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Artigo

Segura a peteca, Minc! artigo de Tomás Togni Tarqüinio

[EcoDebate] Chega às raias o desprezo a desenvoltura e o descaso com o qual governos e grupos políticos tratam, tanto as questões, quanto as propostas de desenvolvimento levantadas pela Ecologia Política. Não se trata de uma atitude restrita ao atual governo brasileiro. É mais bem uma prática trivial observável na maioria dos países. As instituições ambientais existem para dourar a pílula. Elas servem para caucionar o modelo de desenvolvimento convencional predatório com uma chancela de respeitabilidade ambiental. A maioria das ações empreendidas ainda resta na superfície, não indo ao cerne da questão ecológica.

No caso brasileiro, a lista de menosprezos é longa. Basta lembrar-se das entorses feitas a CTNBio com o objetivo de liberar transgênicos sem nenhuma respeito ao principio de precaução, particularmente no tocante às espécies endêmicas e rústicas. A transposição do São Francisco, cara e desnecessária, em detrimento de outras soluções e a despeito de experiências semelhantes fracassadas em outros países. Descaso com o investimento na melhoria da eficiência energética e na promoção das energias limpas, mas prioridade dada ao termo-nuclear caríssimo, à construção de hidroelétricas na selva e aos incentivos a termo-elétricas. O desrespeito à decisão do CONAMA de reduzir o teor de enxofre no diesel a partir de 2009, sem falar na continuidade do desmatamento em grande escala, que poderá ser facilitado com a mudança do código florestal. Outras pendências aguardam soluções: política de resíduos sólidos, redução da contaminação por mercúrio, ausência de um Plano Nacional de Contingência de derramamento de óleo, além de medidas de segurança química.

Como se não bastassem os sapos já ingurgitados pelos defensores do desenvolvimento sustentável, inclusive pela ex-ministra Marina Silva, os partidários do desenvolvimento convencional pretendem enfiar goela abaixo do movimento verde mais um mega batráquio: fixar em 20% a meta de redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE) a ser proposta pelo Brasil na Cúpula de Copenhague.

O ministro Carlos Minc tem razão de defender uma meta de redução dos GEE da ordem de 40%. Trata-se de meta exeqüível e necessária, com evidentes dificuldades, desde que concentremos esforços em outro modelo de desenvolvimento, fato que exige, inclusive, mudanças culturais e abandono do produtivismo a qualquer preço. A crise ecológica e econômica nos conduz a procura de soluções inovadoras, tais como reduzir as distâncias de transporte, de modo a aproximar a esfera da produção da esfera do consumo, fato que obrigará a diversificação das atividades econômicas. Mas também descarbonizar a sociedade, dar prioridades as energias limpas, praticar agricultura biológica, entre tantas ações possíveis e outras que ainda fazem apelo à imaginação. Um enorme desafio.

* Colaboração de Tomás Togni Tarqüinio , Antropólogo e ecologista, para o EcoDebate, 06/11/2009

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2 thoughts on “Segura a peteca, Minc! artigo de Tomás Togni Tarqüinio

  • A verdade é que os políticos, empresários e ruralistas desperdiçam enrgia demais tentando manter o status quo. Ninguém quer mudar nada…É a Era da estupidez!

    “…os ricos acabaram descobrindo que compraram para si o privilégio de serem os últimos a morrer de fome”.
    Jared Diamond – Colapso

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