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Proporção de tragédias como a da região serrana do Rio pode ser menor com medidas preventivas

A tragédia na região serrana do Rio de Janeiro talvez não pudesse ser evitada, porque o volume de chuvas que atingiu os municípios da área foi muito grande, mas se tivessem sido tomadas medidas preventivas adequadas, o número de mortes em consequência das inundações, dos deslizamentos de terra e dos desabamentos poderia ser bem menor. A avaliação é do presidente do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Rio de Janeiro (Crea-RJ), Agostinho Guerreiro.

De acordo com ele, o país conta com diagnósticos feitos por inúmeros especialistas sobre os perigos de se construir em locais irregulares, soluções técnicas e recursos para reduzir o déficit habitacional e evitar que a população construa suas casas em áreas de risco. O assunto, no entanto, segundo Guerreiro, não foi tratado como prioridade pelos governos pelo menos nos últimos 30 anos.

“Essa tragédia está em gestação há décadas porque toda a Mata Atlântica vem sendo destruída ali e isso é fatal, principalmente em regiões serranas. Quando descoberta parte do terreno, [a água da chuva] arrasta lama, pedra, terra. É evidente que houve uma chuva muito grande, mas os prejuízos poderiam ser muito menores se houve manutenções preventivas, cuidado com a natureza, evitar a urbanização como foi feita, construindo em lugares de risco, tirando árvores e colocando no lugar residências”, afirmou.

Ele defende que o processo de liberação de construções seja mais rigoroso por parte das prefeituras em todo o país e que as autorizações só sejam concedidas mediante laudos geotécnicos criteriosos garantindo a ausência de riscos. “A maioria das prefeituras está desaparelhada, com poucos técnicos, mas isso é fundamental para evitar mortes”, acrescentou.

Segundo o presidente do Crea-RJ, esses problemas são verificados em todo o país, já que todos os anos há ocorrências de tragédias semelhantes em diversas regiões. Para ele, a chave para evitar tais catástrofes está no “planejamento sistemático, governo após governo, a médio e longo prazos”.

Guerreiro também destacou que é preciso reduzir de forma definitiva o déficit habitacional no país, de quase 10 milhões de moradias, com ampliação dos investimentos na questão habitacional. “As verbas emergenciais que aparecem após os desastres são importantes para evitar mais mortes e resolver a situação na hora, mas não o problema do próximo verão. O sobrevivente da tragédia deste ano pode ser a vítima do verão seguinte”, alertou.

Agostinho Guerreiro também acredita que o país tenha recursos suficientes para investir nessa área. “Na década de 80, os governos podiam usar o argumento de falta de recursos porque o crescimento da economia brasileira era praticamente inexpressivo, mas, nos últimos anos, temos crescido num ritmo importante, também temos os recursos do pré-sal e de outros eventos da economia”, enfatizou.

Reportagem de Thais Leitão, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 14/01/2011


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2 thoughts on “Proporção de tragédias como a da região serrana do Rio pode ser menor com medidas preventivas

  • Repetirei o comentário que postei no Artigo de Míriam Leitão:

    A Tragédia da Tragédia!

    Conforme tenho publicado em outros artigos que escrevo, caminhamos invariavelmente para o Comunismo Capitalista, o Brasil não parece seguir no caminho do amadurecimento político e cívico no momento em que permite que todos os políticos sem exceção exerçam seus cargos em causa própria. Seria muito interessante vermos as leis serem feitas, executadas e fiscalizadas para a coletividade e não para favorecimento de uns em detrimento de outros. Gostaria muito de ver uma obra concluída que custasse aquilo que ela vale e não aquilo para o qual a verba foi aprovada e executada com um décimo do seu orçamento.

    A verdade é que desta vez o governo do estado e a presidência não podem dizer em momento algum que a culpa é do governo anterior, assim como sabemos que estes primam por suas práticas assistencialistas para a camada da população mais pobre onde ainda que digam aos quatro ventos que fazem um Brasil melhor os serviços prestados até para estas pobres criaturas os serviços são de muito má qualidade, vide saúde publica, educação e outros serviços. Portanto quando vemos estas tragédias sabemos que elas têm um sobrenome que são os partidos em questão assim como seus votantes das camadas mais baixas que trocam seus votos por um churrasquinho no fim de semana.

    Há que sermos solidários sem esquecermos quem de verdade são os nossos inimigos declarados, em um país onde se deixa faltar gêneros alimentícios para suprir a necessidade de superávit de exportações e compramos no mercado local os produtos de primeira necessidade pelo dobro do preço que é vendido no exterior não me parece ser um país sério, vide o preço, por exemplo, da carne de primeira que beira os R$ 18,00, pergunto então: Os miseráveis deixaram de ser pobres, mas riem de quê?

    É sabido que não é a vegetação que segura os deslizamentos, mas ajuda bastante, afinal por raízes mais profundas que existam nas matas pouco ou nada existe nestes terrenos arenosos onde se segurarem. Evidentemente que o expansionismo urbano é a maior causa das tragédias dos últimos tempos e estão longe de terminarem já que as “águas de março” nem mesmo chegaram, a outra pergunta é o que os responsáveis por nossa segurança e modo de vida estão fazendo para nos salvaguardar, ao mesmo tempo em que podemos perguntar por que não existem planos de emergência adequados para tal? Onde estavam as forças armadas nos primeiros momentos que foram fundamentais para o salvamento de vidas? Esperando o governador voltar de suas férias em Paris e a Srª Presidente sobrevoarem de helicóptero o local para darem seu aval? Algum deles foi ao Haiti para mandar nossas tropas de campanha para lá?

    Pior do que tudo isso é saber que se a Srª Dilma fizer um governo igual ao anterior deverá ficar mais quatro anos e logo após virá novamente o Luiz Inácio com a sua “tremenda” popularidade de 80 e tal %, de outra forma e na suposição de que faça uma primeira gestão ruim, assim mesmo virá o Luiz Inácio da mesma forma por mais oito anos. O que nós Brasileiros descontentes e inconformados precisamos é fazer oposição efetiva a este governo, declaradamente dizermos que não queremos suas políticas assistencialistas e outros que só denigrem nossa imagem internacionalmente. (É necessária uma tragédia nacional para que fique mais evidente a falta de compromisso com a vida, mas sim ter sobreviventes com assistencialismo).

    Mas advirto que para que isso aconteça é preciso antes que todos nós tenhamos em mente que não podemos fazer negócios escusos, levar a mínima vantagem que seja em detrimento de outrem, que devemos acima de tudo e de todos fiscalizar nossos semelhantes em suas atitudes e denunciá-los sempre que possível, sem medo de sermos vistos como Alienígenas ou marginais só porque queremos ter e fazer as coisas da forma correta. Enquanto não tivermos essa postura e mudarmos primeiro em nós nossas atitudes, para com isso mostrar também que não aceitamos a corrupção no seu seio de origem que é o poder político, não teremos como mostrar para as gerações que aí estão que existe uma luz no fim do túnel que não seja o trem vindo em nossa direção.

    Ana Paula de Carvalho

  • Enquanto isso estão diminuindo as zonas de amortecimento das UCs para acelerar os processos de licenciamento…
    Aprovando o Código Florestal alterado que é uma violência ao meio ambiente e à vida…
    De vez em quando a natureza mostra quem é mais forte. Lamentavelmente. E não precisava ser esse desastre…

Fechado para comentários.