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Artigo

Sacolas de plástico, artigo de Maurício Gomide Martins

[EcoDebate] Vimos recente reportagem dando conta de que, como reflexo da conscientização dos problemas ambientais, tem havido grande incremento na utilização de sacolas de pano, reutilizáveis e vendidas nos supermercados. Conclui a reportagem que, no Brasil, dessa forma, são retiradas de circulação milhões de sacolas de plástico.

Este é mais um aspecto de divulgação de “zelo” para com o meio ambiente. Tem o mesmo efeito das propagandas de grandes empresas que anunciam suas ações sustentáveis. Mineradoras que extraem o minério de forma sustentável, Bancos que emprestam dinheiro pelo plano sustentável. Inseticidas de ação prolongada e sustentável. Até uma petroleira retornou sua propaganda dizendo-se sustentável e o “sonho de consumo de todo veículo”.

Mais uns meses, s professores de português vão ensinar: “sustentável é um sufixo que pode ser usado indiferentemente após qualquer palavra. Por exemplo: sujeira-sustentável, veneno-sustentável, crime-sustentável, polícia-sustentável, economia-sustentável, lucro-sustentável, desequilíbrio-sustentável”. Entendamos que não se deve confundir o marketing “algo sustentável” com a legítima e defensável “sustentabilidade”. São idéias distintas. A sustentabilidade da vida é a efetiva preservação do Meio Ambiente. Tudo o mais lhe está subordinado. Devem ser combatidas, por essencial, as ações humanas de interesse individualista que envenenam nosso ar, nossa água e nossos alimentos. São combates de autodefesa. De vida ou morte. Legítimos, portanto.

Ah, estávamos falando das sacolas sustentáveis. Bem, muita gente vai elogiar os cuidados dos supermercados com a sustentabilidade dos invólucros. E isso reverte em melhorias para a imagem de tais lojas. Acontece que as donas de casa usam as benditas sacolas plásticas para acondicionar o lixo miúdo. Privadas desse utensílio, passarão indubitavelmente a comprar sacolas de plástico em rolo para manter o hábito de aprisionar higienicamente citados lixinhos que toda casa produz e que constitui outro sério problema. A respeito do lixo, falaremos oportunamente.

Ademais, registramos que as donas de casa estarão satisfeitas em adquirir sacolas de pano, porque isso é moda e provoca visibilidade, além de aliviar a consciência ecológica. Ao adquirir as outras para o lixinho, contudo, ignorarão “essas bobagens ambientais”, fazendo de conta que ninguém vai saber disso, porque não abrem mão da cultura arraigada no condicionamento mental. E o mundo econômico – onde uns têm muito vezes muito e outros não têm nada vezes nada – vai bem, obrigado. E continuará bem até que… Bem, uma hora o caldeirão entorna.

O exemplo das sacolas é apenas mais uma ação inócua, cujo objetivo é iludir o povo para não perceber a realidade trágica que se avizinha. Seria o mesmo que tratar um câncer com chá de erva-doce.

A civilização atual, assentada em valores econômicos rígidos, é indubitavelmente contraproducente. Ela produz veneno mortal que somente pode ser sustado com medidas compatíveis e enérgicas. E não vemos outro meio de produzir antídoto do que a da criação do governo mundial, efetivo, autoritário, que passará a administrar o todo planetário. Para resfriado, chazinho. Para ataque de cascavel, pau na cabeça da cobra.

Maurício Gomide Martins, 82 anos, ambientalista e articulista do EcoDebate, residente em Belo Horizonte(MG), depois de aposentado como auditor do Banco do Brasil, já escreveu três livros. Um de crônicas chamado “Crônicas Ezkizitaz”, onde perfila questões diversas sob uma óptica filosófica. O outro, intitulado “Nas Pegadas da Vida”, é um ensaio que constrói uma conjectura sobre a identidade da Vida. E o último, chamado “Agora ou Nunca Mais”, sob o gênero “romance de tese”, onde aborda a questão ambiental sob uma visão extremamente real e indica o único caminho a seguir para a salvação da humanidade.

EcoDebate, 09/09/2010

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