveu :
    “Dois discípulos recebem a tarefa de viabilizar a entrada na capital, de forma humilde, mas firme e corajosa. Deviam arrumar um jumentinho.”

    Esta frase dá a impressão de que Jesus não sabia aonde poderiam encontrar o animal.
    Jesus não disse assim. Ele deu ordens e direções específicas e bem claras.

    Mateus 21.2s
    2Ide à aldeia que aí está diante de vós e logo achareis presa uma jumenta
    e, com ela, um jumentinho. Desprendei-a e trazei-mos.
    3E, se alguém vos disser alguma coisa, respondei-lhe que o Senhor precisa deles.
    E logo os enviará.

    Ele estava cumprindo fielmente às Escrituras.
    Vamos ao texto e não ao que eu digo ?

    Zacarias 9.9
    Dizei á filha de Sião. Eis aí te vem o teu Rei, humilde, montado em jumento,
    num jumentinho, cria de animal de carga.

    Portanto, Jesus não foi um clandestino (até por que os céus e a terra e tudo o que neles há, já eram e são Dele), e sim cumpridor fiel das Escrituras (como nenhum outro) que falam o tempo todo Dele. Afinal de contas, Jesus, aos 8 dias de nascimento, foi circuncidado e “apresentado” logo em seguida em Jerusalém (Lucas 2.21-23) e ele e sua família iam a Jerusalém anualmente (Lucas 2.41s) :
    “Seus pais iam todos os anos a Jerusalém para a festa da Páscoa. Tendo ele atingido doze anos, subiram à Jerusalém, segundo o costume da festa

    Tá certo que, dos doze até os seus 30 anos a Bíblia não diz por onde Ele esteve, mas passou os seus últimos 3 ½ anos de vida cumprindo o seu ministério em Israel, que é menor do que Sergipe, e por diversas vezes esteve em Jerusalém. E sua fama era grande.

    Caro leitor, vamos então ao que e como está escrito na Bíblia (Shedd),
    pois é isso o que realmente importa e é verdade.
    (tudo o que está entre parênteses não está na Bíblia, são apenas comentários
    meus para que o leitor entenda um pouco mais).

    Mateus 21.1-11
    1Quando se aproximaram de Jerusalém e chegaram a Berfagé, ao monte das Oliveiras, enviou Jesus dois discípulos, dizendo-lhes.
    2Ide à aldeia que aí está diante de vós e logo achareis presa uma jumenta e, com ela, um jumentinho. Desprendei-a e trazei-mos.
    (perceba que Jesus sabia o que as Escrituras diziam a respeito deste momento!!!)
    3E, se alguém vos disser alguma coisa, respondei-lhe que o Senhor precisa deles. E logo os enviará.
    4Ora, isto aconteceu para se cumprir o que foi dito por intermédio do profeta :
    (Zacarias 9.9 , aproximadamente 520 a.C. como dito antes)
    5Dizei á filha de Sião: Eis aí te vem o teu Rei, humilde, montado em jumento, num jumentinho, cria de animal de carga.
    6Indo os discípulos e tendo feito como Jesus lhes ordenara, 7trouxeram a jumenta e o jumentinho. Então, puseram em cima deles as suas vestes e sobre elas, Jesus montou.
    8E a maior parte da multidão estendeu as suas vestes pelo caminho, e outros cortavam ramos de árvores, espalhando-os pela estrada.
    9E as multidões, tanto as que o precediam como as que o seguiam, clamavam : Hosana ao Filho de Davi ! Bendito o que vem em nome do Senhor. Hosana nas maiores alturas.
    10E, entrando ele em Jerusalém, toda a cidade se alvoroçou e perguntavam: Quem é este?
    11E as multidões clamavam: Este é o profeta Jesus, de Nazaré da Galiléia !

    Mateus 27.20-23
    20Mas os principais sacerdotes e os anciãos persuadiram o povo a que pedisse Barrabás e fizesse morrer Jesus.
    21De novo, perguntou-lhes governador: Qual dos dois quereis que eu vos solte ? Responderam eles : Barrabás.
    22Replicou-lhes Pilatos: Que farei, então, de Jesus, chamado Cristo ? Seja crucificado ! Responderam-lhe todos.
    23Que mal fez ele? Perguntou Pilatos. Porém cada vez clamavam mais: Seja crucificado!

    Como o texto do Frei confunde mais do que explica (função da exegese), há outra coisa escrita equivocadamente. É a idéia de que uma multidão que acompanhava a Jesus foi a responsável pela recepção calorosa à sua entrada triunfal no jumentinho em Jerusalém. A maneira como o Frei escreve dá a idéia de comício político, onde o mesmo para lotar o local onde vai discursar, leva vários ônibus de “correligionários pagos” para gritarem o seu nome e darem tapinhas nas suas costas, dando a impressão de “casa cheia” iludindo com isso aos moradores locais, fazendo com que pensem que todo mundo apóia e vai votar nele.
    Para tanto leiam o que o Frei escreveu :
    Quem aplaude Jesus entrando em Jerusalém é o povo,
    grupo organizado que segue Jesus desde a Galiléia.

    Ele fala em “grupo organizado”. Não parece com “torcida organizada”, ou seja, um grupo de pessoas vinha acompanhando a Jesus e ao perceber que Ele iria entrar em Jerusalém, se adianta, e forja um “corredor polonês” para que Jesus passe no meio. Ou seja, na visão do Frei a recepção de Jesus com “Hosana nas alturas”, não foi feita pelos moradores de Jerusalém que também já conheciam os seus milagres de ver e ouvir falar e sabiam da sua fama, mas pelos que o acompanhavam.
    Ele entendeu que havia uma multidão com Jesus e que ela “passou” por Jesus e se adiantou a ele, preparando a sua entrada em Jerusalém como escrito em Lucas 19.17 :

    E, quando se aproximavam da descida do monte das Oliveiras, toda a multidão dos discípulos passou, jubilosa a louvar a Deus em alta voz, que todos os milagres que tinham visto.

    Na verdade a multidão não passou (ultrapassou) por Jesus, como se estivesse o acompanhando. “Passou” quer dizer “iniciou, jubilosa a louvar a Deus em alta voz”.

    O Frei ainda interpreta e distorce mais ainda a Palavra de Deus e escreve:
    O povão que cinco dias após, na sexta-feira santa, gritará “crucifica-o” não é o mesmo povo do “domingo de Ramos”.

    E o Frei fecha e ACRESCENTA com “chave de lata” a sua interpretação errônea :
    Logo, a partir desses dois relatos dos evangelhos – a entrada de Jesus em Jerusalém e a crucificação de Jesus – não se pode CONCLUIR que o povo é como folha seca ao vento, uma Maria vai com as outras.

    Como está escrito, na Bíblia, diversas vezes o povo de Israel foi infiel e altamente volúvel (ou seja, folha seca ao vento, sim senhor… sem dúvida). É só verificar (dentre tantas outras) os livros dos Reis e a passagem quando Moisés ficou por 40 dias no Monte Sinai, quando o povo logo se rebelou e pressionou à Aarão (irmão de Moisés) que fabricasse um bezerro de ouro, para adorá-lo como se fosse ele o causador da sua saída da escravidão do Egito. E Aarão assim o fez. Não é de admirar que o mesmo povo que falara gritava à Jesus “Hosana nas alturas”, ou seja, Salva-nos Senhor, debandasse rapidamente para o “Crucifica-o” ao vê-lo numa condição de aparente derrota. O sacrifício de Jesus foi redenção e libertação definitiva, para os que crêem no seu nome, das garras sujas de Satanás.

    Mas observem o que diz as Escrituras sagradas em oposição ao que CONCLUI o Frei:
    Mateus 27.20
    20Mas os principais sacerdotes e os anciãos persuadiram o povo a que pedisse Barrabás e fizesse morrer Jesus.
    21De novo, perguntou-lhes governador: Qual dos dois quereis que eu vos solte ? Responderam eles : Barrabás.
    22Replicou-lhes Pilatos: Que farei, então, de Jesus, chamado Cristo ? Seja crucificado ! Responderam-lhe todos.
    23Que mal fez ele ? Perguntou Pilatos. Porém cada vez clamavam mais: Seja crucificado!

    Imaginem:
    Segundo o Frei, há duas multidões. Uma que chegou com Jesus e foi embora ou dela não tinha ninguém no local decidindo entre Barrabás e Jesus (por isso, segundo o Frei dela não há ninguém incluído no “todos” do versículo 22). Outra multidão, foi a que se formou em Jerusalém quando do momento de decidir quem iria ser solto e quem iria para cruz. Na interpretação do Frei, ninguém que chegou com Jesus ficou em Jerusalém depois da sua prisão. E não havia ninguém desta multidão assistindo e decidindo.
    Caro Frei, nós só podemos concluir, quando a Bíblia conclui, caso contrário nós podemos no máximo “achar”… “pensar”, “conjecturar”… “na minha opinião” …nunca concluir !!!
    Eu fico com a Bíblia : todos (quer dizer, todos os que estavam lá). Quem estava em qualque outro lugar do mundo que não fosse aquele lugar, não pode ser incluído em “todos”.
    Nós não podemos acrescentar nem suprimir nada da Bíblia e principalmente deturpar com nossas interpretações o que já está escrito nela. O que está lá é definitivo e não as nossas conclusões.
    Vejam o que está escrito na Bíblia a respeito disso :
    Galátas 1
    Esta não é uma crítica pessoal ao Frei Gilvander Moreira, mas uma contribuição para que quando formos escrever ou falar alguma coisa sobre alguma coisa ou alguém (e principalmente Jesus) tenhamos muito zelo, pois uma palavra mal colocada pode causar um grande dano e quem sabe a salvação de uma alma.

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