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Brasil tem 40 milhões de moradores em áreas de risco, diz Roberto Smeraldi, diretor da ONG Amigos da Terra

Brasil tem 40 milhões de moradores em áreas de risco, diz Roberto Smeraldi, diretor da ONG Amigos da Terra

Brasil tem 40 milhões em áreas de risco, diz diretor de ONG
Tragédias como a que matou pelo menos 52 pessoas em Angra dos Reis no início deste ano poderiam ter acontecido em milhares de outras regiões, arriscando as vidas de 40 milhões de moradores mais a daqueles que passam por perto, disse em entrevista ao UOL Notícias o diretor da ONG Amigos da Terra, Roberto Smeraldi.

“Essa estimativa que temos mostra crescimento frequente nas diferentes regiões do país, porque o poder público não investe para conter essas invasões e não retira quem já está lá por causa dos altos custos dessa operação. O risco não está apenas em encostas. São rios, várzeas e outros tipos de áreas onde não deveria haver residências. Mas vão crescem, à espera de problemas como o de Angra”, afirmou Smeraldi.

Ele afirma que o poder público se omite há décadas em todos os níveis porque minimiza os impactos ambientais ao conceder permissões a empresas e grandes empreendimentos que atraem grandes fluxos migratórios a locais sem estrutura. Autoridades de Angra dos Reis e do governo do Rio de Janeiro atribuíram à migração e à ocupação desordenada da cidade do litoral sul do Estado. Reportagem de Maurício Savarese, enviado especial do UOL Notícias, em Angra dos Reis (RJ).

“Aqui você não pode dirigir carro sem licença, mas ter empreendimento sem licença tudo bem”, disse Smeraldi. “É por essa omissão das autoridades que temos tanta gente nessas áreas de risco. E isso só vai mudar quando houver investimento expressivo em realocação de moradias e de atividades econômicas. O custo disso é sempre alto, é sempre na casa dos bilhões quando falamos de dezenas de milhares de pessoas. Por isso as autoridades vão fazendo vistas grossas.”

A Defesa Civil da cidade avalia que até 800 moradias em áreas de risco podem ser interditadas por conta dos deslizamentos em 1º de janeiro. Com isso, pelo menos 3,2 mil pessoas teriam prejuízos graves. A Secretaria de Meio Ambiente do governo fluminense estima que até 3 mil imóveis, entre residências, comércios e outras instalações, seriam fechados em toda a cidade.

Manual da prevenção
Smeraldi diz que a maioria das cidades brasileiras não faz trabalhos básicos de prevenção para evitar a ocupação de áreas de risco. Falta de comunicação, preguiça ou corrupção na administração pública concluem o quadro que desembocam em grandes tragédias, como as dos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul na primeira semana deste ano.

“O primeiro passo de prevenção nesse assunto é uma avaliação ambiental estratégica, para saber quantas pessoas virão se instalar ali. Muitas empresas acham que impacto ambiental a medir é só algo direto. Não pensam na migração, que aquela gente vai precisar de hospital, de moradia e que isso também gera efeitos”, disse.

“Além disso os municípios continuam permitindo atividades sem licenciamento. Às vezes porque o órgão municipal não conversou com o estadual, porque a prefeitura não quer perder receita ou por corrupção mesmo. E quem trabalha nesses lugares ilegais se instala perto, em lugares onde também não há licença ambiental.”

Smeraldi avalia que apesar de ter ganhado relevância nas últimas décadas, o meio-ambiente continua sendo visto como questão menor para o poder público. “Acham que é questão menor. Acham que é questão de borboleta, de sapo ameaçado. Essas chuvas pesadas matando tanta gente e mostrando tanto prejuízo mostram que não é.”

EcoDebate, 08/01/2010

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