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COPASA esclarece sobre a água da Barragem do Bico da Pedra

Em entrevista coletiva para os órgãos de imprensa de Janaúba nesta terça feira passada, a direção da Copasa de Janaúba, na pessoa do Dr. Marco Antonio e da bióloga Cleide, esclareceu alguns pontos sobre a qualidade da água que está sendo distribuída à população tendo em vista notícias veiculadas dando conta de possíveis contaminações por bactérias.

Antes de tudo, a concessionária explicou que a água tratada que está sendo consumida é da mais perfeita qualidade, rigorosamente dentro dos parâmetros exigidos pelo Ministério da Saúde. A análise dessa água é feita diariamente e não foi encontrado nenhum tipo de problema. Com relação à água bruta, ou seja, a água captada na Barragem, cuja análise é feita semestralmente, também ainda não apresentou irregularidade, porém foi detectado aumento da presença de cianobactérias, também chamadas de algas azuis, o que pode ser uma indicação de poluição das águas.


Apesar do nome, as algas azuis não são bactérias. Elas são classificadas pela Biologia como “fitoplânctons”, da classe dos vegetais, que podem ser – ou não – tóxicas. Até agora, segundo a Copasa, não foram detectados organismos tóxicos, mas o que preocupa é o aumento da quantidade dessas cianobactérias, pois, a qualquer momento, poderão aparecer algas tóxicas. Ainda de acordo com a Copasa, se a quantidade aumentar muito, a empresa se verá obrigada a interromper o tratamento da água e, consequentemente, a sua distribuição à população.

Questionada pelos jornalistas sobre a causa do aparecimento dessas algas, a direção local da Copasa de Janaúba apontou algumas possíveis origens: criação de peixes através de tanques-redes, agricultura, pecuária e esgoto doméstico.

A criação de peixes, alimentados por ração, provoca, através das fezes dos peixes, o aparecimento desses organismos tóxicos. A agricultura praticada nas margens do lago utiliza agrotóxicos e defensivos que escorrem para dentro da água e, também, propicia o surgimento de poluentes. A pecuária, por seu lado, pelo fato costumeiro dos bois beberem a água dentro do rio, contamina a água através dos excrementos. Finalmente, o esgoto doméstico é, provavelmente, a principal causa da proliferação dessas espécies de algas poluentes.

A imprensa indagou da Copasa quais as providências que estão sendo tomadas por ela para eliminar tais problemas, mas esta respondeu que a sua competência era limitada e não poderia fazer muita coisa. Citou o Codema – Conselho Municipal de Meio Ambiente – ligado à prefeitura – é que, talvez, teria que tomar as medidas para eliminar a origem da poluição. Mencionou também o Ministério Público como um dos agentes a serem acionados para entrar na questão e procurar solucioná-la.

O engenheiro ambiental, Aroldo Cangussu – presente à entrevista – historiou sobre a problemática da presença de cianobactérias em mananciais de água potável, citando o caso do Rio São Francisco, na foz do Rio das Velhas, e o mais emblemático, o de Caruaru em Pernambuco, que provocou a morte de mais de 60 pessoas que faziam hemodiálise e utilizavam a água contaminada.

Aroldo relatou ainda que as causas apontadas pela Copasa como origem do aparecimento das cianobactérias devem sofrer a intervenção dos órgãos responsáveis pela Barragem do Bico da Pedra, a saber:
– Codevasf, que gerencia o empreendimento, seja através do Distrito de Irrigação do Gorutuba – DIG ou pela própria empresa;
– Agência Nacional de Águas – ANA, que é a responsável pela emissão das outorgas dos usuários das águas do reservatório. Toda intervenção em corpo d’água, através de piscicultura, pecuária, agricultura e lançamento de efluentes tem, obrigatoriamente, como manda a Lei 9.433/97, que passar pelo crivo da ANA, ficando, assim, em última instância, como a responsável direta pela fiscalização do uso da água;
– Instituto Mineiro de Gestão das Águas – IGAM, também responsável pelas outorgas dos rios estaduais, caso do Rio Gorutuba;
– Comitê de Bacia do Rio Gorutuba – CBHVG, entidade criada pela Lei 9.433, para ser a instância de debates dos problemas de recursos hídricos na bacia a
qual pertence.

A questão do esgoto doméstico, segundo o engenheiro Aroldo Cangussu, pode ser resolvida de maneira relativamente simples através da implantação de sistema de tratamento de esgoto individual, para cada construção. Existem projetos de engenharia que atendem perfeitamente a questão. Com relação à piscicultura, pecuária e agricultura terão que ser estudadas alternativas.

Nota do EcoDebate: sobre o mesmo assunto leiam, ainda, ‘Água da Barragem do Bico da Pedra, artigo de Aroldo Cangussu

* Colaboração de Aroldo Cangussu para o EcoDebate, 10/08/2010

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