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Queimadas no Acre: Governo e órgãos ambientais rejeitam proposta do Ministério Público

Queimada na Amazônia, em foto de arquivo
Queimada na Amazônia, em foto de arquivo

Justiça Federal aguardará por mais 30 dias proposta de acordo por parte do poder público

A audiência de justificação convocada pela Justiça Federal para conhecer as razões das partes envolvidas na Ação Civil Pública (ACP) movida pelo Ministério Público Federal no Acre (MPF/AC) e pelo Ministério Público Estadual do Acre (MPE/AC) para tentar extinguir o uso do fogo como instrumento de plantio, bem como exigir que o poder público disponibilize condições para que os trabalhadores rurais possam sobreviver sem fazer uso das queimadas, terminou sem acordo nesta quinta-feira (30).

Mesmo com a apresentação, por parte do Ministério Público, de uma proposta mais flexível, e que levava em conta as propostas apresentadas pelos representantes dos trabalhadores rurais, o Governo do Acre, bem como as prefeituras dos Municípios acreanos e os representantes dos órgãos ambientais requeridos na ação, não aceitaram as condições propostas pelos trabalhadores rurais e pelo Ministério Público e optaram por dar continuidade à ação judicial.

Na proposta de acordo, o MPF e o MPE incorporaram o período de transição de três anos proposto pelos trabalhadores rurais para que houvesse a proibição total das queimadas. Além disso, a proibição total ficaria condicionada à avaliação judicial, instruída a partir de audiências públicas realizadas nos municípios e desde que houvesse cumprimento das medidas de assistência técnica e material impostas, tal como sugerido pelos produtores rurais.

Além disso, foi dada ênfase aos pedidos para que o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama), o Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e o Governo do Acre e municípios efetivem a assistência técnica e material aos produtores rurais, inclusive assentados pelo Incra, implementando ações de educação ambiental e capacitação técnica possibilitando gerenciamento eficiente das propriedades. A proposta é para que estas ações atinjam dois hectares por família ou propriedade, possibilitando a continuidade das atividades de subsistência.

Pela proposta apresentada, o Governo do Acre deveria assumir a responsabilidade de disponibilizar um trator de esteira para cada 500 famílias de produtores rurais, e um trator de grade para cada 200 famílias, custeando a operação e a manutenção destes equipamentos. Para comprovar o cumprimento deste item do acordo, o poder público poderia contabilizar equipamentos que porventura já estivessem à disposição das famílias por meio de programas de incentivo à mecanização agrícola.

Os insumos e demais produtos necessários à aplicação das técnicas alternativas ao uso do fogo também deveriam ser oferecidos aos pequenos produtores, bem como a capacitação para utilização correta destes, possibilitando a substituição das técnicas no prazo proposto, ou seja, até o ano de 2012.

Ainda nos termos do que foi proposto pelo MP, a efetivação das ações poderia ser implementada em escala de 25% ao ano, totalizando 100% do atendimento aos pedidos apenas em 2012, devendo o cumprimento das etapas ser apresentadas em relatórios anuais que seriam apresentados também aos trabalhadores em cada município para que estes atestassem o cumprimento do pedido.

Segundo os representantes dos trabalhadores presentes na audiência, o Estado já tem as políticas públicas formatadas, mas precisa efetivar as ações em favor das famílias rurais. Manoel Lima, representante da Central Única dos Trabalhadores (CUT), afirmou que a proposta apresentada pelo Ministério Público atendia completamente os anseios dos produtores rurais.

Novas audiências – Apesar de não se ter chegado a um acordo, as partes envolvidas comprometeram-se a realizar audiências públicas, sendo a primeira dia 08 de Maio às 09h na Justiça Federal, a fim de que, em 30 dias, os réus possam apresentar proposta concreta alternativa à ofertada pelo Ministério Público. Se não houver acordo nesse prazo, decidirá a Justiça Federal.

MPF AC

[EcoDebate, 08/05/2009]

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