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Sertanista e liderança indígena vão a Brasília discutir situação dos índios isolados

O sertanista e coordenador da Frente de Proteção Etnoambiental do Rio Envira (FPERE), José Carlos Meirelles, viajou a Brasília no dia 08 de junho, acompanhado de Nilson Sabóia Kaxinawá, liderança do povo Huni Kui (Kaxinawá) do rio Humaitá. Eles foram reunir com o presidente da Fundação Nacional do Índio (FUNAI), Márcio Meira, e o coordenador geral dos índios isolados, Elias Biggio, para tratar da situação dos povos em isolamento que habitam o Estado e da relação destes com outros povos vizinhos.

Meirelles levou consigo o documento final da 1ª Oficina de Informação e Sensibilização sobre os Povos Isolados, realizada no mês de maio na Terra Indígena (TI) Kaxinawá do Rio Humaitá, onde se discutiu com os Huni Kui a questão referente aos isolados. No documento constam diversas propostas visando a resolução dos conflitos que vem ocorrendo entre os índios em isolamento e os contatados.

Morador da Aldeia São Vicente, localizada na terra indígena onde aconteceu a oficina, Nilson Sabóia também foi a Brasília representar o seu povo. Os Huni Kui da região afirmam encontrar cada vez mais vestígios dos isolados nas proximidades das aldeias. De acordo com eles, há vários anos objetos vem sendo roubados por esses índios.

Oficina sobre os isolados – A 1ª Oficina de Informação e Sensibilização sobre os Povos Isolados aconteceu entre os dias 12 e 21 de maio. O evento, realizado pela Comissão Pró-Índio do Acre (CPI/AC) em parceria com a FPERE e o Governo do Acre, foi destinado às lideranças e representantes das cinco aldeias Kaxinawá presentes no território.

Teve como objetivo informar o que vem acontecendo aos povos isolados; mostrar aos Huni Kui as políticas de proteção a esses índios; e firmar um acordo com as lideranças das aldeias para que participem do processo de proteção e tenham conhecimento das ações desenvolvidas pelos órgãos oficiais.

Ao final do evento, foi formulada uma proposta de trabalho a ser realizada pela FUNAI juntamente ao Governo do Estado. Este documento propõe destinar cerca de 1/3 da TI Kaxinawá do Rio Humaitá aos povos isolados; capacitar os Huni Kui? em atividades indigenistas para que possam desenvolver um trabalho de proteção a esses índios; criar postos de vigilância com aparelhos de comunicação para fiscalizar o movimento dos isolados e possíveis invasões de madeireiros; incluir a participação dos Huni Kui nas ações e debates que envolvam os vizinhos isolados; entre outras medidas.

“Vamos levar essas propostas à FUNAI para podermos realizá-las”, afirma José Carlos Meirelles. De acordo com ele, esta foi a primeira de uma série de oficinas junto aos isolados. “Acho legal todo mundo participar, inclusive os índios que moram próximos das áreas habitadas pelos isolados. Isso tudo serviu para termos uma visão geral do que eles pensam sobre o assunto.

Este evento esteve inserido no projeto Fortalecimento dos Povos Indígenas e Conservação da Biodiversidade na Fronteira Acre/Brasil – Peru, desenvolvido pela CPI/AC e apoiado pela Rainforest Foundation da Noruega. No âmbito deste projeto e de um convênio celebrado entre FUNAI e Governo do Estado está prevista a realização de mais oficinas sobre o assunto para os outros povos indígenas e não indígenas próximos dos isolados.

O porquê do problema – As obras de infra-estrutura e explorações na fronteira Brasil/Peru, como a extração de madeira, petróleo e gás no Peru, asfaltamento de rodovias, entre outras atividades, têm causado impactos aos territórios dos índios isolados que vivem nessas áreas. Isso tem provocado uma constante migração desses povos, que adentram cada vez mais para o lado brasileiro, onde várias terras indígenas, localizadas no Acre, estão demarcadas e habitadas por outros índios. Assim, poderão se intensificar os conflitos entre esses povos.

Reportagem da Comissão Pró-Índio do Acre, CPI/AC, publicada pelo EcoDebate, 17/06/2009

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One thought on “Sertanista e liderança indígena vão a Brasília discutir situação dos índios isolados

  • Geralda Chaves Soares

    E pensar que aqui em Minas -Rio Doce,Jequitinhonha e Mucuri,Rio Pardo e sul da Bahia este cenário já aconteceu no seculo XIX.Parece que foi ontem que o “progresso a qualquer preço” saiu dos gabinetes! E é tão antigo!
    Agora os povos indígenas destas regiões tem que sofrer de novo o impacto da monocultura de eucalipto,a estração do granito,as minas de ferro,de litio,e tantas outras além das hidrelétricas!
    Seria tão bom produzr alimentos para a vida dos povos,fazer florestas de alimentos dentro das matas!
    .Será que já estão pensando em produzir sopa de folha de eucalipto?Onde vai a agricultura familiar tão falada?

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