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As Águas Superficiais, artigo de Roberto Naime

 

As Águas Superficiais, artigo de Roberto Naime

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As águas superficiais são representadas pelas drenagens e rios que coletam as águas das chuvas que não se infiltram e não evaporam. As águas das chuvas também são conhecidas como águas freáticas.

Em hidrologia, a ciência que estuda as águas superficiais, é bem conhecida a equação denominada balanço hídrico. Esta contabilidade representa a quantidade de chuva de uma determinada região, que após descontar as águas que sofrem infiltração nos solos e evapotranspiração, representa a disponibilidade de águas de uma bacia hidrográfica.

As águas que sofrem escoamento superficial, denominado “run off”, e que acabam em drenagens e rios, representam as reservas hídricas superficiais disponíveis. As águas superficiais das bacias hidrográficas são gerenciadas atualmente pelos comitês de bacias hidrográficas e se destinam prioritariamente às necessidades de consumo humano, servindo posteriormente, para as atividades agrícolas e industriais.

Conforme as características físicas dos solos e rochas do substrato que compõe a bacia hidrográfica considerada, temos a interação entre os rios e os lençóis freáticos ou subterrâneos adjacentes. Considerando principalmente a variável permeabilidade, que é a capacidade das águas de migrarem em um determinado meio físico e medida em cm/s, temos os estabelecimento dos regimes fluviais.

Em geral, na estação de baixa pluviosidade, as águas migram dos rios para o interior dos solos e das rochas, caracterizando um regime denominado de influente, dependendo das demais variáveis, evidentemente.

Nas estações de alta pluviosidade, as águas tendem a realimentar os rios a partir dos solos e rochas, constituindo o denominado regime efluente.

Este fenômeno, muito evidente, explica porque a poluição dos continentes atinge os rios, e a poluição dos mananciais hídricos atinge os lençóis freáticos (de águas das chuvas) ou subterrâneos (de águas acumuladas nas rochas em profundidades).

Este fenômeno comprova mais uma vez, a complexidade e a inter-relação de todas as variáveis dos meio físico, biológico e antrópico que formam o meio ambiente. A água, com suas características de solvente universal é o grande promotor da disseminação da poluição, através de ocorrências conhecidas como plumas de contaminação.

Agora é fácil entender que não se despolui um rio, sem controlar a poluição nos continente e vice versa. Na despoluição do rio Tamisa na Inglaterra e no Sena em Paris, a idéia não é tratar a água do rio, isto é impossível, tirar a água dos rios, tratar e colocar de volta.

Os objetivos foram de tratar todos os esgotos domésticos e efluentes industriais, antes de fazer as águas retornarem aos sistemas hídricos superficiais.

Assim, sem receber mais cargas poluidoras juntamente com águas servidas, os rios sofreram recuperação natural e a qualidade das águas melhorou muito. E com esta melhora pode se afirmar que houve melhoria da qualildade de vida das populações afetadas.

Este é o princípio que deve nortear toda recuperação de drenagens superficiais, tratar as águas tanto domésticas quanto industriais, para que não carreguem mais cargas poluidoras para o interior dos cursos de água. Dar destinação adequada aos resíduos sólidos, tanto domésticos quanto industriais para que não mais poluam as águas dos continentes, porque é nítido entender que os lençóis aqüíferos estão inter-relacionados.

Roberto Naime, colunista do Portal EcoDebate, é Professor no Programa de pós-graduação em Qualidade Ambiental, Universidade FEEVALE, Novo Hamburgo – RS.

EcoDebate, 10/03/2011


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2 thoughts on “As Águas Superficiais, artigo de Roberto Naime

  • Osvaldo Ferreira Valente

    Desculpe-me o autor, mas há algumas dúvidas no artigo. A vazão dos rios é formada, em períodos de chuvas, pelos escoamentos sobre a superfície do solo (enxurradas) e pela contribuição dos lençóis subterrêneos (principalmente os freáticos). Nas épocas de estiagens, a vazão de um rio é suportada pelas nascentes, que são manifestações superfiiciais dos lençóis subterrâneos, espalhadas pela bacia hidrográfica formadora do curso d’água.
    Outra dúviada é quanto à afirmação de que as águas de chuvas são águas freáticas. O termo freático é, em hidrologia, usado para denominar um reservatório subterrâneo de água simplesmente depositado sobre uma camada impermeável, ao contrário do artesiano, que está confinado entre duas camadas impermeáveis. Gostaria de saber a fonte de tal definição

  • Ana Lu Miranda

    E a agricultura, seus adubos e defensivos? Como se tratam as enxurradas nessas grandes áreas de um país que se pretende celeiro do mundo?

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