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Artigo

A hipocrisia da simples ‘neutralização’ de carbono, artigo de Newton Figueiredo

[EcoDebate] Muitas empresas têm encontrado o fácil caminho da plantação de mudas de árvores, que levarão 20 anos para seqüestrar carbono, para tentar convencer os consumidores de que já compensaram seus pecados poluidores e que estão, novamente, livres e “zeradas” para continuarem poluindo. Na propaganda televisiva, até detergente virava uma gigante árvore, instantaneamente, na frente de um espectador infantil que não crescia. Era a lenda da semente de feijão reinventada.

Carbono neutro, carbono zero, carbon free são termos cada vez mais frequentes nas propagandas no nosso dia-a-dia. Recentemente, uma empresa de estacionamento publicou um anúncio onde em um pátio totalmente asfaltado e impermeável crescia, por força de um artifício de algum programa de computador, uma frondosa árvore e a empresa anunciava que estava livre de emissões de carbono. Ora, a impermeabilidade do terreno faz muito mal à cidade estimulando o aquecimento e o transbordamento de rios.

Será essa uma linguagem responsável de comunicação? Será que se pode “enganar tantos por tanto tempo”? Cabe refletirmos a respeito, pois num primeiro momento, pode-se entender que a atitude reflete uma preocupação ambiental, mas a verdade é que, muitas vezes, não passa de “greenwashing”, a tal da maquiagem verde que ou é propaganda enganosa ou é falsidade ideológica.

Essas empresas ao buscarem transmitir uma imagem de responsabilidade socioambiental estão montando uma bomba relógio contra si próprias. Estimular simplesmente a compensação, em 20 anos, de suas emissões, muitas vezes por força de ineficiências em seus processos e atitudes, não contribui de forma eficaz para resolver os problemas ambientais que temos e teremos.

As empresas precisam demonstrar de forma genuína e verdadeira que desenvolvem ações para que seus fornecedores, sua produção e sua distribuição sejam sustentáveis, e mais, que seus produtos e serviços são sustentáveis. Não existirão empresas sustentáveis se seus produtos e serviços não forem sustentáveis.

Apenas plantar árvores que levarão 20 anos para crescer e absorver carbono não é uma solução eficiente de valorização consistente de marca e nem de contribuição efetiva para um mundo melhor, por mais que muitos ainda possam ficar na ilusão de estarem com as “consciências limpas” mas entregando produtos e serviços não sustentáveis para consumidores cada vez mais conscientes e seletivos.

Newton Figueiredo é Fundador e Presidente do Grupo SustentaX.

* Colaboração de Janaína S. e Silva para o EcoDebate, 22/02/2010

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3 thoughts on “A hipocrisia da simples ‘neutralização’ de carbono, artigo de Newton Figueiredo

  • Senhor Newton,

    texto irresponsável e generalista. Suas afirmações são óbvias e seus argumentos sem embasamento algum. A compensação de emissões de GEE é, como o nome já diz, apenas uma compensação. De nenhuma forma, quem trabalha com isso (seriamente) acredita que este seja um fim, mas sim apenas uma parte de tudo que pode e deve ser feito. Concordo que muitas empresas utilizam estes selos de forma absurda, mas isto (infelizmente) ainda faz parte do merketing corporativo.
    a mudança vem com alteraçções de comportamento em todas as instâncias da sociedade.
    Se um restauro florestal de mata nativa for bem feito, ele pode sim contribuir para um “mundo melhor”, como você, infantilmente, diz.
    Outra coisa, não utilize o termo “sustentável” de uma forma tão leviana. Você contribui para a banalização do termo. Precisamos de artigos mais inteligentes e que contribuam para ações melhores no futuro.

    Um abraço,
    Lucas Pereira

  • Caro Lucas,

    Obrigado por seu comentário. Como você mesmo diz, “…muitas empresas utilizam estes selos de forma absurda, mas isto (infelizmente) ainda faz parte do merketing corporativo.” Nós não podemos aceitar essas atitudes irresponsáveis nem sermos coniventes com elas. As empresas responsáveis que efetivamente buscam a sustentabilidade em suas atitudes têm a ética como balizador máximo de sua comunicação com os consumidores. Não podemos ficar passivos diante de tanta maquiagem verde, propaganda enganosa e falsidade ideológica. Cabe às empresas sérias que estão no mercado de quantificação e compensação de Gases de Efeito Estufa ajudar seus clientes a terem uma comunicação ética e responsável. É responsabilidade dessas empresas ajudar as áreas de marketing a estabelecer uma linguagem que passe ao público a verdadeira ação positiva que se está desenvolvendo, sob pena de estarem sendo omissos e, portanto, também serem arrolados em ações de crimes de falsidade ideológica e de propaganda enganosa.

    O artigo trata, exclusivamente, da mal prática de simplesmente plantar mudas e espalhar pelo mundo que está “neutralizado” sem ao menos buscar eliminar suas ineficiências produtivas e operacionais. Não há dúvida que existem trabalhos sérios de descarbonização seguidos de compensações e comunicação correta do que se fez.

    Recomendo a leitura do Guia SustentaX para Comunicação Responsável com o Consumidor, disponível em http://WWW.SeloSustentaX.com.br.

    Abraço,

    Newton Figueiredo

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