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Artigo

Suzano Papel e Celulose e o impacto na bacia do rio Parnaiba, artigo de Mayron Régis

[EcoDebate] O perjúrio é um crime perante a lei e àqueles que a personificam como a mola mestra que sustenta a estrutura social e econômica de uma comunidade, contudo os interesses da comunidade pelo perjúrio e pela simpatia à lei agonizam quando o judiciário prefere os argumentos que embotam a vida pública no interior da comunidade.

As liminares concedidas pela justiça, nos últimos anos, em favor do setor produtivo e dos governos, no tocante a legislação e a gestão ambientais, causam retrocessos sociais, políticos, econômicos e ambientais em todos os aspectos da vida pública e da vida privada.


Em recente decisão da justiça federal, negou-se o pedido de liminar impetrado pelo ministério público federal do Maranhão que requeria a suspensão das licenças concedidas pela secretaria de meio ambiente do estado do Maranhão para o desmatamento de mais de quarenta mil hectares no Baixo Parnaíba maranhense e para o subseqüente plantio de eucalipto por parte da Suzano Papel e Celulose.

A razão que levou o Juiz Newton Pereira Santos Neto a negar a liminar foi que “a simples possibilidade de impacto do empreendimento sobre a Bacia do Rio Parnaíba não justifica, a princípio, a alegação de incompetência do órgão ambiental estadual para realização do licenciamento”. Ele complementa as suas razões afirmando que não há prova concreta de que a afetação da bacia do referido rio caracterize-se como impacto regional direto sobre o vizinho estado do Piauí.

As sociedades maranhense e piauiense talvez devam esperar décadas para que se evidencie uma “prova concreta de que a afetação da bacia do referido rio se caracterize como impacto regional direto”. Em relação ao meio ambiente, “uma prova concreta” se obtém a partir da constatação das conseqüências da instalação de um empreendimento para as áreas de abrangências direta e indireta. Não só as conseqüências ambientais como também a conseqüência econômico-social. Tome-se o exemplo da construção da hidrelétrica de Tucuruí para a bacia do rio Tocantins nos anos 80. Infelizmente, mesmo com o exemplo de Tucuruí e das campanhas contra a construção de mais hidrelétricas ao longo da bacia, o governo federal se matem firme no propósito de trancar o rio Tocantins e seus afluentes com novas hidrelétricas.

O juiz Newton Pereira quer “provas concretas” dos impactos do eucalipto para a bacia do rio Parnaíba. Tudo bem para o judiciário que não sabe o que é bacia hidrográfica e o que é impacto regional.

Mayron Régis, Assessor do Fórum Carajás e articulista do EcoDebate.

EcoDebate, 19/07/2010

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2 thoughts on “Suzano Papel e Celulose e o impacto na bacia do rio Parnaiba, artigo de Mayron Régis

  • Mais uma “lambança” semelhante àquela feita pela Syngenta.
    Agora seria “necessario” saber pela SUZANO qual o produto utilizado pela limpeza dos plantios de eucaliptus. Se for o U46 ou o NUFARM 2,4-D ou semelhantes “manipulado” com o produto 2,5-T toda a àrea atingida pelo veneno chamado “Agente Laranja”
    ( quer dizer 2,4-D + 2,5-T )
    deveria ser interditada, toda produçao destruida em fornos especìficos para destruir as DIOXINAS que se formam na queima e tambèem aquelas que estariam no papelo “esbranqueado” utilizando outra vez as mesmas componentes 2,4-D e 2,5-T.
    Por que a NUFARM se recusa a fornecer a formula quìmica dos componentes Registradas e Patenteadas sendo “SEGREDO COMERCIAL”? Que tal este problema ser debatido na Campanha Eleitoral atravès destas perguntas feitas aos 3 Presidenciàveis? Em particular parta Marina Silva, ex-ministro do Meio-Ambiente do Governo Lula lembrando para ela o que aconteceu e està ainda acontecendo na TERRA DO MEIO no PARA’?

  • Parabèns para o articulista. Que tal lembrar que em Tucuruì o entao Presidente da CAPEMI
    ( filho do entao Presidente Joao Figueiredo de quem nao lembro o nome) queria se utilizar de acerca de 10 toneladas de “Agente Laranja” “contrabandeado dos Estados Unidos” para DESMATAR a àrea do futuro lago de TCUCURUI ( estamos nos anos 1983/1984. Ainda bem que este veneno às DIOXINAS nao foi utilizado. Porèm “sumiu do mapa” e “jogado no lago” ainda nos tambores vindos dos EUA.
    Serà que foi assim? Ou nao teria ficado “disponìvel” em alguma fàbrica de agrotòxicos destinado ao “desmatamento” do Sul do Parà, “encontrado” casualmente pelo IBAMA e ANVISA e nunca analisado em laboratòrio espècifico para ver se o “corpo do delito” nao continha 2,4-D + 2,5-T?
    Mais uma pergunta para os Presidenciàveis nos debates deles perguntando o que irao fazer quando “viesse a tona”
    que se trata do “Agente Laranja”?

Fechado para comentários.