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Peixes e contaminação por metais tóxicos, artigo de Frederico Lobo

 

Peixes e contaminação por metais tóxicos, artigo de Frederico Lobo

Bem, na dúvida dou algumas dicas para os meus pacientes na hora de escolher um peixes para consumo e para evitar contaminação por mercúrio

[Ecologia Médica] Proteínas, ômega-3, selênio, fósforo, potássio, zinco, cobre, vitaminas do complexo B, arsênio, chumbo e mercúrio. Opa, espere um pouco! O que estes três últimos ingredientes estão fazendo em nossa lista de substâncias encontradas nos peixes? Pois é, esse trio de intrusos malignos pode se acumular na carne de certas espécies e se instalar no seu corpo. Instalar para sempre.

Sentiu o drama?

O mercúrio é um metal prateado e líquido a temperatura ambiente. Empregado na medicina desde a antiguidade, o mercúrio vem sofrendo substituição por outras substâncias mais potentes e menos tóxicas. Uma vez absorvido, o mercúrio é passado ao sangue e às células podendo interferir no metabolismo e função celular pela sua capacidade de inativar enzimas e exercendo propriedades cáusticas.

Os sintomas incluem: aspecto cinza escuro na boca e faringe, dor intensa, vômitos, sangramento gengival, sabor metálico na boca, sensação de ardor no trato digestivo, diarréia grave ou sanguinolenta, estomatite, glossite, nefrose, caquexia, anemia, hipertensão, possibilidade de alteração cromossômica. Pode ainda causar danos ao sistema nervoso (déficit de atenção com hipertividade, depressão, insônia, transtorno bipolar, doenças neurodegenerativas), ao fígado (câncer de fígado, diminuição na capacidade de metabolização substâncias, hepatite), ossos (osteoporose), alterações hormonais (obesidade, menopausa precoce, falência tireoideana, falência adrenal). Isso é um pequeno resumo do que o mercúrio (um desses metais tóxicos que podem ser encontrado em peixes) é capaz de ocasionar no nosso organismo.

Dentre as principais fontes de contaminação por mercúrio em nosso meio temos:
– Liberação constante pela crosta terrestre e exposição ambiental
– Fungicidas (metilmercúrio) e inseticidas ? persistem no ambiente
– Lodo de esgoto para fertilização ? 80% se mantém por 25 anos no solo
– Peixes contaminados (fonte de mercúrio da dieta – methyl-mercurio com 85% de absorção)
– Tatuagens (vermelho)
– Vacinas ? Timerosal
– Amálgamas dentários (50% mercúrio elementar): fonte de exposição crônica
– Antissépticos a base de mercúrio

Infelizmente, a contaminação de peixes por tais compostos, principalmente o mercúrio não é tão rara assim e cada dia tem se tornado mais frequente.

Veja esse artigo que relata que até 50% de amostras testadas para químicos tóxicos podem apresentar substâncias nocivas para nossa saúde: http://today.msnbc.msn.com/id/40198123/ns/today-today_health/

Abaixo trechos de uma reportagem publicada na revista Saúde é vital:

“O que escondem alguns dos pescados mais consumidos Brasil afora; no principal centro de abastecimento do país — a Ceagesp, Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo. Fisgamos, sem pestanejar, o cação, o atum, a sardinha, a pescada branca, o salmão, o linguado e o pacu — campeões incontestes de popularidade, sendo o último um peixe de água doce. Foi levado tudo isso para o Laboratório de Controle de Alimentos da Secretaria Municipal da Saúde, em São Paulo. Daí, solicitamos a análise dos teores de chumbo e mercúrio. Duas semanas depois veio o resultado. E TODOS — sim, você leu certo, todos — apresentavam resíduos de mercúrio. Essa substância é definida pelos especialistas como extremamente tóxica ao sistema nervoso, ou seja, é capaz de trazer problemas que vão desde uma tontura até em casos de ingestão exagerada, cegueira e demência. Sem meias palavras, um verdadeiro veneno. A esta altura você pode estar se sentindo como alguém que se engasga com aquela espinha que passou despercebida na moqueca. Calma. Ainda não há razão para entrar em pânico. Exceto o cação, que não à toa é apelidado de lixeiro do mar, os outros estavam dentro dos limites de tolerância estipulados pelo Ministério da Saúde brasileiro. E há ainda que considerar os níveis de segurança criados pela comissão científica da Organização Mundial da Saúde. Ou seja, pitadas desses metais, embora sejam terríveis, são até toleráveis. Os especialistas ouvidos por SAÚDE! foram unânimes em afirmar que não é preciso eliminar de vez toda a turma marinha do cardápio. A dica, que vale para tudo o que diz respeito à alimentação, é simplesmente não exagerar. Então, que tal alternar o peixe com um filé de boi ou de frango? E, de preferência, banir o cação da mesa.”

Eu, como médico com prática ortomolecular, não acredito que existam níveis atóxicos para tais substâncias. Qual o ideal? Ter ou não ter mercúrio ou chumbo no organismo? Qual o mais saudável? Obviamente, não ter nenhum desses metais ditos tóxicos.

“Poluição… Ela é a grande culpada pela contaminação de pescados. “Desde os metais usados no garimpo até dejetos de grandes indústrias, muitas substâncias nocivas vão parar nos rios e acabam desaguando no mar”, conta a química Dilza Maria Bassi Mantovani – ITAL. Assim, não importa se o peixe é de água doce ou salgada. O perigo mora principalmente nas águas dos arredores de fábricas de baterias, tintas, lâmpadas fluorescentes e soda cáustica. Mercúrio, chumbo e arsênio são componentes assíduos na fabricação desses produtos. “O problema é quando a indústria não tem o mínimo cuidado com o meio ambiente e deixa o veneno escoar sem dó nem piedade”

“Na região amazônica o mercúrio é usado para refinar o ouro nas minerações. E os pobres peixes que nadam por ali acabam em meio a resíduos do composto. Um trabalho recente realizado pelo Instituto Evandro Chagas, no Pará, feito com 30 espécies de pescado, acusa que: 65% delas estavam contaminadas com o metal — e acima dos teores permitidos, e não apenas a água contém o veneno, as plantas aquáticas também. Como servem de alimento para os peixes, eles acabam se entupindo de mercúrio. “O metal se acumula em todos os tecidos do organismo, chega mesmo a atravessar a parede celular”, descreve o químico Aricelso Maia Lima Verde Filho, professor da Univ. Est. do Rio de Janeiro. E isso vale tanto para o peixe como para o homem. A péssima fama do mercúrio vem da década de 1960, quando correu mundo a notícia da contaminação de uma baía no Japão. Foram relatados casos de enjôo, dor de cabeça e até morte na época. Parece que o mercúrio prefere o sistema nervoso. Por isso crianças precisam ficar a léguas de distância dele. “As gestantes também devem evitá-lo, já que esse metal é capaz de atravessar a placenta”, alerta o farmacêutico Alfredo Tenuta Filho, da Universidade de São Paulo. O chumbo, por sua vez, gosta de se alojar nos ossos. “Ele compete com o cálcio”, diz a nutricionista Késia Quintaes, doutora pela Unicamp. Em outras palavras, danifica o esqueleto. Já o arsênio, que infelizmente apareceu em peixes do litoral paulista, segundo uma análise realizada pelo Ital, é capaz de provocar tumores e tem sido associado a danos no fígado”

“”Você deve estar se perguntando: – Como vou saber se o peixe que eu omprei está contaminado? – “É impossível ver as substâncias a olho nu”, responde a pesquisadora da Secretaria Municipal da Saúde Rute Villatore, que, ao lado seu colega Cláudio Fukumoto, analisou os pescados para esta reportagem. Pior: não tem cozimento que elimine metais pesados. “Uma medida de segurança é tentar descobrir de que região eles vêm”, sugere Aricelso Lima Verde. Se for de locais reconhecidamente poluídos, fuja!”

“”Qual o limite para os peixes? O peixe até pode ter uma pitada de metal pesado. Que fique claro, uma pitada. Eis as dosagens de segurança estipuladas pelo Ministério da Saúde.
• Mercúrio – Peixes predadores: 1 miligrama por quilo. Outros peixes: 0,5 miligrama por quilo.
• Chumbo – Para todos os peixes: 2 miligramas por quilo.
• Arsênio – Para todos os peixes: 1 miligrama por quilo.”

E qual o nosso limite?

A Organização Mundial da Saúde considera como segura a ingestão de ínfimas porções. Confira a seguir:
• Mercúrio – 5 microgramas por cada quilo do seu peso por dia. Assim, uma pessoa de 60 quilos pode ingerir até 300 microgramas por dia.
• Chumbo – 25 microgramas por quilo de peso por dia. Ainda tendo como base os mesmos 60 quilos, são permitidos até 1,5 mil micrograma.
• Arsênio – De 0,1 a 7,20 microgramas por dia por quilo de peso. Faça as contas.

Linguado: Predador, ele come outros peixes. Mas, mesmo suscetível ao acúmulo de metais, sua carne não figura entre as mais contaminadas.
Mercúrio: 0,05 miligrama* – Chumbo: não detectado
*por quilo

Pescada branca: De pequeno porte, ela pode se alimentar de plantas aquáticas que acumulam metais.
Mercúrio: 0,10 miligrama* – Chumbo: não detectado
*por quilo

Cação: Esse minitubarão é da turma dos predadores e costuma ter vida longa. Pode, então, passar muito tempo acumulando metais vindos de suas vítimas. Tanto é assim que, em sua carne, foi encontrada quantidade de mercúrio bem acima do tolerado.
Mercúrio: 1,47 miligrama por quilo, quando o limite seria 1 miligrama. – Chumbo: não detectado

Atum: Mais um predador que vive em águas profundas. Se ele comer peixinhos cheios de metais e outras substâncias maléficas, acaba supercontaminado.
Mercúrio: 0,13 miligrama* – Chumbo: não detectado
*por quilo

Sardinha: Outra espécie “vegetariana”. Ela pode comer algas e outros vegetais que contenham metais e, desse jeito, acabar contaminada.
Mercúrio: 0,08 miligrama*Chumbo: não detectado
*por quilo

Salmão: Também da turma dos predadores que vive nas profundezas do mar. Embora se alimente de outros peixes, não consta entre os mais contaminados.
Mercúrio: 0,09 miligrama*Chumbo: não detectado
*por quilo

Bem, na dúvida dou algumas dicas para os meus pacientes na hora de escolher um peixes para consumo e para evitar contaminação por mercúrio:

1) Optar por peixes de escamas: Vivem em grandes cardumes, em água límpida, na superfície.

2) Optar por peixes de água doce pois eles se alimentam preferencialmente de frutos e folhas.

3) Escolher peixes de ciclo de vida média curto, pois provavelmente terão ficamos menos expostos a contaminantes. São eles:
Água salgada: sardinha, salmão selvagem.
Água doce: cará, carpa, corimbatá, dourado, lambari, manjuba, piau, tilápia, tambaqui, traíra, truta.

4) Evite peixes de vida médica longa: Tubarão, Peixe espada, Cavala, Filé de atum, Arenque e Cação

5) De nada adianta não comer peixe mas consumir vegetais contaminados com mercúrio. Portanto, prefira os orgânicos.

6) Atenção para as vacinas que contém um conservante à base de methyl mercúrio (thimerosal)

Dr. Frederico Lobo – Sou médico, clínico geral e dentro do meu arsenal terapêutico utilizo da medicina tradicional chinesa (acupuntura) e de estratégias ortomoleculares (lembrando que ortomolecular não é especialidade médica ou área de atuação). Busco ter uma abordagem holística/integrativa dos meus pacientes, utilizando tal arsenal. Acredito que todos nós temos o dever de lutar pela restauração do equilíbrio entre o homem e a natureza e para isso, faz-se necessário que a Saúde seja interpretada por uma ótica ecológica (por isso ecologia médica). Não acredito que possa existir saúde sem a integração multidisciplinar entre todos os profissionais da área da saúde, sem educação em saúde (educação é a base de tudo) e muito menos sem respeito pelo ecossistema.

Artigo originalmente publicado no Blog Ecologia Médica e republicado pelo EcoDebate, 14/01/2011

 

Nota da redação: Em relação ao tema “Metais Tóxicos/Metais Pesados” sugerimos que leia, também:

Vazamento De Rejeitos Da Mineradora Hydro Alunorte: Relatório Denuncia Contaminação De Rios E Igarapés Por Metais Tóxicos No Pará

Metais Tóxicos E Suas Conseqüências Para A Saúde Humana

Peixes E Contaminação Por Metais Tóxicos

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